Notícia inesperada, a morte de Saldanha Sanches. "O estudante que nunca deixou de lutar" e "Referência de uma geração" são dois títulos do Expresso que, além do elogio, traçam o percurso do ilustre Fiscalista.
Hospitalizado em Santa Maria, e já muito doente, ainda ditou mais uma Crónica, a última, Os papa-reformas. Da denúncia de mais algumas injustiças, fica a transcrição.
"O Estado (o Governo, o primeiro-ministro) vive agrilhoado a um conjunto de compromissos políticos, arranjinhos, promessas, vassalagens dívidas que paga periodicamente em quilómetros de auto-estradas, túneis e agora, em TGV com paragens em todas as estações e apeadeiros do poder local (desenhado em cima do mapa da volta a Portugal em bicicleta). Já todos sabemos que Portugal tem mais quilómetros de auto-estradas do que muitos países desenvolvidos(...)
O que é uma verdadeira esquizofrenia é que nada se faça neste momento de verdadeiro aperto das finanças públicas. (...)
Além das vassalagens, não podemos esquecer os outros papa-reformas, profissionais da acumulação de reformas públicas, semipúblicas e privadas. Basta ver o caso do Banco de Portugal, ou outros menos imorais, que permitem que uma série de cidadãos - gente séria, acima de qualquer suspeita - se alimente vorazmente tem pensões, reformas e complementos, que começam a receber em tenra idade. M,uitas vezes até com carreiras contributivas virtuais, sem trabalho e com promoções (dizem que para isto são muito boas a Emissora/RTP e Carris).
Tudo isto, como sempre, é feito ao abrigo da lei. É que isso dos crimes contra a lei é para os sucateiros. O problema é que a lei que dá é refém dos beneficiários que tira."
In Expresso, 15 de Maio de 2010
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