terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Veni Creator


Dezembro chuvoso faz renascer a vontade de revisitar lugares e Lisboa continua a surpreender-nos. Da Sé ficou a bela fotografia de um espaço propício ao recolhimento e à oração...e por que não ao canto gregoriano?

Sé de Lisboa

Sé de Lisboa, Francisco Mendes (Galeria pública in Olhares)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Todos fazemos História

Rui Fonseca, Nascer do Sol

Aprendi que, na vida, todos precisamos de todos, do mais humilde ao herói. É esta expressão solidária que dá sentido à nossa existência como pessoas. Independentemente de ideologias...

Num poema sobejamente conhecido, B. Brecht apela à reflexão acerca da História. Dos homens que "actuam" no palco do tempo e da "escrita" (historiografia) que os observadores fazem! Vale a pena ler...


"Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras?
E Babilónia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a edificaram?

No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
quem os erigiu? Quem eram
aqueles que foram vencidos pelos césares?

Bizâncio, tão famosa, tinha somente palácios para seus moradores?
Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados
continuaram a dar ordens a seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro?
Filipe de Espanha chorou quando sua frota
naufragou. Foi o único a chorar?

Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos. Quem
partilhou da vitória?

A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes comemorativos? A cada dez anos
um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas informações.
Tantas questões."

Bertold Brecht

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sensibilidade e sensibilidades

Maria Helena Vieira da Silva, Biblioteca (1949)

Por este tempo as emoções andam à flor da pele. É assim o Natal, uma época marcada por manifestações de afectividade em relação à família, aos amigos e aos mais desfavorecidos. Trocam-se mensagens e presentes, fazem-se visitas ou oferece-se "tempo" em benefício dos outros. Voluntariado solidário que as imagens televisivas reportam, embora nem todos lhe dêem a devida atenção.

O crescimento das organizações de solidariedade comprova a imensa generosidade dos portugueses que, apesar da crise, não esquecem o próximo. Verificando um aumento da participação dos jovens nestes actos sou levada a concluir que nem tudo está perdido. E isto acontece por efeito de uma educação que começa logo desde os primeiros anos, resultado da preocupação dos pais em educar a sensibilidade da criança que assim desenvolve a inteligência e os afectos em relação aos outros e a tudo o que a rodeia. Começa aí a educação da sensibilidade para uma aprendizagem cognitiva e de valores que a criança pouco a pouco vai interiorizando ao longo do percurso escolar.

Este parece ser o caminho para a formação de homens e mulheres de bem com a vida e que, apesar da pressão da vida profissional, ainda encontram tempo disponível para o voluntariado. Conheço alguns casos, o que me deixa optimista, acreditando num mundo melhor...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Invenções que mudaram as nossas vidas...

Trenó
O mau tempo que assolou parte do Oeste não só afectou as infra-estruturas e sectores económicos da região, mas também o dia a dia dos habitantes. Luz, aquecimento, sistema de refrigeração, rede de abastecimento de água... tudo, tudo dependente da electricidade que colapsou neste apagão que tarda a ser resolvido.

Pensava neste domínio avassalador dos efeitos do progresso quando deparei com um artigo na Única, intitulado "50 invenções que mudaram as nossas vidas". Enumeração exaustiva, mais ou menos consensual, que passo a citar.

1. Roda, 8000-6400 A. C. ; 2 Preservativo, 1000 A.C.; 3. Óculos, 1265; 4. Relógio Mecânico, 1280, 5. Livro Impresso, 1455; 6. Automóvel, 1769; 7. Vacina, 1796; 8. Pilha, 1799; 9. Frigorífico, 1805; 10. Câmara Fotográfica, 1826; 11. Telefone, 1876; 12. Lâmpada Eléctrica, 1879; 13. Rádio, 1895; 14.Cinema, 1895; 15. Aspirina, 1899; 16. Avião, 1903; 17. Televisão, 1925; 18. Computador, 1946; 19. Pílula Contraceptiva, 1951; 20. Satélite Artificial, 1957; 21. Laser, 1958; 22. Microchip, 1958; 22. Código de Barras, 1973; 24, Internet, 1983; 25. SMS, 1992.

O citado artigo faz acompanhar estas invenções de uma nota explicativa, seguindo depois a lista restante. Vale a pena referi-los: 26. Papel, 150 a.C; 27. Bússola, 1190; 28. Escova de dentes, 1498; 29. Microscópio, 1590; 30. Telescópio, 1608; 31. Pára-quedas, 1783; 32. Selo, 1837, 33. Motor de Explosão interna, 1859; 34. Bicicleta, 1861; 35. Raios X, 1895; 36. Fecho éclair, 1914; 37. Penso-rápido, 1920; 38. Foguetão espacial, 1926; 39. Penicilina, 1928; 40. Radar, 1935; 41. Forno-micro-ondas, 1946; 42. Pacemaker, 1950; 43. Airbag, 1953; 44. Robot, 1956; 45. Cabo de Fibra óptica, 1966; 46. Caixa Electrónica (Multibanco), 47. E-mail, 1971; 48. Telemóvel, 1973; 49. Computador portátil, 1981; 50. iPod, 2001.

A aceleração do número de inventos é directamente proporcional à passagem do tempo. E isto, porque a História ensina-nos que nenhum progresso seria possível sem assimilar, desenvolver e aplicar conhecimentos anteriores. Considere-se o caso da roda e na multiplicidade de aplicações, o mesmo se dirá de qualquer outra invenção. Encadeado percurso que, por este tempo de Natal, podemos exercitar com as crianças. A título de exemplo, veja-se a importância do fabrico do papel e da imprensa e...o consequente progresso dessas aquisições até aos dias de hoje e aos SMS tão utilizados pelos jovens.. Experimentem, porque este será um tema inesgotável de conversa...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Sin pan, sin lumbre


Nesta tarde fria fui transportada à Guerra Civil de Espanha (1936-39) por culpa de um programa da TVE. Memória de um tempo de penúria que, durante as décadas de 1940-50, lançou os espanhóis num quotidiano de miséria ilimitada.
Ao contrário das promessas do regime franquista, vivia-se em condições penosas "sem pão e sem aquecimento". Muitos querem que esse seja um tempo de "olvido", mas já a consciência histórica recusa esquecer. Em nome de um nacionalismo de autarcia sacrificou-se o povo que, em situação sub-humana, inventou meios e recorreu a uma "cozinha criativa" para enganar a fome. O passado desses homens e mulheres cruza-se com o testemunho de alguns portugueses da raia que também colaboraram com nuestros hermanos.

A peça televisiva apresentou as duas faces deste "comércio" na fronteira entre Trás-os-Montes e a Galiza, depoimentos de dois homens que assim souberam lutar e dar a volta à vida. Este é um entre muitos casos de contrabando de que guardo ainda velhas lembranças na década de 1950 quando aparecia um espanhol a vender perfumes...Maderas de Oriente e lenços de seda.
Entretanto, os tempos evoluíram. A guerra fria trouxe a "ajuda" dos Estados Unidos, em troca de acordos militares, e Franco abriu as portas à liberalização da economia. A Espanha desenvolvia-se: os os turistas afluíram em grande número e os portugueses fizeram dessas passagens para o "lado de lá" as suas viagens ao estrangeiro. Os preços e a variedade de produtos compensavam e para mais ainda havia caramelos da V. Solano e coca cola!.

Mas o contrabando haveria de continuar e, por vezes, por ridicularias pagavam-se direitos alfandegários. Outros tempos!