quinta-feira, 7 de junho de 2012

Corpo de Deus, um feriado suspenso ou extinto?

O Governo exigiu e a Igreja aceitou a redução de dois feriados religiosos. O primeiro será o Corpo de Deus, embora o anúncio oficial registe uma suspensão por cinco anos. Ora, já todos sabemos como acabam estas promessas...


Por isso, o meu desabafo neste dia de despedida. De um dia de festa em Lisboa e em muitas localidades do país. É na capital que tem lugar a maior e mais solene procissão que chama muito povo e congrega autoridades e organizações religiosas e civis. Admito que tal manifestação religiosa pode oferecer leituras diferentes a crentes e não crentes. Mas já ninguém se atreve a negar a relevância cultural de uma festa que, desde a sua origem, obteve o apoio do do rei e a devoção do povo em Portugal.
Comentários para quê?! Tanta falta de sensibilidade política para a cultura já não espanta...



"Uma das mais antigas procissões de Lisboa, a do Corpo de Deus, foi instituída pelo Papa Urbano IV em 1264. Portugal foi um dos primeiros países a aderir à solenidade e em Lisboa, já se fazia a procissão no reinado de D. João I (1385-1433), sendo já conhecida pela pompa e pela imponência que manteve ao longo dos séculos, conjugando-se o manto real das majestades com as fardas das altas patentes do exército e da armada, ao mesmo tempo que o povo se juntava para ver a imagem de São Jorge.Sempre em Junho, a festa tinha o seu início no Castelo de São Jorge, onde a imagem do santo era colocada sobre um cavalo e percorria as ruas da cidade guardada pelo seu pajem e pelo seu escudeiro, o "homem de ferro", que segurava o estandarte de São Jorge, o padroeiro da cidade e defensor da fé cristã. Geralmente, o escudeiro era um soldado da cavalaria, designado para vestir a pesada armadura e para zelar pelo ouro e pedras preciosas que revestiam o chapéu e os trajes de São Jorge. Os criados do Paço ajudavam no transporte do santo, ao mesmo tempo que trombetas e tambores eram tocados, acompanhando a procissão.
Procissão do Corpo de Deus a sair da Sé de Lisboa, Joshua Benoliel, 1908, Arquivo Municipal de Lisboa, AFML - A3805
Quando o cortejo chegava à Catedral, era celebrada uma missa onde o Cardeal Patriarca elevava a custódia (corpo de Deus), aos presentes e a preparava para que, finda a celebração, emergisse à porta da igreja sob um mágnífico pálio, rodeado por Suas Majestades e pela nobreza, formando-se a procissão, no qual o rei e os infantes tomavam uma das varas (geralmente a primeira da direita), sendo as restantes destinadas ao Presidente do Senado da Câmara e à antiga nobreza.A procissão prosseguia o seu caminho passando pela Igreja de Santo António e pela Madalena até à baixa, percorrendo as suas principais ruas de onde partia para regressar de novo à Sé.
Anualmente, a festa do Corpo de Deus é celebrada em Portugal e em Lisboa, hoje em dia, a procissão parte dos Paços do Concelho no Largo do Município, onde é celebrada missa e dirige-se para a Sé Catedral."

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