domingo, 24 de agosto de 2014

24 de Agosto, dia de S. Bartolomeu

As efemérides registam a memória cultural do povo. Acontecimentos, tradições, gestos e coisas que definem traços de um património cultural de uma comunidade mais ou menos alargada. Penso hoje em S. Bartolomeu e nas festas que, por esse País fora, assinalam um santo muito popular, mas cuja vida continua envolta em lenda. Diz-se que nasceu em Caná, onde ocorreu o primeiro milagre público de Jesus e que ele teria sido mesmo o noivo da boda onde o vinho faltou. É um dos 12 Apóstolos que Miguel Ângelo não se esqueceu de representar na Capela Sistina e que, ao longo dos séculos, o povo venera pelos dotes de apaziguador do demónio.

 Em Portugal o 24 de Agosto conta com inúmeros festejos contra os malefícios do demónio que, por um dia, goza da liberdade de S. Bartolomeu. Daí o dizer-se que anda o diabo à solta... De todas as mais afamadas acontecem em Esposende com as cerimónias do banho de mar das crianças e do ritual à volta à capela com um galo preto. A crença popular julga assim debelada a epilepsia e a gaquez das pobres coitadas que apanham um tremendo susto naquele forçado mergulho de mar. Ainda há que referir a crendice popular que faz recair neste dia todo o género de cataclismos naturais. Mais uma prova da acção demoníaca e por via disso um amigo meu recusa-se a viajar de avião. Daí a atenção prestada à ocorrência de tempestades que, por vezes, acontecem. Explicaram-me os entendidos que isso sucede devido à alteração de condições atmosféricas. Fica assim tudo explicado...