quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A corte de Passos Coelho


A notícia corre na primeira página de um jornal diário, referindo os gastos do gabinete do Primeiro-ministro. Nessa conta apreciável entram 60 pessoas: motoristas, secretárias e assessores. Todos com um vencimento que ultrapassa o triplo de muitos licenciados a quem as empresas oferecem 500 euros.
Um escândalo esta corte que mantemos em S. Bento à qual se deve somar a do Palácio de Belém e a da Assembleia da República.  Se não sabem onde cortar despesas, senhores políticos, comecem pela vossa vossa "própria casa", isto é, os gabinetes com as modomias que tanto pesam no Orçamento. Ah! Já sei a resposta que isso é pouca coisa e assim deve continurar para bem da dignidade do Estado. Esquecem-se, porém, dos  cortes que propõem para os funcionários de baixos ordenados...

Esta é a prática de Passos Coelho que andou dois anos a clamar contra os gastos do anterior Governo. E mais, de forma demagógica, formou um governo reduzido em Ministros mas gordo em número de Secretários de Estado e respectivos gabinetes. Poupança que ele propagandeou ao viajar em classe turística. E  mais coisas que um dia se hão-de conhecer melhor...

domingo, 29 de setembro de 2013

Campeões portugueses


Duas imagens de campeões portugueses: Rui Costa e João Sousa. Distinguiram-se no ciclismo e no ténis e isso alegra-nos de forma especial num tempo de más notícias...

Eleições para as Autarquias


Acabei de votar há pouco. Desta vez, a campanha eleitoral passou quase despercebida. Os diversos canais de televisão acordaram em realçar apenas os eventos onde estiveram presentes os  leaders partidários. Invocava-se a lei eleitoral e assim ouvimos discursos de âmbito nacional  cheios de críticas e contradições não só dos políticos da oposição, mas também de  actuais governantes. Quem ouvisse diria que todos os leaders partidários concorriam às 308 câmaras do País, tal era a vontade de aparecer aos olhos do povo.

Por mim, confesso  que me agradou mais esta campanha sem aquele matraquear dos tempo se antena televisivos e de rádio. E gostaria que assim continuasse em próximas eleições, porque os autarcas devem estar próximos dos eleitores e não agarrados à  máquina de propaganda dos seus partidos. Veremos o futuro e, para já, os resultados destas eleições. 

O que deve ser dito...


O Papa é, segundo Manuel Alegre, o único leader do Mundo a dizer "o que deve ser dito". Uma opinião que, proveniente de um agnóstico, merece especial destaque. Ou seja a prova da unanimidade gerada em torno do novo Papa que desassombradamente vai clamando a quem o queira ouvir. Oxalá as suas palavras produzam efeito prático...

domingo, 15 de setembro de 2013

Portugueses pouco optimistas



"Até os líbios e os kosovares se sentem mais felizes do que nós": o título de um artigo de um semanário  dá o sinal de alarme. De facto, os portugueses encontram-se entre os mais pessimistas, ocupando o 73º lugar num conjunto de 156  países. Entre os supremamente felizes estão a Dinamarca, a Noruega e a Suíça e na cauda da lista o Togo, o Benim e a República Centro-Africana.

A culpa de tanta tristeza não está no fado, mas nas circunstâncias do País em  crise.  Vive-se sob o cutelo da troika com um Governo incompetente e arrogante e isso deprime-nos. O descontentamento generalizou-se a todos sectores da sociedade: jovens e velhos, cidadãos activos e reformados. Aos jovens desempregados associa-se o desepero dos funcionários públicos  com a nova legislação da "requalificação" que ameaça lançar mais e mais gente no desemprego. Também  o discurso político investe sobre os  "velhos", particularmente da Função Pública. Cortam-lhes as pensões, porque a Caixa Geral de Aposentações está descapitalizada. Esquecem-se de explicar porquê. Não vale a pena enumerar todas as causas desta falta de fundos. Só aponto uma,  o caso dos políticos e outros grupos que continuam poupados aos cortes, embora não tenham descontado para tais subvenções. 

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Passos Coelho leu Descartes?

O bom senso é a coisa do mundo mais bem distribuída, porquanto cada um acredita estar tão bem provido dele que, mesmo aqueles que são os mais difíceis de contentar em qualquer outra coisa, não costumam desejar tê-lo mais do que já o têm.” (DESCARTES 2006, p.13

 

 

Passos Coelho criticou de forma tão violenta os juízes do Tribunal Constitucional, considerando-os desproviddos de "bom senso" que me lembrei do velho Discurso do Método. Na impossibilidade de consultat o exemplar da extinta Sá da Costa, pesquisei na Internet e aqui deixo o extracto. Para que Passos Coelho ( e todos ) assuma a sua condição humana e não de um ser omnisciente, porque já em  1637   Descartes ironizava os seres que se julgavam superiores...

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Pirómanos à solta!


Palavras de revolta contra os incendiários que têm lançado o País num interminável mar de fogo. Quando um incêndio  parece estar dominado logo surge um outro foco e muitos outros focos. E tudo acontece pela calada da noite durante a descida de temperatura. Conhecem-se alguns autores destas proezas, gente sem escrúpulos que devia ser punida exemplarmente. Mas não, a brandura da lei permite-lhes continuar a sua vidinha criminosa.

Irreparável a perda de vidas e de bens no centro e norte do País, onde o verde da paisagem virou uma cobertura cinzenta de árvores mutiladas. Queimou-se a riqueza de muitos que dificilmente poderão assistir à renovação das matas e pomares. Revolto-me em comunhão com todos aqueles que sofreram e continuam a sofrer a praga dos incêndios e indigno-me com a falta de civismo destes pirómanos. E é por isso que gostaria de ouvir uma chamada à razão, um apelo à cidadania do Presidente da República.

terça-feira, 27 de agosto de 2013

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Ilha do Pico, um lugar para visitar e retornar

Vida tão estranha

Rodrigo Leão ou uma forma de expressão que dispensa as palavras...

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Egípcios, até quando a violência e o medo?


O sonho de democracia ruíu no Egipto. Instalada a crise política,  as coisas complicaram-se. Sucederam-se manifestações e a ocupação do espaço público. Extremaram-se  posições e  a violência gerou mais violência, culminando  ontem com aquele chocante banho de sangue . Nunca saberemos o número exacto de mortos, mas serão muitas centenas.
Apesar das medidas de emergência, o ambiente caótico ameaça estender-se a todo o país, nomeadamente aos lugares de referência turística. O Cairo, que é uma das cidades mais barulhentas do  mundo, viveu esta noite um silêncio absoluto. Por isso mesmo, um estranho e assustador silêncio. Não há sinais  de pacificação, o que levanta o natural receio do povo pelos   acontecimentos das próximas horas. ...

Estes movimentos de radicalismo entre cidadãos do mesmo país causam perplexidade e angústia. Como reage o mundo a tudo isto? Não haverá imaginação e poder para resolver estes problemas? Pela paz e desenvolvimento do Egipto ( e não só) é urgente  todo o empenhamento internacional.

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Da troika e dos privilegiados do Estado

Alentejo in "Olhares", Internet

O Governo prepara-se para cortar as pensões dos funcionários do Estado. Tudo em nome da convergência entre funcionários da Caixa Geral de Aposentações e a Segurança Social. E mais, diz-se que isso é uma exigência da troika. Até se poderia aceitar se houvesse justiça. Mas não, o Governo desconhece as regras da ética e da equidade social. Os privilegiados emergem em série, tais como  juízes, diplomatas, polícias,  políticos e funcionários do Banco de Portugal e da Caixa Geral de Depósitos e...outros...

Esses privilegiados escapam aos cortes. Muitos deles limitaram-se a trabalhar 12 anos ou menos, enquanto os chamados funcionários públicos fizeram descontos durante 36 anos ou mais de trabalho no Estado. Desnecessárias palavras para demonstrar os critérios do Governo.  E a  troika aprova tal  justiça e transparência? 

quarta-feira, 7 de agosto de 2013

Zico, um cão afortunado


Os assuntos interessantes e insólitos não faltam. Registo o caso do Zico, o pitbull que, em Janeiro, agrediu mortalmente um menino de 18 meses. Chamava-se Dinis, mas poucos saberão o seu nome e o desgosto dos seus pais e familiares.  Já do cão agressor continuam a chegar notícias pormenorizadas.  Depois de uma campanha dirigida pela Associação Animal,  escapou ao previsível e  natural abate. O Tribunal permitiu-lhe viver e os amigos dos animais providenciaram para que nada lhe faltasse. Suportam as  despesas de manutenção e de reeducação do Zico e, pasme-se, decidiram pela  mudança de nome. Passando a usar uma outra identidade, o pitbull  passará a chamar-se Mandela.

Sem mais palavras para tamanho disparate.   Não percebem que isso constitui uma ofensa ao  verdadeiro Mandela, exemplo incontestável de pacifismo?!.

sábado, 3 de agosto de 2013

ASAE e os Bombeiros de Vagos

Quartel dos Bombeiros de Vagos

Por estes dias os bombeiros não têm descanso. Os incêndios de Verão multiplicam-se, obrigando-os a acudir às populações das suas terras e  de outras regiões. Diariamente  arriscam a vida para salvar o próximo como aconteceu   em Miranda do Douro quando as chamas recrudesceram empurradas pela violência dos  ventos e cinco bombeiros sucumbiram, Dois deles sofreram  queimaduras de tal gravidade que fazem esperar o pior. Só por milagre...

Dito isto, passo ao zelo dessa instituição que dá pelo nome de ASAE. Agora tratou de aplicar uma  multa de 2.500 euros aos  Bombeiros Voluntários de Vagos pela inexistência de um autocolante NO SMOKE no interior de uma ambulância.  Se não fosse sério, o caso só poderia servir de  anedota. Que querem é assim a burocracia do nosso país?! ...

sábado, 27 de julho de 2013

União nacional ou convergência nacional?


Um comentário às palavras de Passos Coelho que, em discurso público, apelava a uma "união nacional".  Se os políticos soubessem um pouco de História de Portugal não caíam nestes deslizes. Possivelmente deveria querer dizer convergência nacional e nunca  união nacional. Mas isso alguém no PSD lhe poderá esclarecer a diferença...

Santiago de Compostela de luto





Véspera de Santiago, ao princípio da noite, aconteceu o maior desatre ferroviário das últimas décadas em Espanha. A alegria que se vislumbrava para Compostela e toda a Galiza transformou-se, em poucos minutos, num pesadelo de morte e de sofrimento.

A notícia correu rápida.  e    logo  TVGaliza passava   imagens arrepiantes do acidente.  Impossível dormir bem nessa noite, pensando em todos os que sofriam. E afinal, tudo por culpa de um maquinista louco. Bem pode agora permanecer calado, mas o que já disse e escreveu bastam para o incriminar...

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Romaria à Senhora da Aparecida







Por esta hora, os olhos dos católicos fixam-se na Senhora da Aparecida.   À porta do Santuário sentimos as palavras do Papa Francisco, lembrando outros devotos que por aí passaram.

Elis Regina Regina  interpretou a fé popular, invocando a Senhora da Aparecida para iluminar a sua vida. Dizia-se uma simples caipira e é nessa atitude    de humildade que também nós pedimos a  protecção de Nossa Senhora...

quarta-feira, 26 de junho de 2013

Brasil sem violência


Uma foto das muitas manifestações que, por estes dias, acontecem no Brasil. Início de um novo ciclo na vida do País?  Por ora, ninguém saberá responder...mas nada vai ser como dantes, penso. 
Continuidade de um movimento que encontra semelhanças em outros. Seja a  Primavera  Árabe,  os Indignados...que vêm sendo reproduzidos e adaptados às circunstâncias específicas de cada país, em todos eles existe um ponto comum, a revolta contra o sistema. 

Começou tudo no continente americano e nele há-de repercutir-se. Uma crise  social instalada num mundo dominado pela especulação financeira.  Refém do capitalismo, o  poder político soma e segue. Primeiro com obras de fachada produzidas à custa do bem-estar do povo, depois impondo a austeridade. Por cá, a  Europa apresenta-se entre dois grupos, sendo que a crise dos   "países pobres" alastra ao  grupo dos "ricos" que ditam a política de austeridade .Os excessos das  políticas recessivas deste mundo globalizado acabam condenados pela economia que vive da oferta e da procura.  Por isso, em Portugal, o  "patronato" tende a aproximar-se do "trabalho" na mesma contestação à política do Governo.  

Esperamos para ver como evoluem as coisas na  Europa e no mundo. Pena é que os políticos saibam pouco de História, porque dela retirariam algum conhecimento para impedir a conflitualidade e a violência...

sábado, 22 de junho de 2013

Pelo Mundo acontece...




O vídeo passou em todos  os canais.  Destas imagens ressalta a  atenção e espírito de solidariedade daqueles homens unidos na  salvação de uma  menina de dois anos...
Em contraponto, em Itália, viu-se a indiferença pelo sofrimento do outro.  Cenário praia: duas pessoas mortas por afogamento permanecem no areal cobertas por um lenço, enquanto,  a seu lado, um grupo de jovens (e não só) continuam a jogar. Desnecessários  comentários para estas cenas chocantes de desprezo pela vida. Só mais um pormenor, todas as vítimas eram estrangeiras....

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Autarcas-dinossauros, até quando vão durar?



Aqui está um dos muitos autarcas-dinossauros que, não sendo dos mais antigos,  assume uma vontade férrea de prosseguir. Sob o lema de "custe o que custar",  não desistem de procurar um lugarzinho  numa câmara ou freguesia, cientes dos seus dotes de boa gestão. Nada os demove de tais propósitos, nem legislação, nem a recusa de um qualquer Tribunal ( até mesmo a Relação). Tanta vontade e  ambição do poder gera desconfiança. Mas se  nada nem ninguém de bom senso trava esta sede de poleiro, existe  sempre  uma outra forma de os impedir, não votando neles . ..

sábado, 15 de junho de 2013

Lisboa de outrora...




Uma visita virtual a Lisboa antes de 1755.  Esta pode ser a motivação para um passeio "real" pela cidade que, por estes dias, vive em festa.  E, caminhando sempre  pela zona ribeirinha, entrar no Museu do Azulejo na Madre de Deus, onde nos espera uma outra  Lisboa... desta vez,  num grande painel de azulejo. 

quinta-feira, 13 de junho de 2013

Alunos, professores e greve aos exames


A situação de exame será sempre um acontecimento em qualquer idade. Conselhos repetidos ao longo de gerações alertam para a preparação atempada e muita tranquilidade. Recomenda-se  calma, em especial  nos dias que precedem a  prova.  Lembro-me do meu tempo de estudante e da "concentração" em  véspera de exame, recusando estudar acompanhada.  Quanto muito um telefonema de um colega, pela hora de jantar, antes de dormir. Esse era o dia de passar os olhos pelos apontamentos ou consultar um assunto com particular atenção...

Por estes tempos de crise,  a  Escola  não foge à regra.  Atiram-se as culpas aos  professores, responsabilizando-os por todos os males da sociedade, esquecendo que a Escola é o reflexo da sociedade que somos. Culpados somos todos nós, portanto. À austeridade e mais exigências respondem os  professores com a ameaça de greve aos exames. Divididos  entre o estudo e os boatos, os alunos vivem horas de inquietação, sem saber o que vai  acontecer no dia 17. Também os professores andam nervosos, repartidos entre a sua condição profissional e de de pais, pesando os prós e os contras da razão e do coração. Indecisos andam até à  próxima segunda-feira, enquanto  alunos e famílias,  professores e sindicatos,  governantes e opinadores políticos falam e discutem argumentos. Que sejam ultrapassados,  espera-se.

Os prejuízos imediatos recaem sobre os alunos. Falo por experiência própria, porque vivi na Faculdade, em 1962,  uma situação dessas.  A greve dos alunos arrastava-se desde Abril, prejudicando as frequências e provas que antecediam os exames finais. Conversações e  plenários sucederam-se até à anulação da greve,  o que só veio a acontecer cerca de  12 de Junho. Pecando por tardia, a decisão  da Associação de Estudantes teve como consequência a  reprovação de muitos.  Anos depois, em 2005, encontrei-me noutra situação de greve, desta vez como professora. Por decisão do Ministério da Educação todos os professores foram convocados e os exames realizaram-se sem  percalços. Veremos como acaba agora....

domingo, 9 de junho de 2013

Levanta-te e anda!


A Ressurreição de Lázaro, a mesma temática em épocas diferentes. Mais de cinco séculos separam Giotto de  Van Gogh que, de forma expressiva e bem diferenciada, representam uma passagem muito conhecida do Evangelho. 

Betânia teria sido o local desta cena de que se podem fazer muitas leituras. Em todas, a  compaixão de Jesus. Hoje fixei-me no perdão, uma ideia que não sei explicar porquê. Ou talvez seja por estar  expectante quanto ao estado de saúde de Nelson Mandela. Perdoar, uma coisa tão  difícil e que  ele praticou com uma enorme  generosidade. Já para  os crentes tudo parece mais claro, uma vez que o arrependimento contrito sempre colhe a misericórdia de Jesus.  "Levanta-te e anda!", tal como disse a Lázaro,  uma palavra repetida  tantas vezes quantas forem as nossas falhas! 

quinta-feira, 6 de junho de 2013

Do Governo e dos comentadores políticos...


Dois anos de um Governo de que muito se esperava. O descontentamento não podia ser maior,  porque ninguém vê os resultados da austeridade. As empresas fecham e o desemprego atingiu  valores nunca vistos, um facto em crescendo que Passos Coelho foi encarando como uma "oportunidade"... E  com a maior naturalidade aconselhava  a emigração, um rumo que alguns, embora a contragosto, seguem. Ainda que lhes chamem  "piegas", que não são, os portugueses aguentam e sofrem a separação da família e amigos, para muitos dos quais  uma partida sem regresso. 

Da crise e do empobrecimetno geral andamos cansados até à exaustão. Sem afrontar a economia não se criam postos de trabalho e assim o ciclo vicioso prossegue: emigração, esgotamento do Pais a nível  demográfico, económico e cultural. Qual o futuro de Portugal com a saída maciça dos mais jovens e das elites?

Mais um desabafo. Primeiro, a falta de preparação da maioria dos governantes que, deslumbrados com o poder, falam e actuam com arrogância e insensibilidade. Já a nível externo, nas cimeiras e encontros  internacionais curvam-se e humilham-se aos interesses dos "maiores", revelando uma falta de combatividade e de pequenez confrangedoras.  Penalizam-se sempre os  mesmos, sem atacar as instituições, privilégios e  mordomias de alguns. Esse discurso demagógico do Governo sai-nos caro e, sinceramente, receio pelas consequências. Ainda não se vêem as vantagens de tantos assessores e  grupos de trabalho e também de comentadores políticos nos orgãos de comunicação do Estado.  Mais parecem a "voz do dono" que acenam um "sim" a tudo quanto o Governo faz. A título de exemplo: o sabido  discurso de Camilo Lourenço.  Tenho liberdade de mudar de canal de TV, podem dizer-me. Certo, mas aceitem também que, na minha condição de contribuinte, possa sugerir mais um corte na despesa. Dispensem estes comentadores da   RTP....

quarta-feira, 29 de maio de 2013

"Rei morto, rei posto..."


Uma declaração prévia: não percebo nada de futebol,  não sou do Benfica e nem tão pouco conheço Jorge de Jesus. Isto não significa que desconheça as polémicas desportivas. Ninguém pode ignorar o assunto dos últimos dias, porque a televisão e todos os media não falam noutra coisa:  Jorge de Jesus e sua continuidade ou saída do Benfica.

Seria fastidioso referir os elogios ao treinador que contribuiu para o crescimento do Clube nos últimos anos. Subida das receitas com a valorização de jogadores e  aumento do número de sócios e  algumas taças. E na última época, a participação do Benfica em várias frentes. A pessoa do treinador, embora caricaturado de muitas formas, parecia mais ou menos consensual  até à derrota com o Estoril.

Desde esse momento, seguiram-se dez dias alucinantes. De escândalo falavam alguns benfiquistas, enquanto o FCPorto regozijava. O mal de uns é a felicidade de outros, isto  é, ao  desânimo dos encarnados contrapunha-se a esperança,  ainda que contida, a Norte. Depois, aconteceu o que toda a gente sabe. A derrota no Porto seguida daquele jogo com o Chelsea, onde o resultado  honrou o vencido. Nessa hora, o timoneiro da nau hesitou, prometendo reflectir acerca  da continuidade na equipa. "Isso não"  foi a voz de muitos, incluindo o Presidente do Benfica e os aplausos efusivos dos adeptos, à chegada ao Aeroporto, garantiam o apoio. Esperava-se pelo último acto que, acreditava-se, havia de resultar na conquista da Taça de Portugal no último domingo. Nada disso, os últimos minutos viraram as coisas e o Guimarães venceu. 

Desde domingo até ao momento, os media alimentam o suspense sobre o futuro de Jorge Jesus.  Dos aplausos ainda recentes  resta a memória. Dessas coisas sabe também  Jose´Mourinho e outras personalidades do desporto. E não, a política é outro campo fértil em mudanças. Um fenómeno sociológico do "rei morto, rei posto", digo eu. 

sábado, 25 de maio de 2013

Exageros dos Psiquiatras?...




A polémica instalou-se a propósito da "lista" de novos distúrbios mentais. Para melhor avaliar a questão, registo um excerto do Diário de Notícias on line.  Com tal menu ( como diria o outro...) de perturbações, acabamos todos embarcados no rótulo de "doentes mentais"...


"A nova edição da "bíblia da psiquiatria" cria 18 novos distúrbios e acende forte polémica 

"Em algumas idades, uma birra pode ser vista como normal. Duas nem por isso. Três é já um distúrbio psiquiátrico. Três já é um distúrbio psiquiátrico. Pelo menos segundo a quinta e última edição do 'Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais' (mais conhecido por DSM5), aprovada esta semana e que está a criar polémica em todo o mundo", escreve o Expresso na edição deste sábado.

"A nova edição - que resulta do debate entre 1500 especialistas e das descobertas feitas desde a última versão, há 13 anos - aumenta o número de doenças mentais para 297 (mais 18 do que até agora) e, com isso, o universo de 'doentes' a precisar de tratamento. Muitos especialistas, no entanto, consideram que se foi longe de mais, classificando-se como patológicos comportamentos que podem não sê-lo", refere aquele semanário.

"Apesar de elaborado pela Associação Americana de Psiquiatria, o DSM é referência em todo o mundo. O reconhecimento de uma nova doença ou uma alteração dos critérios de diagnóstico tem impacto na prática diária de milhares de consultórios, clínicas ou hospitais europeus. Portugal - onde o consumo de psicofármacos não tem parado de crescer - não é exceção", refere o Expresso.

"São vários os casos de novas doenças ou distúrbios mentais oficialmente reconhecidos a partir de agora. Por exemplo, se costuma comer excessivamente pelo menos uma vez por semana, saiba que isso pode ser mais do que gula. De acordo com o DSM5, poderá sofrer de uma Compulsão Alimentar Periódica, um distúrbio integrado na mesma categoria que a anorexia ou a bulimia nervosa. 'Assim, quase todos os portugueses têm uma doença mental', ironiza o psiquiatra José Gameiro", nota o semanário.






Quando a moda escandalizava em 1925...


"(...) ridícula é a moda moderna e digna de crítica, não pode deixar de ser a mulher que expõe as suas graças, reais ou atificiais, como os nossos amigos Taveira & Frazão, expõe os seus artigos da última moda, no seu estabelecimento, na sua montra. (...)  
Então, pode lá conceberse que uma senhora casada ou viúva, venha para a rua em trajes como nós temos visto; meia transparente, vestidos curtos, pelo joelho, sem mangas, decotadíssimos, deixando ver o bordado ou a renda da camisa até os peitos, a qualquer movimento que façam, dando ensejo a que a vista dos mirones vá muito além da sua curiosidade?
Pode lá conceber-se que uma menina de 18 ou mais anos, se apresente  na rua, ao seu futuro noivo, em circunstâncias idênticas? "

                                                                 In Voz do Povo, 21 de Junho de 1925

domingo, 19 de maio de 2013

Notícias do Dia


Barómetro da actualidade na primeira página do Correio da Manhã: da crise social e dos benefícios dos políticos à  indecisão futebolística...
Que me perdoem os benfiquistas e os portistas, mas se tudo fosse tão simples como ganhar um campeonato..

Almoçar bem e barato na Assembleia da República

De amigos vários, o mesmo mail sobre o serviço de bar-restaurante na Assembleia da República. As dificuldades actuais explicam a indignação quanto às mordomias dos nossos deputados e afins.  Uma situação escandalosa quando nos pedem mais austeridade. Ao "menu"  de Passos Coelho, que consta de despedimentos na função pública, cortes nos vencimentos dos actuais funcionários e nas pensões, os  partidos políticos com assento na A.R. respondem com este "menu" farto e barato!!!
Registo o mail, tal como o recebi. Talvez assim "chegue" às consciências dos nossos governantes...

"Quem quer vir almoçar comigo? Eu pago a conta! Mas o mais giro é que não vemos os defensores do povo, até os mais esquerdistas, denunciar este escândalo.

É DE MAIS!? Até quando vamos permitir isto!? Estão a gozar!?

Isto sim, é que é qualidade de vida, mas só no Bar-Restaurante da Assembleia da República

Repórter do IP (Suplemento do jornal Público - Inimigo Público) tomou Pequeno-Almoço, Almoçou, Lanchou, Jantou, e apanhou uma bebedeira por apenas 13,30 € no Bar/Restaurante da Assembleia da República Quando as refeições escolares no Básico atingem os 3,80 euros, o IP, comparou os preços do bar da Assembleia da República, frequentado por DEPUTADOS e MINISTROS, e ficou abismado.

Eram 8 da manhã o repórter pediu um café e um bolo de arroz, afim de tomar o pequeno-almoço, tendo pago 15 cêntimos, 5 do café e 10 do bolo!

Vendo ali mama da grossa, o repórter bebeu 10 (Dez), repito 10 minis, tendo pago apenas 1 euro, (pois cada mini custa apenas 10 Cêntimos)!

A meio da manhã, o repórter mamou um gin Bombay Sapphire (1,65 euros), e já perto do Almoço um vodka Eristoff (1,50 euros), para abrir o apetite. Ao almoço, o repórter comeu gambas, camarão tigre, lavagante, sapateira, queijo da Serra, presunto de Barrancos, garoupa e bife do lombo, regado com Palácio da Bacalhoa, por 3 euros! Depois e para rematar um whisky Famous Grouse, que custou (2 euros).

Já de tarde solicitou uma garrafa de champanhe Krug (3 euros a garrafa) e caviar beluga (1 euro, 500 gramas), o repórter passou a tarde no bar da AR, rodeado das deputadas RITA RATO (PCP), FRANCISCA ALMEIDA (PSD), ANA DRAGO e MARISA MATIAS do (BE).

Assim por tudo isto o repórter do IP gastou qualquer coisa como13,30 €uros, num pequeno-almoço, almoço de marisco, com entradas de queijo da serra, presunto e caviar, com vinho do Palácio da Bacalhoa, e pelo meio alternadamente bebeu whisky, vodka e gin, rematando com champanhe Krug, obviamente saiu com uma piela de caixão à cova, mas que foi barato lá isso foi...

Isto sim, é que é qualidade de vida, mas só no Bar/Restaurante da Assembleia da República

Parecia que estava no Restaurante Lux!

AM, no Jornal Público - Inimigo Público

(estranha coincidência, mas parece que este jornal, se não foi, vai ser silenciado...)



E VIVA A DITADURA DEMOCRÁTICA

Menu Assembleia da República



Perdiz, porco preto alimentado a bolota e lebre, são alguns dos produtos exigidos pelo

Caderno de Encargos do Concurso Público para fornecer refeições, e explorar as

cafetarias do Parlamento.

Das exigências para a confecção das ementas de deputados e funcionários constam ainda pratos com bacalhau do Atlântico, pombo torcaz e rola, de acordo com o documento a que o CM teve ontem acesso.

O café a fornecer deverá ser de "1ª qualidade" e os candidatos ao concurso têm ainda de oferecer quatro opções de whisky de 20 anos e oito de licores. No vinho, são exigidas 12 variedades de Verde, e 15 de tintos alentejanos e do Douro.

É também especificado que o mesmo prato não deve ser repetido num prazo de duas semanas.

O Caderno de Encargos do concurso, que termina em Junho, estabelece que a qualidade dos produtos vale 50%,  o preço 30% e a manutenção 20%.


Regulamento de Acesso ao Serviço de Refeitório da Assembleia da República

Publicado no Diário da Assembleia da República, II Série C, n.º 15, de 9 de Fevereiro de 2002 com a actualização introduzida pela  Circular de 31 de Março de 2009 do Gabinete da Secretária-Geral da Assembleia da Republica III

Têm acesso aos serviços do refeitório as seguintes pessoas

a) Deputados;

b) Funcionários e agentes parlamentares e funcionários parlamentares aposentados;

c) Pessoal dos Gabinetes do Presidente, Vice-Presidentes, Secretários da Mesa e Secretário-Geral;

d) Pessoal da dotação dos grupos parlamentares;

e) Cônjuges e filhos das pessoas referidas nas alíneas anteriores;

f) Pessoal requisitado e contratado nos serviços da Assembleia da República;

g) Pessoal que presta assessoria de forma transitória nos grupos parlamentares e nas comissões;

h) Convidados das pessoas referidas nas alíneas a) a d), desde que acompanhados destes, com o limite de dois convidados por utente;

i) Membros e funcionários dos órgãos autónomos que funcionem junto da Assembleia da República;

j) Pessoal que presta serviço na residência oficial do Primeiro-Ministro e no Gabinete do membro do

Governo responsável pelos assuntos parlamentares, abrangido pelo acordo entre a Assembleia da

República e os serviços sociais da Presidência do Conselho de Ministros;

k) Pessoal da Guarda Nacional Republicana que presta serviço na sala de segurança e no parque de

estacionamento subterrâneo e pessoal da Polícia de Segurança Pública que presta serviço na esquadra da

Assembleia da República;

l) Pessoal da agência da Caixa Geral de Depósitos e dos CTT;

m) Jornalistas acreditados na Assembleia da República;

n) Outras pessoas expressamente autorizadas pelo Secretário-Geral da Assembleia da República.

VI

Os preços de venda das refeições são fixados anualmente e para o presente ano são os que se

seguem:

1. Funcionários e agentes parlamentares e funcionários parlamentares aposentados, pessoal dos

Gabinetes e da dotação dos Grupos Parlamentares e ainda requisitado e contratado que na Assembleia da

República preste serviço - 3,80 €;

2. Pessoal da GNR que presta serviço na Sala de Segurança e no parque de estacionamento subterrâneo e

pessoal da PSP que presta serviço na esquadra da Assembleia da República - 4,00 €;

3. Deputados e pessoal que presta assessoria transitoriamente aos Grupos Parlamentares - 4,90 €;

4. Filhos dos Deputados e do pessoal referido no n.º 1 que tenham direito ao subsídio familiar,

respectivamente - 2,40 € e 2,05 €;

5. Filhos dos Deputados e do pessoal referido no n.º 1 sem direito ao subsídio familiar, respectivamente

- 4,90 € e € 4,10 €;

6. Restantes utentes - 6,50 €."



   

sábado, 18 de maio de 2013

quinta-feira, 16 de maio de 2013

Girafas, quem diria tais artes?!




Espantoso este  vídeo! Surpresa e deslumbramento para a arte destes animais!!!

No Bangladesh, a vitória da fé


Não quero deixar passar a notícia do milagre da resistência e da fé. Olhar o rosto desta jovem do Bangaldesh, que sobreviveu 17 dias sob os escombros, bem pode servir-nos de exemplo nas adversidades. Das "coisas  pequenas" quando comparadas com a passagem destes dias de sofrimento físíco e psíquico.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Portugal, evasão pela música



Quando tudo parece ruir, a música eleva-nos. Desta vez, percorre-se o País através desta recriação de temas tradicionais...

Do Governo, da justiça e da solidariedade em Portugal


Não duvido da solidariedade do povo português. Vejam-se as  campanhas do Banco Alimentar que  associam velhos e novos num mesmo espírito de entreajuda. O País conhece muitas outras organizações que mitigam as  carências dos mais desfavorecidos que, infelizmente,  aumentam na proporção directa em que se reduz a classe média. 

Hoje as  instituições de solidariedade debatem-se com mais dificuldades. É mais um efeito da crise que determina uma viragem nas  redes solidárias. Agora, os velhos da família,  pais e avós, viram-se para os  filhos e netos, suportando as suas despesas. É uma questão de justiça social determinada pelo desemprego, compreende-se. Só não se aceita que o Governo pouco tenha feito pela  recuperação da economia.

Para o Governo a tábua de salvação para o déficit do Estado reside nos pensionistas e reformados. Duvido que isso resulte, porque os cortes já existentes não surtiram efeito. Serão justas estas medidas? E as pensões e subvenções daqueles que pouco ou nada descontaram? E aqueles que  recebem duas e três pensões?  Pensões douradas adquiridas vitaliciamente aos quarenta e poucos anos de idade por políticos e outras classes privilegiadas: um  escândalo conhecido por todos,  mas que  poucos se atrevem a aflorar. Não haverá por aí  um Ministro corajoso  que denuncie esta situação? Não, porque isso é cortar mordomias a estes  privilegiados que, sendo destituídos de qualquer sentido de justiça e de espírito de solidariedade, continuam a assobiar para o ar.  É por esta e por outras que o povo perdeu a confiança nesta democracia!... 

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Uma Esponja Inglesa


Para aliviar do terrorismo mediático, proponho o regresso ao passado. A  leitura de  uma  "Relação do Reino de Portugal",  (1701), escrita por dois viajantes ingleses, Thomas Cox / Cox Macro que contém muitas  e curiosas observações. A título de exemplo, um caso para sorrir...

"Os Portugueses têm orelhas grandes muito feias que não estão junto da cabeça, antes espetam para fora. A Parteira, assim que uma criança nasce, põe-lhas nesta posição.
Os Portugueses abominam a Embriaguez e são por isso tão abstémios que alguns deles não tocam em vinho durante mais de um Mês; e, no auge da fúria, imaginam que não podem dizer nada de mais insultuoso do que Esponja Inglesa, e pensam que é satisfação para pequenas ofensas."

sábado, 4 de maio de 2013

Hasta cuando vas a abusar de nuestra paciencia?


Remonta ao tempo da velha Roma, às catilinárias de Cícero, a inspiração deste título. Segue em espanhol para que o primeiro-ministro de Portugal possa  entender, porque é surdo às vozes dos seus concidadãos. 

Com o País dividido, o Governo mantém a mesma insensibilidade, falta de patriotismo e incompetência. Assaca ao povo a  origem de todos os males, particularmente aos  funcionários públicos e aos pensionistas. Para estes vai a pena maior, cujos pormenores ainda se desconhecem.  Tomados pelo desânimo e pela depressão, os portugueses definham, porque não vislumbram uma pontinha de esperança. Pelo contrário, todos os dias surgem novos escândalos e novos "buracos financeiros". 

Por estes dias dou comigo a pensar nas dificuldades da vida em democracia quando as instituições políticas  não funcionam. Com a violência das críticas no interior do PSD,  não haverá por aí ninguém capaz de demitir a direcção do partido, substituindo este primeiro-ministro? Ou será mais fácil e melhor opção  demitir o Governo?  Faz dó tanta imobilidade e falta de patriotismo!!  É por isso que apetece recordar Raúl Solnado no "Português, oh! malmequer!
                                                      "Português, oh! malmequer!
                         /                             em que terra foste semeado
                                                       Português, oh! malmequer!
                                                       cada vez andas mais desfolhado!"

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Jerónimo Bosch, o pintor visionário




Conhece-se mal a biografia de Jerónimo Bosch, o pintor e gravador holandês que teria nascido cerca de 1450. O mesmo não acontece com a sua obra, cuja temática remete para uma época de crise: figuras fantásticas em cenas de sensualidade e pecado que se movimentam entre o paraíso e o inferno. Tem sido, por isso, interpretado como um precursor  do surrealismo.
Pintado para a casa de Henrique III em Bruxelas,  o "Jardim das Delícias" percorreu um longo caminho até chegar ao  Museu do Prado. Confiscado em 1568 pelo Duque de Alba na Flandres, seria depois legado ao seu filho que acabou por vendê-lo a  Filipe II. Colocado no quarto do Monarca no Escorial, este Bosch servir-lhe-ia de motivação durante as usuais  crises de angústia de que foi possuído.Mais tarde, durante a guerra civil em 1936, a prudência exigiu a sua transferência para o Museu do Prado.em Madrid. 

Para mim, o mais belo Bosch está no Museu Nacional de Arte Antiga em Lisboa. Sem chauvinismos, acho. Ainda hoje contemplo "As Tentações de Santo Antão" como se fosse a primeira vez. Observo sempre qualquer coisa nova nesses paineis, onde as figuras biblicas coexistem com forças demoníacas, representações de pecado, de culpa e de angústia. Considerado o fundador do monaquismo, Santo Antão simboliza o homem pecador, sujeito às tentações. A misericórdia divina, aqui presente na  Paixão,  há-de finalmente redimi-lo de todas as fraquezas, elevando-o até ao paraíso. O "nosso Bosch", composto posteriormente ao de Madrid,  teria agradado muito a Filipe II que, todavia, não pôde espoliar-nos deste tesouro. 
Desconhece-se quem promoveu a compra das "Tentações de Santo Antão", não estando provada a intervenção de Damião de Gois que o conheceu na  Flandres, Disso não restam dúvidas, porque os grandes espíritos sempre se encontram.

terça-feira, 30 de abril de 2013

Contradições do nosso Mundo


O espírito revolucionário fica mais desperto em vésperas do 1º de Maio. Acentua-se o sentido crítico sobre as injustiças, clama-se contra os seus agentes e sugere-se uma mobilização geral contra este estado de coisas. Aqui, no nosso cantinho e no mundo globalizado. Da origem de todos esses  males está feito o diagnóstico, falta a terapêutica.
A contestação sobe de tom na Europa dividida, nos Estados Islâmicos, nos  Estados Unidos, etc. A simpatia por alguns desses  movimentos transformou-os em  bandeiras poéticas de mudança. Chamaram-lhes primavera,  tal como Praga em 1968...que, convèm recordar,  também  existiu em Portugal: a   primavera marcelista. Iniciava-se, então, um processo capaz de provocar a queda de governos e a desagregação de regimes. Aos evidentes sinais de constestação de hoje, começo a vislumbrar mudanças. Uma necessidade de mudança na qual quero envolver o Bangladesh (e outros tantas sociedades no Mundo). Sofro por  essa gente  que chora os seus mortos caídos sob o poder da ganância do capitalismo internacional e recrimino-me por alimentar essa engrenagem. Isto porque a maioria de nós usa confecções produzidas por estes explorados!!
Diferente conjuntura hoje, mas lançadas estão as sementes de mudança. O vídeo enviado pela L, uma amiga que todos reconhecem como terna e pacífica, trouxe-me estas reflexões. O caso da Islândia, um pequeno Estado que bem pode ter seguidores...

quinta-feira, 25 de abril de 2013

25 de Abril de 1974 e de hoje

Uma imagem tão distante e tão próxima dessa quinta-feira de Abril de 1974. Horas da rádio que permitiam sonhar com um mundo melhor. Depois vieram outros dias de alegria e de confronto. E ano após ano, cumpria-se a tríade dos "dês": democratizar, descolonizar e desenvolver. 
Viveu-se a esperança de um tempo novo nem sempre isento de contradições e injustiças. A década de 80 acenava com uma nova esperança que se dizia na União Europeia. Entrámos nesse "clube" com toda a pompa e circunstância. Aplausos da maioria, desconfiança de outros, agricultores e pescadores que, então, eram convidados a parar a sua actividade. Da Europa choviam os milhões para aplicar na modernização da economia e, por isso, cresceu o número de empresas de formação profissional. Com esta "modernização" multiplicaram-se os casos de corrupção. O dinheiro escorreu para os luxos desses empresários que, não tendo alterado a estrutura produtiva, engordaram as suas contas bancárias em paraísos fiscais.

Passados 39 anos desse dia de todas as esperanças,  a desilusão não tem limites. Isenta de responsabilidades neste processo está a maioria dos cidadãos que agora pagam os erros de políticos e gestores públicos, de banqueiros e empresários. Cansados pelo peso dos anos, a minha  geração só pode indignar-se. Uma indignação contra os  responsáveis em Portugal e na Europa que tudo prometeram e nada mais sabem oferecer que austeridade. Fartos de palavras, os portugueses descredibilizam os políticos e desprezam as suas propostas vagas e inconsequentes para o desenvolvimento económico. 
Mais do que em 1974, os portugueses vivem hoje em crise de esperança. Existe mesmo um ambiente de afrontamento entre gerações, activos contra reformados, privados contra funcionários públicos. Enfim, uma  situação que este Governo fomentou e alguns media promovem. Que me desculpem, mas esta é a minha imagem do 25 de Abril, hoje.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Cheira bem, cheira a Lisboa




Uma amiga sugeriu-me este vídeo, onde se canta  Lisboa.  É em Bruxelas, onde o Sol não tem a luminosidade da nossa terra... É um caso de ternura que agradecemos!

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Medos de outrora, medos de hoje


 Ninguém pode erradicar o terrorismo ou evitar um qualquer acto tresloucado, tal como não se podem evitar os sismos. E a lista das coisas  imprevisíveis que amedrontam o homem poderia continuar. Pensava nisto ao ler as notícias das últimas horas: bombas em Boston, sismo no Irão e nas regiões limítrofes.
O medo ou medos. Por mais sábio, rico e poderoso que seja o homem ou um povo, sempre há-de fraquejar no confronto com as forças da Natureza, doenças e imponderáveis das comunidades. É assim hoje e será sempre. Recordo um estudo muito profundo sobre o medo na Europa Ocidental (1400-1800), de Jean Delumeau. Por aí passam "todos os  medos" que, durante séculos,  amedrontaram os homens.  Por esse tempo a ciência e a técnica estavam longe de dominar o conhecimento actual, daí os contínuos apelos à misericórdia divina, implorando protecção contra os  flagelos da fome,  da peste  e da guerra. E temiam-se também os  "prodígios" e sinais da Natureza:  cometas,  eclipses e outros fenómenos astronómicos que, muitos interpretavam como sendo de mau presságio. Quantos desses  fenómenos, explicáveis hoje, foram tomados como milagreses ou sinais da providência?!
Apesar de tanto progresso, o medo continua a provocar a mesma reacção. Seria bom pensarmos nisso quando um destes eventos acontece. Ontem, hoje, como reagiram as pessoas? Que pensaram ao sentir o impacto dos rebentamentos?  Que atitude tomaram quando o solo tremia, lançando a morte entre escombros? 

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Sarita Montiel, La Violetera




Sara Montiel faleceu na passada segunda-feira em Madrid. Dela ficam os registos de uma vida que alegrou muitas gerações. Então, num tempo em que eram poucos os divertimentos, a matinée ao fim de semana assumia foros de acontecimento.  La Violetera ficou-me na memória de uma  dessas tardes de cinema: uma Sarita que apregoava ramitos de violetas...
Flores perfumadas que outras violeteras vendiam pelas ruas do Chiado em Lisboa. Estas, as nossas violeteras ficaram imortalizadas num fado Menina das tranças pretas de Vicente de Câmara. Mais uma vez, associamos ideias e com elas a nostalgia de uma época  marcada pela ingenuidade. O passado não tem regresso, mas daria tudo para  voltar a ver os cestos de violetas nas mãos daquelas meninas de tranças pretas!...

quinta-feira, 28 de março de 2013

Entrada de Chavez no céu



Descobri este vídeo no Expresso. Vale pela orignalidade e imaginação de um povo que idolatrou o seu Comandante, associando-o a outros herois da América Latina...

sábado, 23 de março de 2013

Tabopan, da ascensão à queda

Tabopan, empresa de grandes dimensões que se desmoronou.  Circunstâncias várias determinaram que  não tivesse passado da primeira geração. Família Abreu e os percursos de vida que o destino tece.
Afinal, exemplos  de tantos sectores da nossa sociedade.  Merece atenção esta  peça da RTP...

RTP Noticias - Filho de fundador da histórica Tabopan vive de caridade
http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=637992&tm=8&layout=122&visual=61&source=mail

Fábrica da Tabopan, Amarante

quinta-feira, 21 de março de 2013

Confiar nos políticos?


O descrédito dos políticos é uma evidência. Tudo por culpa dos próprios que pairam por aí como zombies. Chocam a inteligência e sensibilidade do povo pelo seu comportamento em palavras. actos e gestos.  Esquecem promessas, contradizem-se e assumem atitudes indesculpáveis. E assim continuam sem problemas, porque consciência não têm. 
Prosseguem sem parar, obedecendo a objectivos inconfessáveis. Deslumbram-se com poder, esquecidos da fragilidade humana: poderosos hoje e, logo, esquecidos e até odiados. Sempre a vaidade e ganância a mover estes homens que, uma vez,  no poleiro se fixam que nem lapas. Não há paciência para tanto despudor e falta de vergonha. Não haverá por aí quem seja capaz de por cobro a este estado de coisas? 

quinta-feira, 14 de março de 2013

Habemus Papam


Ontem, ao fim da tarde, a chaminé da  Capela Sistina deitou o tão aguardado  fumo branco. Da quinta votação do Conclave saíu o novo Papa que, de acordo com os media, foi uma surpresa. Leia-se agradável surpresa, a deste Cardeal da Argentina,  do "fim do mundo", mas muito atento aos problemas do seu (nosso)  tempo. 
Simplicidade e humildade pontuaram a apresentação do Papa Francisco que foi acolhido emotivamente pela multidão na Praça de S. Pedro e por quem assistia pela televisão. Na sua postura vi a serenidade do rosto e também muita  tensão, sinais reveladores dos  sacrificios que o esperam nesta nova caminhada.  Terminou a  liberdade do Bispo de Buenos Aires, cometido agora de uma  missão et urbi et orbi.  Oxalá, Deus lhe dê saúde e coragem para trilhar tão difícil caminho!

terça-feira, 12 de março de 2013

Políticos à rédea solta


A pouca vergonha dos políticos não tem limites. Hoje fala-se de Macário Correia que recusa cumprir o acordão do Tribunal Constitucional, alegando que não ficou  claro se este organismo concorda ou não com os motivos do recorrente. Daqui infere razões suficientes para mais um outro recurso, cuja decisão Macário diz  aceitar  (?!). Assim mesmo, sem mais...
Face a tais manobras dilatórias, tenho de lastimar a "pobreza intelectual" dos nossos autarcas e dos seus juristas que se revelam incapazes de interpretar  acordãos. Esta notícia prende-se com uma outra que hoje faz título no Jornal I, somando os  44  recursos interpostos por Isaltino Morais.  Entre  uma e outra aclaração, este campeão em recursos escapa à prisão num escandaloso  procedimento que atrasa o normal funcionamento dos tribunais.  É assim a Justiça em Portugal!!!

Gostaria de saber qual a posição dos partidos dos autarcas em apuros judiciais. E uma outra coisa ainda, como vai  acabar a questão da limitação de mandatos autárquicos. Espero para ver, mas esta será mais uma lei para "inglês ver", uma vez que os políticos manifestam uma memória curta. Mais  uma promessa, cujo objectivo se esvaíu entre os corredores da Assembleia da República e os gabinetes do Palácio de Belém. Tudo por culpa de juristas distraídos que, de repente, acordaram para a diferença entre um "de" e um "da". Mais um imbróglio para os Tribunais decidirem!!!

quinta-feira, 7 de março de 2013

Carne de cavalo, sim!?


A carne de cavalo tem sido notícia e continuará. Quando em  Maio de 2010 tirei esta fotografia no mercado do meu bairro estava longe de pensar no escândalo desta carne. Mais uma prova da globalização, mas  que a ASAE  tardou a admitir. Negar foi a primeira reacção desses senhores que tão "eficientes" se têm mostrado noutras ocasiões.
Passaram os dias e, em parte devido à pressão dos media, apareceram casos e mais casos de fraude em Portugal. Condena-se a fraude e esclarece-se a opinião pública acerca da riqueza da carne de cavalo. Depois alvitra-se a doação dos produtos apreendidos. Tudo bem, mas a existência de anti-inflamatóriso retira todo o crédito a esta acção benemérita...
Incompreensível ou talvez não  o descrédito a que chegou o comércio alimentar. Comer gato por lebre é o nosso fado,  ainda para mais cavalos e burros não faltam por aí!!...

sábado, 2 de março de 2013

Indignados em manifestação

Manifestação em Lisboa, fotos da Internet,

Registo de 2 de Março em que os portugueses, associando.se ao movimento europeu de indignação,  saíram à rua. Grito de descontentamento em cartazes e palavras de ordem. Expressão de  mudança que o canto de "Grândola,  vila morena" simboliza. 
Impossível resistir a esta onda humana em Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e em mais de trinta outras cidades. Mas, será  essa mensagem entendida por quem de direito? 

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Bento XVI despede-se em S. Pedro

O papa Bento XVI acabou de sair da Praça de S. Pedro. Despedida pública feita de palavras sentidas num  agradecimento fraterno dirigido aos presentes no Vaticano e a todos os que o seguiram em directo pela televisão. Comoção do adeus  do Homem que, reconhecendo  os limites da força física e anímica para enfrentar os graves problemas existentes na Igreja, resignou. Quero entender nesse testemunho de inteligência e coragem uma lição para todos nós, em qualquer estado ou condição. E, de forma mais directa, uma  linha de  rumo traçada para o seu sucessor em S. Pedro...

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Bussetto, Sant´ Agata


Sant´Agata em Busseto será sempre um lugar mítico. Por aí respira-se a memória de Verdi que soube construír um património para a eternidade. Nunca lá estive, mas ainda não desisti de  uma visita. Partir pelo prazer de observar cada recanto, absorvendo o espírito verdiano: um sonho antigo, aguçado agora pelo texto de  Jorge Calado.  Entendo-o como um desafio que compartilho...

" Não venho falar de ópera; venho lembrar Giuseppe Verdi, cujo bicentenário  do nascimento ocorre este ano. Verdi, o sábio, o lavrador, o arquitecto, o patriota, o homem de bem. Há um par de anos tive a sorte de visitar Villa Verdi - a quinta e casa em Sant´Agata, perto de Busseto, onde o compositor viveu o último meio século de vida.
Agora recebi um belo livrinho, profusamanteilustrado, que despoletou mil recordações. Lá estão as árvores exóticas que Verdi encomendou e plantou, o pequeno lago onde pescava carpas ( e onde a . mulher, Giuseppina Strepponi, ia morrendo afogada), o pedregulho onde se sentava, a colina artificial com a gruta subterrânea onde guardava. entre camadas de palha, o gelo do Inverno para uso no Verão. Para verdi. "o jardineiro, cozinheiro e cocheiro eram os verdadeiros tiranos de um casa" embora o o seu risotto alla milanese fosse famoso). Amava o campo e companhia dos animais. Lá está a coluna de mármore " à memória de um verdadeiro amigo", que marca o túmulo de Lulû, o bichon maltês.
(Giuseppina passeava-se pelos jardins com um papagaio, Loreto ao ombro). Viviam no piso térreo, levanta-se às 5 da manhã para tatar da faina  agrícola (a propriedade  que chegou aos 900 hectares) e remodelava a casa para "dar a muitos pobres operários que a miséria na classe pobre é grande, grandíssima". Construíu o Hospital de Villanova para a população local e orgulhava-se de que "na minha aldeia, o povo não emigra". "Se fosse governo, não pensava nos partidos, branco, vermelho ou preto - pensava no pão para comer." Belo exemplo para os politicos portugueses, atá para o que não vão à ópera."

Jorge Calado, Sant´Agata in Actual, 16 de Fevereiro de 2013

terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

Bento XVI renuncia


Ontem o  Papa surpreendeu o Mundo. Confesso o meu  espanto que, num primeiro momento, julguei que o Papa anunciava a sua renúncia em Italiano. Não, a solenidade do momento exigia o uso do Latim. Os media exploraram o assunto,  publicando comentários e mais comentários. Por isso, abstenho-me de mais um...

Bento XVI, uma voz frágil reveladora da sua compleição, retira-se com a dignidade merecida. Deixa a  outro a continuidade da Igreja,  Alguém com  coragem para enfrentar os problemas do nosso mundo.

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Corruptos à solta


A corrupção domina o nosso mundo. Mas o mais confrangedor é assistir à "tranquilidade" destes senhores que continuam por aí, assumindo funções públicas. Multiplicam-se os casos de políticos e gestores que prosseguem como se nada fosse: uns perdem momentaneamente a memória e o dinheiro das suas contas bancárias, o que não invalida o ressurgimento em  negócios milionários em Cabo Verde ou algures num outro paraíso. Mais escandaloso ainda, continuam a ditar as suas regras como assesores privados do Governo...
A promiscuidade entre negócios públicos e privados não dá sinais de abrandar. Eis a   tomada de posse de um novo Secretário de Estado que, segundo é público e notório, aparece como mais um gestor e governante tranquilo, esquecido das declarações prestadas na Assembleia da República...

Não venham acusar-nos de má fé, porque os registos confirmam estas faltas de pudor.É por estas e por outras que a imagem dos políticos está pelas ruas da amargura. Infelizmente, a corrupção grassa por aí como uma pandemia difícil de erradicar. Aqui ao lado, em Espanha, surgiu o PP com o seu impoluto  primeiro-ministro. E isto para não falar nos negócios do genro do Rei  e outros... No Brasil nem o Presidente Lula escapa e em Itália as negociatas de Berlusconi não têm conto.
Com o mal dos outros, estamos nós bem. Contudo, uma "linha" nos separa dos restantes países. Enquanto lá por fora, a Justiça funciona, em Portugal a corrupção extingue-se em processos que prescrevem...

sábado, 19 de janeiro de 2013

"Faltam-nos hoje mestres de humanidade:::"


A minha geração aprendeu a fazer silêncio para melhor ouvir a razão. Os dias agitados nem sempre permitem tal disciplina e é pena. Pelo silêncio aclaram-se ideias, ouve-se o coração e cria-se um espaço de harmonia para escutar os outros. Falta diálogo para aceitar outros  pontos de vista e gerar entendimentos. Falta em honestidade e coerência o que sobra em  vaidade e autoritarismo. É este o entendimento que faço do momento político em Portugal.

A propósito do Governo, Santana Lopes afirmava: "Era bom fazerem voto de silêncio durante um mês. Em vez de falarem, sentarem-se à mesa e trabalharem.". O tempo urge e as decisões apressadas e atabalhoadas, sem consenso não auguram nada de bom. Esquecidos da preocupação dos portugueses, os políticos nem atentam nas mensagens que, por diversas vias, lhes são endereçadas.  Do valor do silêncio discorre José Tolentino de Mendonça, um artigo para meditar no ruído da conjuntura actual.

" O silêncio não é simplessmente exterior. É preciso ter "silêncio no seu coração". Mas esse silêncio pede-nos, em cada dia, muita turbulência e empenho Diziam ainda os padres do deserto: "Aquele que se senta em solidão e está silencioso escapou a três guerras - ouvir, falar, ver. Terá, contudo, de travar continuamente uma batalha contra uma coisa: o seu próprio coração. Faltam-nos hoje mestres de humanidade . Faltam cartógrafos do coração humano, dos seus infindos e árduos caminhos, que, por fim, se revelam extrordinariamente simples. Faltam-nos uma nova gramática que concilie os termos que a nossa cultura tem por inconciliáveis: razão e sensibilidade, eficácia e afectos, individualidade e compromisso social, gestão e compaixão."

                                                              José Tolentino de Mendonça, in Única, 19 de Janeiro de 2013

E se o Governo fosse ao supermercado?



Tristes correm os dias em Portugal. Inverno rigoroso como rigorosas vão as notícias que os media debitam. Austeridade, anúncio de reformas e boatos de mais impostos e  novos cortes sociais. Uma ameaça apontada para os portugueses, embora nem todos sintam o mesmo peso das medidas restritivas.
Vislumbra-se um discurso político de  uma "luta de classes", um confronto inter-geracional  que se configura em diversos aspectos. Ambição desmedida de reformas que apontam num modelo ultra-liberal de sociedade contra tudo o que é Estado e serviços públicos. Uma imagem que, infelizmente,  acaba por nem contentar  todos os sectores produtivos e de comércio e serviços. Foi assim com a TSU em Setembro e deverá prosseguir nos próximos tempos...
Pensava nisto na última quinta-feira ao fazer compras em dois grandes supermercados de Lisboa. Escasso número de clientes que, de rostos carregados, miravam os preços dos produtos, escolhendo os de marca branca, mas sempre em quantidade reduzida. Na tristeza daqueles rostos lê-se o estado de depressão a que chegou o País. Foi-se a alegria, foram-se os sorrisos. Daí o desafio que lanço ao Governo, convidando-o a entrar num supermercado...uma experiência que, talvez, acorde a sensibilidade dos ministros para a qualidade de vida de muitos portugueses...

sábado, 12 de janeiro de 2013

Metro de Londres faz 150 anos


Londres, 9 de Janeiro de 1863, data da inauguração da primeira linha de metro do mundo. Um meio de transporte nascido da necessidade de resolver o congestionamento de trânsito da capital britânica que, ao tempo, era a cidade mais populosa da Europa. Quando as pessoas  formigavam por entre a confusão de  carroças e carruagens que atravancavam as bancas de toda a espécie de produtos, o comboio subterrâneo apresentava-se como solução.
Olhando as imagens de ontem e de hoje, impossível não vislumbrar  traços de  um monumento no metro londrino. Por aí passou ( e passa) a História, feita da memória da cidade cosmopolita que vivenciou longos anos de paz e alguns de guerra. Mais precisamente os dias e as noites durante a II  Guerra quando o  metro serviu de abrigo  à população ameaçada pelos bombardeamentos alemães...

Muito se progrediu nos últimos 150 anos. Dos 6,5Kms da primeira linha de um comboio ainda a vapor, Londres possui hoje uma rede com cerca de  500Kms. Esse meio de transporte inovador suscitou a admiração do "mundo" e os países mais desenvolvidos não tardaram em copiar o modelo. Por toda a parte, hoje as grandes cidades recorrem ao metro, cavando túneis  a grande profundidade: um meio de promover a circulação de milhões de pessoas que, deste modo, ganham comodidade e tempo. Uma construção feita de engenho e de esforço humano, um trabalho colectivo marcado sempre pela perda de vidas. É assim o progresso!