A minha geração aprendeu a fazer silêncio para melhor ouvir a razão. Os dias agitados nem sempre permitem tal disciplina e é pena. Pelo silêncio aclaram-se ideias, ouve-se o coração e cria-se um espaço de harmonia para escutar os outros. Falta diálogo para aceitar outros pontos de vista e gerar entendimentos. Falta em honestidade e coerência o que sobra em vaidade e autoritarismo. É este o entendimento que faço do momento político em Portugal.
A propósito do Governo, Santana Lopes afirmava: "Era bom fazerem voto de silêncio durante um mês. Em vez de falarem, sentarem-se à mesa e trabalharem.". O tempo urge e as decisões apressadas e atabalhoadas, sem consenso não auguram nada de bom. Esquecidos da preocupação dos portugueses, os políticos nem atentam nas mensagens que, por diversas vias, lhes são endereçadas. Do valor do silêncio discorre José Tolentino de Mendonça, um artigo para meditar no ruído da conjuntura actual.
" O silêncio não é simplessmente exterior. É preciso ter "silêncio no seu coração". Mas esse silêncio pede-nos, em cada dia, muita turbulência e empenho Diziam ainda os padres do deserto: "Aquele que se senta em solidão e está silencioso escapou a três guerras - ouvir, falar, ver. Terá, contudo, de travar continuamente uma batalha contra uma coisa: o seu próprio coração. Faltam-nos hoje mestres de humanidade . Faltam cartógrafos do coração humano, dos seus infindos e árduos caminhos, que, por fim, se revelam extrordinariamente simples. Faltam-nos uma nova gramática que concilie os termos que a nossa cultura tem por inconciliáveis: razão e sensibilidade, eficácia e afectos, individualidade e compromisso social, gestão e compaixão."
José Tolentino de Mendonça, in Única, 19 de Janeiro de 2013
" O silêncio não é simplessmente exterior. É preciso ter "silêncio no seu coração". Mas esse silêncio pede-nos, em cada dia, muita turbulência e empenho Diziam ainda os padres do deserto: "Aquele que se senta em solidão e está silencioso escapou a três guerras - ouvir, falar, ver. Terá, contudo, de travar continuamente uma batalha contra uma coisa: o seu próprio coração. Faltam-nos hoje mestres de humanidade . Faltam cartógrafos do coração humano, dos seus infindos e árduos caminhos, que, por fim, se revelam extrordinariamente simples. Faltam-nos uma nova gramática que concilie os termos que a nossa cultura tem por inconciliáveis: razão e sensibilidade, eficácia e afectos, individualidade e compromisso social, gestão e compaixão."
José Tolentino de Mendonça, in Única, 19 de Janeiro de 2013
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