Nesta tarde fria fui transportada à Guerra Civil de Espanha (1936-39) por culpa de um programa da TVE. Memória de um tempo de penúria que, durante as décadas de 1940-50, lançou os espanhóis num quotidiano de miséria ilimitada.
Ao contrário das promessas do regime franquista, vivia-se em condições penosas "sem pão e sem aquecimento". Muitos querem que esse seja um tempo de "olvido", mas já a consciência histórica recusa esquecer. Em nome de um nacionalismo de autarcia sacrificou-se o povo que, em situação sub-humana, inventou meios e recorreu a uma "cozinha criativa" para enganar a fome. O passado desses homens e mulheres cruza-se com o testemunho de alguns portugueses da raia que também colaboraram com nuestros hermanos.
A peça televisiva apresentou as duas faces deste "comércio" na fronteira entre Trás-os-Montes e a Galiza, depoimentos de dois homens que assim souberam lutar e dar a volta à vida. Este é um entre muitos casos de contrabando de que guardo ainda velhas lembranças na década de 1950 quando aparecia um espanhol a vender perfumes...Maderas de Oriente e lenços de seda.
Entretanto, os tempos evoluíram. A guerra fria trouxe a "ajuda" dos Estados Unidos, em troca de acordos militares, e Franco abriu as portas à liberalização da economia. A Espanha desenvolvia-se: os os turistas afluíram em grande número e os portugueses fizeram dessas passagens para o "lado de lá" as suas viagens ao estrangeiro. Os preços e a variedade de produtos compensavam e para mais ainda havia caramelos da V. Solano e coca cola!.
Mas o contrabando haveria de continuar e, por vezes, por ridicularias pagavam-se direitos alfandegários. Outros tempos!
Mas o contrabando haveria de continuar e, por vezes, por ridicularias pagavam-se direitos alfandegários. Outros tempos!
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