Finalmente, Lisboa vai concretizar um plano de "via verde". Significa isto que, até 2011, os lisboetas poderão passear em vastos corredores verdes, sem recear o incómodo da circulação automóvel, cultivar uma horta ou desfrutar o prazer de novos parques.
A tradição das hortas em Lisboa é tão antiga como a própia cidade. Mas o tempo não perdoa e esses espaços hortícolas acabaram confinados à periferia. No entanto, sempre existiram excepções. E assim foi que, na década de 1960, ainda pude observar belas couves galegas no Castelo de S. Jorge...
Da maior justiça será lembrar aqui o arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles que, pela sua sabedoria e lucidez, soube defender o melhor para a cidade, opondo à onda de cimento armado um "plano verde": um projecto, finalmente, em vias de concretização!
Se tudo correr como o previsto, será a conquista de algumas dezenas de hectares de terras agrícolas, o que que não é de somenos importância. Dar aos lisboetas a possibilidade de cultivar a "sua horta" pode também ser entendido como uma boa notícia em tempo de crise. Muitas famílias poderão retirar daí o sustento de suas casas e, quem sabe, até vender os excedentes...
Nada que não aconteça já em Lisboa. Casos pontuais que nos remetem para as dachas da velha Rússia e que a Revolução de 1917 não conseguiu extinguir. Então, repartidas em pequenos lotes, cada nova dacha significava o "modo de produção" do agregado familiar, isto é, a resposta à necessidade dos bens alimentares básicos.
Curiosamente, esta produção, à maneira de jardim, atravessou o tempo do regime soviético e contribuíu para abastecer as grandes cidades, colmatando a ineficácia da economia estatizada...
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