quarta-feira, 25 de maio de 2011

"Aminão", um neologismo curioso

Sempre ouvi dizer que as épocas de crise alimentam a criatividade. Exemplifico com um neologismo: Aminão, atribuído àquele que cresceu e vive à sombra do Estado. Posiciona-se ao lado do poder mas, sendo dotado de uma enorme capacidade de adaptação, muda sempre que antevê uma reviravolta política. Essa prudência camaleónica suscita o apoio entusiástico a todas as medidas restritivas, desde que isso não colida com os seus interesses pessoais. Assim se explica a composição da palavra Ami(m)não. Mais ainda: nele existe uma particular inclinação para o comentário político. Escreve nos jornais e opina na rádio e na televisão. Pressiona e determina a opinião pública, mas escusa-se ao compromisso e acção...



Do perfeito Aminão, tal como se descreve no Expresso de 14 de Maio, transcrevo um excerto da autoria do jornalista João Vieira Pereira.



"Os Aminão" são muito populares em Portugal. Possuem um elevado poder negocial fruto do mediatismo, da capacidade de lóbi ou do corporativismo. Nesta categoria caem por exemplo os gestores das maiores empresas públicas ou semipúblicas, ex-políticos (de preferência ex-ministros ) que se dedicam a gora a actividades privadas. Mas também classes inteiras como magistrados, professores ou médicos. São uma presença frequente nas televisões, jornais e rádios. O "Aminão" opina sobre o futuro do país, sobre os caminhos a seguir, os sacrifícios que são necessários fazer. Defende um Estado mais eficiente, menos gastador, com menos gente, redução das pensões, menos protecção social para os desempregados, o fim dos direitos adquiridos.


Mas a principal característica do "Aminão" é a sua capacidade camaleónica de se ajustar e fazer valer os seus ionteresses.(...)


Os "Aminão" são uma das maiores forças de bloqueio à mudança ao minarem a capacidade de se fazer reformas em Portugal. E só pensam numa coisa: "Os sacrifícios a mim não me tocam". Querem uma verdadeira medida reformista para Portugal? Acabe-se com os "Aminão".




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