Uma imagem tão distante e tão próxima dessa quinta-feira de Abril de 1974. Horas da rádio que permitiam sonhar com um mundo melhor. Depois vieram outros dias de alegria e de confronto. E ano após ano, cumpria-se a tríade dos "dês": democratizar, descolonizar e desenvolver.
Viveu-se a esperança de um tempo novo nem sempre isento de contradições e injustiças. A década de 80 acenava com uma nova esperança que se dizia na União Europeia. Entrámos nesse "clube" com toda a pompa e circunstância. Aplausos da maioria, desconfiança de outros, agricultores e pescadores que, então, eram convidados a parar a sua actividade. Da Europa choviam os milhões para aplicar na modernização da economia e, por isso, cresceu o número de empresas de formação profissional. Com esta "modernização" multiplicaram-se os casos de corrupção. O dinheiro escorreu para os luxos desses empresários que, não tendo alterado a estrutura produtiva, engordaram as suas contas bancárias em paraísos fiscais.
Passados 39 anos desse dia de todas as esperanças, a desilusão não tem limites. Isenta de responsabilidades neste processo está a maioria dos cidadãos que agora pagam os erros de políticos e gestores públicos, de banqueiros e empresários. Cansados pelo peso dos anos, a minha geração só pode indignar-se. Uma indignação contra os responsáveis em Portugal e na Europa que tudo prometeram e nada mais sabem oferecer que austeridade. Fartos de palavras, os portugueses descredibilizam os políticos e desprezam as suas propostas vagas e inconsequentes para o desenvolvimento económico.
Mais do que em 1974, os portugueses vivem hoje em crise de esperança. Existe mesmo um ambiente de afrontamento entre gerações, activos contra reformados, privados contra funcionários públicos. Enfim, uma situação que este Governo fomentou e alguns media promovem. Que me desculpem, mas esta é a minha imagem do 25 de Abril, hoje.
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