
Da avó paterna recebeu os traços fisionómicos, facto com que sua mãe brincava, chamando-lhe la suegra. A indole nervosa herdou-a por via materna e, tal como a infanta Isabel de Portugal, diz-se hoje que sofria de esquizofrenia. Não sendo de uma beleza rara, agradava pelos lindos olhos verdes que tanto cativaram o noivo, Filipe de Áustria, conhecido por Filipe, o Belo.
Casaram em 1496. Ela manifestava um ciúme doentio por Filipe que, embora também a amasse, mantinha as suas aventuras. Encontrava-se Joana em adiantado estado de gravidez do seu sexto filho quando Filipe morreu de forma mais ou menos inesperada, em Burgos. Então, a partir desse dia 25 de Setembro de 1506, a loucura acentuou-se. Recusando lavar-se e mudar de roupa, passou o resto dos seus dias a guardar a filha póstuma de Filipe e a venerar os restos mortais do marido. Acreditava que ele falava através de Catarina e por isso era tão ciosa dela.
Catarina de Áustria ( assim é conhecida em Portugal) casou em 1521 com D. João que, pouco tempo depois, seria D. João III. Liberta da clausura em Valhadolid, a Princesa de 14 anos servia os interesses dos dois Estados Ibéricos. Cumpria-se um enlace político, mas que, segundo parece, resultou numa união de amor, aquilo que sua mãe nunca pôde alcançar...
Recordar Joana, a Louca, remete-nos para questões como a doença e os jogos do poder político. Joana, apesar de todo o desequilibrio mental, revelava momentos de grande lucidez. Mesmo na hora da morte como narrou Francisco de Bórgia. Por outro lado, a medicina actual pode explicar a predisposição para a esquizofrenia em três gerações: Isabel (Infanta de Portugal), a avó de Joana e, seu bisneto, Carlos ( filho de Filipe II).
Sem comentários:
Enviar um comentário