quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Encontros de Amizade

A amizade cultiva-se. Às vezes, a geografia distancia os contactos e aos velhos amigos juntamos outros que se cruzaram no caminho da vida. E de todos eles precisamos. Os amigos da juventude entraram numa espécie de hibernação, esperando um reencontro para o despertar. Pensava nisto quando regressava de um almoço de velhas amigas, onde ocorreu a partilha de alegrias, risos e experiências de muitos anos. Tantos anos que nos pareciam um século...tal a lonjura que nos separa da Faculdade de Letras no final dos anos 60.

A sensibilidade dos poetas compreende melhor a riqueza de um amigo. Para traduzir esse sentimento Vinicius de Moraes escolheu as palavras certas...

"Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações da infância. Preciso de um amigo para não enlouquecer, para contar o que vi de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade.

Deve gostar de ruas desertas, de poças d´água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim. Preciso de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já tenho um amigo. Preciso de um amigo para parar de chorar. Para não viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que bata nos ombros sorrindo e chorando, mas que me chame de amigo, para que eu tenha a consciência de que ainda vivo"

Vinícius de Moraes


1 comentário:

goiaba disse...

Quantos amigos deixei pelo caminho... por negligência quase sempre - ou será que não eram mesmo importantes? Agora sou bem mais cautelosa.
Abraço