terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Livraria Portugal encerra amanhã

A Livraria Portugal, que abriu portas em 1941, vive as últimas horas. Estive lá esta tarde e senti a tristeza e desconforto de um espaço, outrora agradável. Por entre prateleiras meio-vazias e obras empilhadas movimentam-se os últimos clientes que folheam e escolhem alguns exemplares a preço de saldo. Sensível ao ambiente, deixei-me contagiar, adquirindo uns títulos de História. No primeiro andar percorri os imensos volumes da colecção Que sais-je, o essencial de qualquer matéria: o conhecimento básico que, nos nossos dias, mudou para a pesquisa na Internet.


A Livraria, enquanto ponto de encontro de escritores e estudiosos, passou. Agora a apresentação de um novo livro assume carácter mundano, onde a formalidade e as vaidades imperam. Razões diversas originaram a decadência das velhas Livrarais da Baixa: Sá da Costa, Bertrand, Lello. "Mudam-se os tempos..." e, como tal, altera-se a feição das cidades. Compreende-se, mas isso não invalida o sentimento de nostalgia que, de certo, perpassa entre os habitués da Portugal. Motivos bastantes para marcar esse lugar privilegiado da Rua do Carmo junto ao Elevador de Santa Justa: aí será sempre a Livraria Portugal !

José Afonso, 25 anos depois...



Passaram depressa estes 25 anos. Por esse tempo, Fevereiro de 1987, andava muito ocupada com trabalho e problemas familiares, mas lembro-me bem da morte de José Afonso.
As circunstãncias do movimento do 25 de Abril guindaram-no a um lugar na História de Portugal, mas existe um outro José Afonso para recordar: o poeta e trovador de baladas simples e comoventes. Este registo de 1983 comprova a sensibilidade do Homem, cuja vontade suplantava a inclemência da doença que já lhe afectava a voz.

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2012

A criatividade no futebol

De jornais desportivos pouco leio além das primeiras páginas. No entanto, confesso que gosto de acompanhar as últimas do futebol, em particular as bem-humoradas. Se não, veja-se o rosto do jornal Record: a imagem e a legenda do marcador do único golo do Sporting que, imitando a coreografia do momento, aponta para o próximo jogo da sua equipa com o Manchester City...



A criatividade não tem limites e brincar assim só faz bem à saúde! Se as esperanças quanto ao resultado da próxima eliminatória são mínimas, temos de reconhecer que chegar a esta fase não acontece a todos. Porque os sportinguistas nunca perdem a esperança...venha o próximo ano!!

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Emagrecer com o Ministro Relvas

Entre o discurso e a obra vai uma diferença colossal. Se tivesse de escolher um paladino na causa do emagrecimento do Estado, daria o primeiro lugar a Miguel Relvas. Mas bem prega frei Tomás..., diz o povo. Ditam-se medidas de restrição e poupança para uns, enquanto outros gastam em "Coisas sem importância". Veja-se como e avalie-se a incoerência...




" O gabinete de Miguel Relvas gastou 12 mil euros na edição de um livro do qual foram feitos 100 exemplares (120 euros cada ). Chama-se "Compromissos para uma Nação Forte" e tem lá dentro o programa do executivo e um balanço dos seus primeiros cem dias, tradição dos tempos de vacas gordas. Eis um bom exemplo de poupanças nas gorduras do Estado, mesmo nas mais pequenas. Ou antes a prova de que Relvas perdeu a noção do país onde está ministro?"



Fernando Madrinha, in Expresso, 18/2/2012

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Custe o que custar...





Custe o que custar, uma frase de Passos Coelho que caíu mal. Isso não evita a vontade determinada do Governo que, salvo melhor opinião, tem feito pouco e mal. Esperei muito do novo Executivo, mas confesso que os resultados deixam muito a desejar. Impostos, venda de património nacional e aumentos de preços. Reformas, onde estão? Onde fica o combate ao desemprego?
Prosseguem as nomeações partidárias e negócios pouco transparentes dos bens do Estado. Tal como dantes, pouco acerto nas medidas tomadas. E eis que, agravando o descontentamento geral, chega a extinção da tolerância de ponto no dia de Carnaval.

Decisão tardia como se reconhece. Por isso, o povo revolta-se e as autarquias reclamam. Uma ou outra nota de recuo começa já a vislumbrar-se, porque, sacudindo a água do capote, o Governo acabará por remeter para as câmaras a última palavra. Alija responsabilidades, mas não se livra de críticas o Primeiro-Ministro que prometia saber mandar...

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Banco de Portugal, um feudo dentro do Estado

Quem pensava que os feudos tinham acabado, engana-se. Continuam vivos e prontos para durar. Falo do Banco de Portugal, exemplo de uma instituição de direito próprio, cujos corpos agem como senhores absolutos. Invocam independência do Estado para não assumirem deveres idênticos aos de outros funcionários e desculpam-se com a União Europeia para não cortarem subsídios de férias e de Natal.

Para tudo isto só há uma palavra: falta de ética e também de coragem dos partidos políticos para impor a igualdade de direitos. Quando a promiscuidade socio-política manda, nada nos espanta. Mas, em contrapartida, a Irlanda e a Espanha não tiveram problemas em exercer a igualdade de sacrifícios. Não será assim em Portugal. Aqui, uns pagam e outros beneficiam.