O alvo, desta vez, são os jornalistas. De outros tempos, segundo Trindade Coelho. Mas quem sabe se não persistem alguns traços nesta caracterização da classe?!...
Da obra citada na anterior mensagem, Grandes Repórteres Portugueses da I República, o texto intitula-se Contraste.
" Em toda a parte do Mundo, fora das horas regulamentares da tarefa, o verdadeiro profissional é um homem de sport, um homem de sociedade um centro de convivência. Ainda há noites, ao penetrar na arena do Coliseu, clara à luz romana de Maio, eu saudei, num ruidoso grupo de senhoras decotadas e de gentlemen evening dress, que alegremente haviam jantado no Excelsior, alguns jornalistas estrangeiros.
Encontro-os em Florença, em Veneza e no Lido; encontro-os nos dancings da moda, nos hotéis de luxo, nas grandes recepções. Têm a alma e a existência em desafogo. Possuem a alegria de viver. Trabalham, viajam, divertem-se - vivem, em suma, integrados num grande meio e num grande século.
Em Portugal, por motivos que seria longo e triste enumerar, o profissional da Imprensa é um homem que só na sua formidável energia interior encontra o estímulo que a sociedade nunca lhe concede.
Falo, é claro, do verdadeiro jornalista. Não me refiro àquele que, falido no seu segundo ano de liceu, habitualmente ingressa nas gazetas, onde logo inicia a crítica e a orientação da Coisa Pública, talvez no exemplo histórico daquela delambida filha de "Madame" que, no tumulto sanguinolento da Fronda, sossegadamente disse um dia:
- Minha mãe,: falemos dos negócios do Estado, hoje que faço cinco anos..."
Sem comentários:
Enviar um comentário