quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vénus de Milo, ideal feminino

Manuel de Oliveira, o mais velho cineasta em actividade, continua a produzir. Mais uma estreia, Singularidades de uma Rapariga Loira, que serviu de pretexto para uma entrevista. Palavras interessantes acerca da mulher e do ideal de beleza feminino. Modelo que Oliveira vai buscar a uma escultura grega. Vénus de Milo, claro....

"(...) é que o mistério feminino muda de mulher para mulher, não é universal. A mulher é uma incógnita. O seu encanto feminino diz-nos que há nela algo que está escondido. Mas não sabemos o que é. É claro que há um lado fideísta em certas mulheres que pode tornar-se perverso. Mas não é absolutamente certo, por mais experiência que se tenha. Ninguém sabe o segredo. Ninguém pode filmar isso. É como Deus ou a morte: não se filma. A mulher é a mãe da Humanidade. Comparo-a com à Terra. E o homem à espada. O homem é a luta, a mulher a criação. Ele dá a semente, mas é a mulher que cria, protege e educa, tal como a loba etrusca fazia com Rómulo e Remo. Gosto da estátua "Vénus de Milo". O seio é discreto, o rosto delicado e a beleza não é provocatória. Não sabemos qual é a posição dos braços, porque estão partidos, mas é o seu ventre que sobressai. Naquele ventre está a Humanidade. Essa estátua é a mais famosa de todas no mundo ocidental. "
Entrevista de Francisco Ferreira a Manuel de Oliveira, Actual, Expresso, 1 de Maio 2009

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