sábado, 27 de outubro de 2012

Seremos todos iguais?


A pergunta serve de introdução a uma notícia que levanta alguma objecção. Veja-se esta discriminação que privilegia aqueles que, de certo, não fazem parte dos mais desfavorecidos....



"A Associação Nacional de Guardas (ANAG-GNR) considerou hoje a manutenção sem restrições da utilização gratuita dos transportes públicos aos procuradores e juízes uma "medida discriminatória" em relação às forças de segurança.

A proposta do Orçamento de Estado (OE) para 2013 retira aos elementos da GNR e PSP a gratuitidade em todos os transportes públicos nas deslocações entre residência e local de trabalho até uma distância de 50 quilómetros, usufruindo apenas deste benefício quando estão em serviço.
O orçamento propõe o fim da gratuitidade nos transportes públicos para todos os funcionários públicos."


 

quarta-feira, 24 de outubro de 2012

Misere Dei


Quando o mundo parece ruir, a música  consola-nos: Misere Dei...

domingo, 14 de outubro de 2012

Assim vai o País do "bem prega frei Tomás..."






Afinal, o actual Governo sofre do mesmo mal do anterior. Henrique Monteiro esclarece e comenta a situação de como Passos Coelho e Miguel Relvas passam de impolutos a investigados...


" Todos nós sabemos como tem sido. O Estado cria um programa, sempre com a melhor intenção, e uma série de artistas da vida desatam à procura de modos de fazer dinheiro com esse programa.
Claro que o comum do cidadão não sabe da existência de tais programas. Apenas quem tem contactos na administração. É que tais programas financiados pelo Estado português para tudo e mais alguma coisa: técnicas de manicura, língua espanhola, expressão práticas de creche expressão dramática e, claro, empregados de aerodómo.
O sistema é simples.   Há um fundo europeu dsiponível; há uma entidade pública que cofinancia; há uma série de de gente desempregada ) que pretende valorizar-se e há, sobretudo e tristemente,uma série de pessoas que se aproveitam de tudo isto para ganhar bom dinheiro. Uns à descarada, outros mais comedidamente, outros, até imagino, ingenuamente.
Com esta mistura, pode começar o negócio, que apenas o é para os formadores.Não nego que para  alguns formando tenha sido uma boa aplicação de tempo, mas não creio que a maioria tenha ficado melhor depois disto e gostaria de ver um balanço bem feiro, e por uma entidade independente, que relacionasse o investimento com os resultados. Já os formadores podem ganhar umas massas, sem muito esforço. E legalmente. Ainda que, em muitos casos, imoralmente.
 Imaginem o que pensará alguém que está a utilizar dinheiro de todos nós para formar técnicos camarários para aeródromos. 1023 técnicos para uma região que só tem três aeródromos em actividade e mais seis desactivados. E que, para isso, sabe que se está a gastar 1,2  milhões de euros. Eu  pensaria que é imoral. Estou convencido que a maioria das pessoas bem formadas teria o mesmo pensamento. Não se pode gastar o que é comum de forma tão desbragada!
Mas, segundo o "Público", não foi o que pensou Miguel Relvas nem  Passos Coelho. Ambos  colaboraram neste esquema, em conjunto com amigos.
Se é ilegal ou criminoso, dirá a justiça. Por mim, apenas interrogo: é com gente assim que nos vai tirar o peso do Estado de cima e cortar na despesa?  Nem pensem! Vejam o OE..."  


Henrique Monteiro, Com Gente assim...in Expresso, 13 de Outubro 2012.

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Negócios dos nossos políticos

Já desconfiávamos que não existem  mãos limpas nestes negócios de acções de formação. Afinal,  vão todos ao "pote"!...

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

A República em Roque Gameiro


Liberdade exprime-se na ideia de República, personificada numa figura feminina que Roque Gameiro retratou com os trajes e adereços do Minho: o lenço, os brincos e cordões de ouro. O Artista, que tão bem representou os tipos populares, encontrou a imagem perfeita da "nossa Marianne" nesta minhota ..a mulher em beleza e força!  Não devemos esquecer que minhota era a Maria da Fonte!!

Nota - Devo informar que retirei esta aguarela de Alfredo Roque Gameiro .do FB, uma imagem postada por uma Amiga e familiar do Artista de Minde!.

Cavaquinho


Em contraponto à celebração deste último feriado de 5 de Outubro, que não atingiu a dignidade adequada à data, registo a sonoridade do cavaquinho numa expressão popular. Ou seja uma outra forma de comemorar a  nossa memória colectiva...

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

David, a obra e o criador


"Na Primavera de 1501 (Miguel Ângelo)  voltou a Florença.
Um gigantesco bloco de mármore tinha sido confiado, quarenta anos antes, pela Obra da Catedral (Opera del Duomo) a Agostino di Duccio para esculpir a figura de um profeta. A obra, apenas encetada, logo ficara interrompida. Ninguém ousava retomá-la. Miguel Ângelo encarregou-se disso e, dessa rocha de mármore, fez brotar o David colossal.
Conta-se que o gonfaloneiro (oficial de justiça) Pier Soderini, ao vir contemplar a estátua que tinha encomendado a Miguel Ângelo fez-lhe algumas observações para dar mostras do seu gosto: criticou a espessura do nariz. Miguel Ângelo subiu ao andaime, pegou num cinzel e num pouco de poeira de mármore, enquanto mexia ao de leve o cinzel, deixava cair a pouco e pouco a poeira; mas evitou cuidadosamente tocar no nariz, que deixou como estava. Depois, voltando-se para o gonfaloneiro, declarou:
"- Olhe agora.
"- Agora -disse Soderini - gosto mais. Deu-lhe vida.
"Miguel Ângelo desceu então do andaime rindo silenciosamente."
Parece que se lê esse desprezo silencioso na obra. É uma força tumultuosa em repouso. Está cheia de desdém e de melancolia. Sufoca entre as paredes de um museu. Tem necessidade do ar livre, "a luz da praça pública", como dizia Miguel Ângelo.
A 25 de Janeiro de 1504 uma comissão de artistas de que fazia parte Filippino Lippi, BotticellI, Perugino e Leonardo da Vinci, deliberou sobre o local a destinar ao David.A pedido de  Miguel Ângelo foi decidido erigi-lo em frente do Palácio da Senhoria. O transporte da enorme massa foi confiado aos arquitectos da catedral. A 14 de Maio, pela tarde, fizeram sair o colosso de mármore da armação de madeira onde tinha estado encerrado, demolindo a parede por cima da porta. Durante a noite, pessoas do povo apedrejaram o David, com o fito de o partir.Foi necessário montar guarda. A estátua avançava lentamente, amarrada direita e suspensa, de maneira a balançar livremente sem tocar o chão. Foram necessários quatro dias para o levar do Duomo até ao Palácio Velho. A 18, ao meio-dia, chegou ao lugar indicado. Continuaram a montar guarda em torno dele, durante a noite. Apesar das precauções, uma tarde a estátua foi apedrejada.."


Romain Rolland, Miguel Ângelo

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Quanto Vale um Homem?


Um acaso feliz depois da polémica declaração de  António Borges.  Desta feita, uma perspectiva humanista da  economia por João Duque no Expresso de ontem (caderno de Economia). Copiei  o título do artigo que, pela sensibilidade e bom senso, devia ser objecto de reflexão dos nossos governantes. Alimentando a esperança de melhores dias, passo  à transcrição de alguns excertos.

"Para os economistas. o valor  de uma pessoa pode tentar encontrar-se de várias maneiras:através do valor actualizado, ou descontado, do seu rendimento esperado futuro; através do valor que a sociedade fará para o conservar vivo, etc...
Quando um cidadão está desempregado é comum reconhecer-se que o seu custo é o valor do subsídio que o Estado lhe paga.
Porém, o seu verdadeiro custo s´cial é muito superior.
Uma empresa, ou mesmo uma organização sem fins lucrativos não se preocupa com outros custos além do salário, encargos sobre remunerações ou condições de trabalho que tem de dispor para albergar um novo empregado.
Mas o Estado deve ter em atenção uma optica bem mais alargada e valorizar,, ainda numa análise de custo-benefício, o valor dado à estabilidade social, à segurança (ou ausência de risco) ou à felicidade que se retira de uma sociedade onde se vive sem medos, sem muros a defenderam o que é nosso, ou à ausência se armas a vigiarem a nossa noite.
Na sociedade de hoje, e perante o flagelo do desemprego e da sensação de inutilidade social, há que repensar urgentemente os modelos de "avaliação humana".
E para se tomarem finalmente decisões económicas em que não se devem perder de vista os critérios de de eficiência e bom governo, pergunto seriamente se não é tempo de se reverem os modelos usados pelos economistas e fazer-lhes incorporar outros parâmetros ainda não estudados, mas que eu temo se irão tornar, em breve, em custos evidentes...
Contabilizam os prejuízos sociais da degradação das relações e da infelicidade que resulta deste mal-estar social que se vive hoje em dia?

A destruição que poderá daí decorrer? O que perde quem não tem nada a perder?
E já que os modelos macroeconómicos  usados pelo Governo se mostram tão erradamente parametrizados, não será altura de os corrigir, melhorando a sua sofisticação?
Não podem errar  mais do que já erram..."

João Duque, Confusion de Confusiones, Quanto Vale um Homem?, Expresso, 29 de Setembro 2012.