
"Vi uma manifestação de pais, alunos e professores de uma escola pública, onde, dizem eles, chove em alguns locais e faz frio porque não há aquecimento na escola. Eu entrei para o ensino numa escola pública de um aldeia da Serra do Marão. Todos chegávamos a pé, por montes e vales, sob um frio indescritível, e alguns chegavam descalços. Não havia, obviamente, qualquer aquecedor na única sala de aulas, em granito, onde se amontoavam todos os alunos da 1ª à 4ª classe, com uma única professora - que não faltou um dia do ano. Não havia cadernos nem canetas, havia giz e lousa. O "recreio" era um pequeno descampado, onde jogávamos futebol com uma bola de trapos. Mais tarde, frequentei um liceu público, em Lisboa, onde também não havia aquecimento algum, o único recinto desportivo era um desmantelado campo de basquete em cimento, onde tentávamos jogar futebol de sete , e no barracão que fazia de ginásio, tínhamos de começar por limpar com esfregonas a água da chuva que caía do tecto. Que eu saiba, não morreu ninguém e, quem quis, estudou.
Nos últimos anos, os governos têm investido fortunas nas escolas públicas e nas suas condições de funcionamento. Todas as escolas que visito hoje são um verdadeiro luxo, comparadas com o que conheci nos meus tempos de de estudante - e isto para não falar já nos computadores, nas três refeições por dia, etc. os pais, os alunos e os professores que hoje estão no sistema de ensino deveriam agradecer o esforço incrível feito pelos contribuintes para que eles disponham das condições que têm. Há uma escola onde falta o aquecimento e chove em alguns lugares? Ó meninos, agasalhem-se e levem guarda-chuvas!"
Nota - A falha de aquecimento numa escola de Vila Real ficou a dever-se a uma avaria na caldeira, um problema que, entretanto, deve ter sido ultrapassado.
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