segunda-feira, 30 de maio de 2011

Generosidade e voluntariado em Portugal

Não me canso de aplaudir a generosidade dos portugueses. Mais uma vez, o último fim de semana registou a mobilização de milhares de voluntários na campanha do Banco Alimentar. Desse número imenso de sacos distribuídos à entrada dos supermercados resultou uma colecta de géneros que superou a do ano passado. Alegremo-nos por isso.


Quando as causas merecem, o povo colabora. Basta um apelo sentido à solidariedade, tal como o da dirigente do Banco Alimentar contra a Fome. Começa aí a generosidade que a todos toca e arrasta. Pode-se dizer que o voluntariado é uma questão de cidadania que a todos respeita:inicia-se na família, educa-se na escola e continua-se ao longo da vida. Entendendo-se esse serviço de forma disciplinada e profissional em múltiplas vertentes...


Em tempos de crise aumenta a necessidade e cresce também esse espírito de gratuitidade em prol da comunidade. E dá que pensar como o esforço individual pode multiplicar-se por milhões. Dou o exemplo das eleições gerais do próximo domingo, as quais ascendem em 8 milhões de euros só com as pessoas recrutadas para as assembleias de voto. Não seria de considerar esse serviço como um acto voluntário? Essa participação é um dever de cidadania e, em meu entender, gratuito. Assim acontecia até há poucos anos!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Feijão verde de Marrocos

Mais um produto importado, desta vez feijão verde de Marrocos. Depois dos alhos da China, o feijão verde marroquino. Bem acondicionado em caixas de cartão, chega refrigerado aos pontos de venda, mas sem grande duração na caixa do nosso frigorífico.

Este é mais um caso lamentável do estado da nossa agricultura. Se seguirmos o conselho que circula por correio electrónico, devemos dizer não aos produtos estrangeiros. Mais baratos, mas quanto à qualidade uma incógnita. Que práticas utilizam estes nossos parceiros comerciais? Quais os químicos utilizados na cultura? E que processos seguem na conservação?

Existem fortes motivos para a desconfiança. Ainda há poucos dias todo o mundo ficou a saber qual o mistério da cultura das melancias na China: grandes e bonitas, primeiro e, depois, rebentadas. Tão simples: o peso das hormonas de crescimento não resistiu à chuva...

Portugal tem capacidade para responder à procura de bens hortícolas tão comuns. Mas para isso é preciso derrubar os obstáculos que sofrem os produtores, a começar pelos canais de comercialização.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

"Aminão", um neologismo curioso

Sempre ouvi dizer que as épocas de crise alimentam a criatividade. Exemplifico com um neologismo: Aminão, atribuído àquele que cresceu e vive à sombra do Estado. Posiciona-se ao lado do poder mas, sendo dotado de uma enorme capacidade de adaptação, muda sempre que antevê uma reviravolta política. Essa prudência camaleónica suscita o apoio entusiástico a todas as medidas restritivas, desde que isso não colida com os seus interesses pessoais. Assim se explica a composição da palavra Ami(m)não. Mais ainda: nele existe uma particular inclinação para o comentário político. Escreve nos jornais e opina na rádio e na televisão. Pressiona e determina a opinião pública, mas escusa-se ao compromisso e acção...



Do perfeito Aminão, tal como se descreve no Expresso de 14 de Maio, transcrevo um excerto da autoria do jornalista João Vieira Pereira.



"Os Aminão" são muito populares em Portugal. Possuem um elevado poder negocial fruto do mediatismo, da capacidade de lóbi ou do corporativismo. Nesta categoria caem por exemplo os gestores das maiores empresas públicas ou semipúblicas, ex-políticos (de preferência ex-ministros ) que se dedicam a gora a actividades privadas. Mas também classes inteiras como magistrados, professores ou médicos. São uma presença frequente nas televisões, jornais e rádios. O "Aminão" opina sobre o futuro do país, sobre os caminhos a seguir, os sacrifícios que são necessários fazer. Defende um Estado mais eficiente, menos gastador, com menos gente, redução das pensões, menos protecção social para os desempregados, o fim dos direitos adquiridos.


Mas a principal característica do "Aminão" é a sua capacidade camaleónica de se ajustar e fazer valer os seus ionteresses.(...)


Os "Aminão" são uma das maiores forças de bloqueio à mudança ao minarem a capacidade de se fazer reformas em Portugal. E só pensam numa coisa: "Os sacrifícios a mim não me tocam". Querem uma verdadeira medida reformista para Portugal? Acabe-se com os "Aminão".




quarta-feira, 18 de maio de 2011

Rosa de Hiroxima




Lembrando Vinicius e a sua sensibilidade...

sábado, 14 de maio de 2011

Como a Guidinha retratava Portugal em 1973...


















Para quem esqueceu o significado de 1973, o ano do choque petrolífero e do agravamento das condições de vida. Tempos difíceis que precederam o 25 de Abril. Para muitos de nós ainda ainda permanece viva a memória das horas passadas nas filas para a gasolina, um bem escasso e cujo preço "subiu muito". O litro rondava mais ou menos 2,5 ou 3 escudos; um valor próximo dos actuais 15 cêntimos!!
A sátira fintava a censura e Luís Sttau Monteiro sabia como. Pelas redacções da Guidinha que o Diário de Lisboa publicava no suplemento, A Mosca, passava muito do quotidiano da época. Para sorrir e reflectir...

" Buff que estou mesmo a cair de cansaço logo de manhã a minha mãe mandou.me para a bicha do leite e quando cheguei a casa e disse que tinha lá estado mas que não tinha conseguido leite mandou-me para a bicha do bacalhau ia a dar-me uma estalada mas o meu primo Manel do Mercedes não deixou e disse que era verdade porque ele de manhã tinha estado na bicha da gasolina e também não tinha conseguido gasolina estávamos nesta conversa e o meu pai chegou a casa e todo baforido (...) disse que era preciso comprar arroz porque ia subir de preço e o meu primo disse logo que o óleo e o azeite também iam subir e a minha mãe vestiu o casaco para ir à rua comprar estas coisas e pediu dinheiro ao meu pai e ele rapou da carteira e deu-lhe vinte escudos para asa compras ora toda a gente sabe que que agora com vinte escudos não se compra nada de maneira que a minha mãe teve de despir o casaco outra vez a choramingar muito triste por não poder encher a despensa mas lá que ela é esperta isso é no meio da choraminguice meteu os vinte escudos no bolso como quem não quer a coisa e se o meu pai não a tivesse visto ainda a esta hora lá estavam mas ele é que não é parvo nenhum de maneira que daí a dez minutos foi à cozinha perguntar pelos vinte escudos e ela teve de lhes dizer adeus coitada cá em casa há uma contabilidade bestial ninguém vai em golpadas é o vais! Quem anda contente com a falta de gasolina é o meu pai esse anda a dizer que vão ser obrigados a não deixar as pessoas passear ao domingo e que o resultado disso vai ser as pessoas não poderem ir ao futebol e eles não terem outro remédio senão porem os jogos na televisão o que é bom para quem não tem carro nem pilim que é o caso dele (...) cá na Graça há uma que arma a dizer que tem todo o bacalhau que quer porque conhece um senhor que conhece um outro que é primo dum outro enfim uma bicha de conhecimentos que nunca mais acaba para compar um rabito de bacalhau! cá na Graça as pessoas armam a dizer que têm o que falta às outras é uma maneira bestialmente estúpida de armar mas as pessoas são assim mesmo e não há nada a fazer senão aguentar adeus vou para a bicha do sabão que anda para aí gente a dizer que vai subir."



Mosca, 27 de Outubro de 1973



Austeridade e políticos em Portugal


Passou há dias na Sic Notícias. Dois velhos e sábios economistas, Jacinto Nunes e Silva Lopes falavam da crise actual. Palavras sábias e ponderadas que me levaram à inevitável comparação entre estes dois ex-governantes e a maioria dos actuais políticos e gestores públicos. Daqueles colhe-se a experiência, generosidade e desapego do poder, nestes sobra a vaidade misturada com ambição e demagogia.

Motivações e críticas que visavam um sentido comum: as vias de saída deste "buraco" em que caímos. Primeira e maior preocupação: o desemprego, o de hoje e o que mais se há-de ver. E as saídas? Poucas, divisa-se muito pouco. Portugal insere-se num sistema liberal que permite as off-shores e as sociedades que, embora actuando aqui, optam pelo registo no país mais favorável sob o ponto de vista fiscal. Proliferam também as sociedades familiares, cujo regime facilita a inclusão de despesas infindas, enquanto aumenta o IRS para trabalhadores e aposentados. Naquela entrevista televisiva, falou-se ainda da injustiça na repartição tributária. E uma vez mais, Silva Lopes repetiu a necessidade de um imposto progressivo nos rendimentos. E também do apetite de tudo privatizar. Gostei de ouvir a opinião daqueles economistas, concordando ambos na necessidade de manter um serviço nacional de saúde.

Em resumo, direi que a austeridade anunciada, mas ainda não sentida verdadeiramente, devia merecer mais respeito dos políticos. Verdade sem demagogia e exemplo na contenção de vencimentos e benefícios. Só assim o povo pode aceitar os sacrifícios. De outro modo, não!

domingo, 8 de maio de 2011

Portugal, um património esquecido




Para que todos saibam: Portugal pode orgulhar-se do seu património. E isso alimenta a esperança no futuro.

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Portugal, país de acolhimento...

Longe vão os tempos de imagens como esta. Depois da grande vaga de emigração nas décadas de 50 e 60 do último século, passámos a receptores de estrangeiros que demandavam o nosso país em busca de trabalho. Muitos regressaram já às origens, enquanto os portugueses começam hoje a interrogar-se quanto à hipótese de emigrar.

Evolução cíclica da História ou destino. O certo é que Portugal foi e será sempre um país de emigrantes. Gente que se fez à luta por mar e por terra, gemendo e sofrendo para arrecadar um pecúlio bastante para um dia regressar. Alguns venceram na vida, enriqueceram e constituíram família longe da pátria. Não esqueceram, porém, a terra que os viu nascer, continuando a transmitir aos netos a língua e as tradições do país de origem. Espírito de portugalidade que ressalta em momentos especiais de alegria ou de sofrimento, tais como os grandes eventos desportivos ( particularmente de futebol) ou grandes cataclismos...

Tendo nascido com esta enorme capacidade de adaptação, os portugueses sentiram-se quase sempre bem por onde andaram. Mas, orgulhemo-nos também da boa atenção que o nosso povo presta ao "outro". Este sentido de bom acolhimento ao emigrante coloca Portugal nos lugares de topo. Alegremo-nos com esta "boa notícia", como diriam as minhas amigas do Marquesices...

Mais ainda. Portugal está não só entre os três ou quatro países no Mundo no bom acolhimento aos imigrantes, mas ocupa também uma honrosa 21ª posição entre os melhores para viver e o 14º lugar entre os melhores países para ser mãe. Para confirmar o que digo, basta uma pesquisa na Internet...

domingo, 1 de maio de 2011

Beatificação de João Paulo II




Em Roma assistimos ao reconhecimento público da santidade de João Paulo II que do Cristo da Misericódia retirou o modelo, perdoando e aceitando o sofrimento. Homem de fé e de carisma que tocava todos os que dele se aproximavam.

Imagens mil vezes repetidas, o entusiasmo popular aquando da sua primeira visita a Portugal. Visualização do trajecto em Lisboa que corresponde ao meu registo em 12 de Maio de 2010: recordação de momentos inesquecíveis...