segunda-feira, 30 de março de 2009

Maurice Jarre


Dr. Jivago, o livro de Boris Pasternack adaptado ao cinema, permanece na nossa memória: a História e a ficção em belas imagens fotográficas e sonoras.

Maurice Jarre, o compositor da música deste filme (e de muitos outros, como Lawrence da Arábia), faleceu hoje aos 84 anos. E não existe melhor meio de lhe prestar homenagear do que a lembrança da sua música!...

domingo, 29 de março de 2009

Desastre da Ponte das Barcas


Dia 29 de Março de 1809. Desastre da Ponte das Barcas no Porto, duzentos anos de um acontecimento trágico.

Cerca de quatro mil pessoas que, fugindo dos franceses que invadiam a cidade, acabaram por morrer afogadas no Douro. A dimensão da tragédia foi tal que alguns franceses, tocados pela aflição das pessoas em pânico, tentaram auxiliar os náufragos e resgatar os mortos...

E para que a memória não esqueça o passado há dois séculos, registe-se a inauguração de uma peça de Souto Moura: duas barras de aço que abraçam as duas margens do Rio, onde outrora se prendiam amarras de uma ponte...

Segredo


Porque é Primavera e os passarinhos fazem o ninho...fica um segredo de Miguel Torga!

Segredo

Sei um ninho.
E o ninho tem um ovo.
E o ovo, redondinho,
Tem lá dentro um passarinho
Novo.

Mas escusam de me atentar:
Nem o tiro, nem o ensino.
Quero ser um bom menino
E guardar
Este segredo comigo.
E ter depois um amigo
Que faça o pino
A voar...
Miguel Torga, in "Diário VIII"

sábado, 28 de março de 2009

Anunciação


O pretexto advém da festa da Anunciação que o calendário litúrgico assinalou no dia 25.

Escolhi a mais famosa representação da Anunciação, a de Leonardo de Vinci. Executada a óleo sobre madeira, cerca de 1472-76, esta obra marca a primeira fase da carreira do mais criativo e original artista do Renascimento. Embora reconhecendo algumas falhas técnicas, os entendidos não podem negar a harmonia e beleza da composição. Vale a pena demorar o olhar e identificar o carácter do génio que foi De Vinci.

Exposta na Galeria dos Ofícios em Florença, a Anunciação atrai uma multidão de visitantes que nunca se cansa de observar e comentar ... em sussurro ou em tom mais audível.
Bem podia dizer-se uma "babel linguística" em torno de uma obra universal!

sexta-feira, 27 de março de 2009

Nazaré


Haverá algum português que nunca tenha ouvido falar da Nazaré?
Atrevo-me a dizer que toda a gente "conhece" alguma coisa desta terra piscatória. E, se não, lembre-se o Santuário a Nossa Senhora da Nazaré, cujo imaginário remonta ao Rei-fundador, e o folclore: valores suficientes para inscrever esta terra na lista de lugares a visitar.

Vila piscatória que o tempo transformou em cidade. Progresso que não pode esvaziar o passado ainda persistente nas manifestações populares, na literatura e nas artes.

Raúl Brandão, escritor que alimenta o gosto por lugares e tipos humanos que a tradição manda respeitar, deve ser lido e apreciado. No dizer de Vitorino Nemésio livros como Os Pescadores e As ilhas Desconhecidas "constituem cadernos de viagem e documentários do habitat português em que as notas objectivas, os pormentores de informação, o estilo de vida das populações especializadas no trabalho tornam positivo e convincente o fresco poético e dramático que se sente ser a preocupação dominante do escritor."

Ler Os Pescadores e visitar a Nazaré, um programa para um fim de semana. http://www.vidaslusofonas.pt/raulbrandao.htm

A riqueza etnográfica e musical inspirou artistas de todo o género. Nazaré, composição musical de Frederico de Freitas e coreografia de Francis Graça, interpretada pelo grupo Verde Gaio.
Criado com o patrocínio de António Ferro, Verde Gaio assumia-se como "bailado moderno" à maneira dos Ballets Russes de S. Diaghilev, revelar-se-ia uma espécie de atelier notável a nível técnico e de expressão etnográfica. Aí pontificaram também excelentes pintores e designers. Por tudo isso, apetecia-me rever o bailado Nazaré . E se, por acaso, a RTP me ouvisse?!..

Assim se prova como basta um nome, uma palavra para entrar em divagação. Uma viagem no espaço e no tempo que contem tantas vias e caminhos!

Grande é o Tejo...

Mar, "memória das naus"

Na sequência da mensagem anterior, note-se como Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) viu o Tejo, comparando-o com o rio da sua aldeia...

Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia

O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.

O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia.

E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.

O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.

Alberto Caeiro, Guardador de Rebanhos

Sino da minha Aldeia

Escaroupim, aldeia piscatória (margem esquerda do Tejo).

No Dia do Teatro registo uma voz que, apesar do tempo, continua viva na nossa memória. João Villaret declama Fernando Pessoa: actor e autor numa simbiose perfeita!

A imagem escolhida transporta-nos até uma aldeia, onde o sino sobressai por entre o casario branco. E ainda o espelho de água a querer impôr-se às palavras ditas e lidas, esse outro símbolo da terra-natal: o "rio da nossa aldeia", um grande rio ou um escasso fio de água...


Oh! Sino da minha Aldeia

Oh! sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.


Fernando Pessoa




quarta-feira, 25 de março de 2009

Homem-aranha

Regularmente ouço a TSF pela manhã. Informação, boa disposição e uma "actualidade" que escapa a outros media. Comentário ou crónica que acompanho no seu horário de transmissão, mesmo que para isso tenha de adaptar a rotina dos meus afazeres.

Entre essas rubricas quero salientar Sinais de Fernando Alves, jornalista atento e sensível a pequenas e grandes notícias ou pormenores do país e do mundo. Uma reflexão que traduz o espírito crítico do autor que nem por isso abandona o tom poético e positivo.

Na crónica de hoje que Fernando Alves intitulou Homem-aranha aborda-se o problema de crianças e jovens desadaptados. Duas "estórias" , ocorrida na Tailândia, a primeira: um menino autista que, tendo subido ao parapeito da janela, corria perigo de queda; a outra, passou-se no Canadá. Em ambas sobressai o amor do homem pela criança ( que bem poderia ser seu filho) e pelo adolescente que se desviou dos caminhos da escola e do trabalho.

Nada melhor que dar voz ao Autor para compreender e avaliar a prática de metodologias pouco convencionais, estratégias criativas para solucionar casos distintos e difíceis. Uma crónica perfeita pelo forma e conteúdo, uma narrativa poética que reflecte o mais puro sentimento humano.

http://tsf.sapo.pt/podcast/files/sin_20090325.mp3

domingo, 22 de março de 2009

De novo, Bach




Ninguém fica indiferente ao génio de Bach!

sábado, 21 de março de 2009

Escutando as Aves



Ainda na onda da Primavera, obrigatório escutar o canto das aves. E por que não tentar compreender a sua linguagem?

sexta-feira, 20 de março de 2009

Primavera e Alergias


Entre as quatro estações do ano, hesito na escolha. Afinal, do que gosto mesmo é da Natureza e nada mais importa. Para quem aprecia tanto flores como eu, há um senão na Primavera, as alergias provocadas pelos pólens...

Um incómodo que este ano começou mais cedo. Isto trouxe-me à lembrança um episódio ocorrido com uma turma de 7º ano nos meados da década de 80 quando fui atingida por uma crise primaveril precoce. Espirros, nariz pingando e olhos chorosos davam-me um ar infeliz e cansado que em nada se coadunava com a força daquelas crianças que, embora simpáticas e bem comportadas, tinham a agitação da idade reforçada pelo calor daqueles dias de Sol...

E neste estado de coisas e, considerando que todos devemos respeitar os limites dos outros, pedi-lhes que se portassem bem e, por regra, assim sucedia. No dia 21 ou 22 de Março ( não sei precisar), a Inês, sem nada dizer, deixou uma folha de jornal na secretária. Peguei e li um artigo de A Capital do dia anterior, cujo título dizia mais ou menos: Começou a Primavera, ponha o seu filho a nadar! "Obrigada, Inês!" disse, sorrindo para ela que, no seu lugar junto à janela, corou muito!

Foi um pequeno gesto que nunca esqueço. Mais tarde, voltei a ser professora da Inês que continuava uma menina discreta. Entretanto, perdi-a de vista, mas sei que está bem e é mãe. Oxalá os seus filhos não precisem de natação para aliviar as alergias!...

E, depois de mais um regresso ao passado, deixo uma sugestão: Deliciem-se com a Natureza e tratem os outros com ternura! Fica o endereço! http://web.educom.pt/pr1305/estacano.htm

Primavera

Hoje, o calendário registou a chegada da Primavera...
Viva a Primavera! Sol, renovação, flores... alegria de viver e poesia!

Fernando Pessoa (Alberto Caeiro) ansiava pela chegada da Primavera, perspectivando outras primaveras...


Quando vier a Primavera

Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.

A realidade não precisa de mim.
Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma
Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro

quinta-feira, 19 de março de 2009

Pedro de Santarém


Conhecem Pedro de Santarém? Não, não é o navegador ou o diplomata da época dos Descobrimentos. Trata-se de um homónimo que remete para outra história, a de um Menino de Angola, Menino da Guerra, tal como se intitula a peça hoje transmitida pela TSF http://tsf.sapo.pt/PaginaInicial/AudioeVideo.aspx?content_id=1174996.

Trabalho radiofónico interessante pela forma como associa a narrativa-dramatizada com a "fala" dos principais personagens. Depoimentos emotivos que nos levam às memórias de uma criança de 5-6 anos e de militares em teatro de guerra, um ambiente feito de carinho e abnegação.

Pois, o Pedro de Santarém também faz parte das minhas memórias. Conheci-o em 1963, salvo erro no dia 3 de Setembro. Muito direito, cabeça levantada e bivaque preso ao ombro, marchava garbosamente à frente do pelotão da Escola Prática de Cavalaria que, cumprida a sua missão em Angola, aportara a Lisboa no Niassa.

Comentava há dias o facto de a História ser feita de casos, grandes e pequenos gestos ou situações. Parecendo pequeno, este inclui-se no rol dos grandes gestos, do mais puro que existe na natureza humana, a começar no militar alentejano, o Aljustrel, passando depois por todos os militares.

Comovedor ouvir o Pedro dizer que o pelotão substituiu a sua mãe, o seu pai e irmãs. De notar a superprotecção ansiosa dos soldados que chegaram ao ponto de o empanturrar e, depois, a atenção e cuidado com que o médico, dr. Noronha, tratou os efeitos daquele distúrbio intestinal. Escusado será dizer que tudo isto acontecia com a anuência do capitão Ricardo Durão que, entretanto, levantava já a questão acerca do futuro do Pedro. E, mais uma vez, a sensibilidade de um homem, alferes Sá que, tendo contado a situação a sua Mãe, obteve desta a disponibilidade generosa para receber o Pedro como um filho...

A peça radiofónica realça ainda as peripécias do embarque do Pedro que, pela mão do dr. Noronha, viu a sua entrada recusada pelo Comandante do navio. Muito haveria ainda para contar, nomeadamente acerca da família de acolhimento e do médico, entretanto, falecido. Estive com o dr. Noronha e a sua noiva (esposa, depois ) em vários encontros proporcionados pelo meu primo A., alferes nesse mesmo pelotão em Angola. Ainda o lembro: estatura média, introvertido, esboçando um sorriso meio envergonhado sempre que se falava dos cuidados médicos prestados!..


Nota: Tenho ideia que a fotografia do Pedro, menino-soldado, foi publicada em jornais desse tempo. Gostava de revê-la. Quanto à narrativa desta "estória", pode também ser lida em Guerra de África, de José Freire Antunes, vol.I, pp. 250-252, segundo o relato do general Ricardo Durão.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Gratidão


Gratidão, sentimento e atitude para uma vida feliz. Cultivemos esta prática que, além do bem-estar emocional, garante a longevidade.

Esta é a opinião do psicólogo Robert A. Emmons que acaba de publicar Obrigado! Afirma-se na Única que "os efeitos ( da gratidão) são sentidos não só pelos próprios como por aqueles com quem eles se relacionam".

E porque "saber agradecer pode melhorar o nosso bem-estar físico e emocional", transcrevo alguns excertos.

O poder da gratidão

É, literalmente, uma das poucas coisas que pode mudar a vida de uma pessoa (...)

Acredito que que não poderemos ser verdadeiramente humanos se não reconhecermos e expressarmos gratidão a todos aqueles de quem a nossa vida depende. A gratidão é a nossa melhor abordagem à vida. Quando as coisas correm bem, permite-nos celebrar esses momentos. Quando correm mal, permite-nos pôr a vida em perspectiva." (...) faz de nós pessoas mais felizes. (...)

As consequências de uma vida em gratidão são mensuráveis. (...) Não se trata de retórica moral. São observações empíricas sobre o impacto da gratidão na vida das pessoas".

Revista Única, Expresso, 14 Março 2009.

terça-feira, 17 de março de 2009

As Crianças, Senhor?...


Nestes dias de "Inverno estival" recordo a Balada da Neve, de Augusto Gil, que as crianças da minha geração aprendiam no final da Instrução Primária. Palavras ditas que, de certo, não alcançavam o sentido crítico que o Poeta lhes deu: "...mas as crianças, Senhor, por que lhes dais tanta dor, por que padecem assim?"

O sofrimento das crianças será sempre difícil de entender, especialmente se acontece em países desenvolvidos que se prezam de respeitar os direitos humanos. Em menos de uma semana, Portugal surpreendeu-nos. Ocorrências tristes resultantes de negligência, de incúria e de irresponsabilidade dos pais.

A poucos passos do Infantário, uma criança de 9 meses morreu no interior de um carro, esquecida pelo pai que, sem qualquer inquietação aparente, cumpriu a sua manhã de trabalho no escritório.
Domingo, um grupo de crianças pequenas brincava numa praia nos arredores de Matosinhos. Uma onda mais forte arrastou-as, tendo desaparecido um menino de 4 anos.
Ainda no fim de semana, dois irmãos de 9 e 4 anos brincavam no interior de um carro que acabou por cair destravado por uma ravina de cerca de 20 metros. Transportados para um hospital do Porto, os meninos foram transferidos para Lisboa, continuando em estado grave em Santa Maria.
Ontem em Felgueiras, uma criança de 19 meses caíu da varanda de um 5º andar, estando os pais em casa.

Apenas alguns exemplos de um assunto que dá para reflectir...

Gracias a la Vida...




Quando tantos desesperam, faz bem pensar como é bom viver!...

quarta-feira, 11 de março de 2009

Guerra Colonial


Começou hoje na RTP a segunda série documental de A Guerra que, tal como a anterior, espero seguir com regularidade. Trata-se de um trabalho que visa a compreensão de fenómenos e acontecimentos de ordem política e militar de uma época que a minha geração viveu intensamente.

Julgo que ninguém fica indiferente a este passado recente que acompanha o conflito nas duas frentes desta Guerra (1961-1974). Um título simples, A Guerra, ou determinado à sua escolha: Guerra Colonial, Guerra de África...tanto faz! O certo mesmo é que, por ali, vemos e recordamos personalidades e gente anónima, ouvimos comentários de militares e civis, políticos e historiadores... uns ainda vivos e outros que já não...

Cada episódio pode ser visto à luz da "grande política"ou do pormenor da petite histoire que, nós os velhos, temos o dever de contar aos mais novos. Apetecia-me fazê-lo, tomando como exemplo a dificuldade da rede de comunicação desse tempo... O correio que, à distância de muitos dias ou até um mês, chegava ao interior de Angola, da Guiné ou de Moçambique. E, então, era ver a ânsia com que o feliz contemplado lia a sua carta ou aerograma! Confessava um destes combatentes que, na tentativa de animar o colega a quem falhara a correspondência, lia em voz alta a sua carta acabada de receber !

Repito, apetecia-me contar estas coisas aos mais novos e logo, eles que não passam sem telemóvel nas aulas! E, se me fosse permitido, havia de recordar a angústia do militar distante que ansiava por saber notícias do familiar doente ou do nascimento do seu primeiro filho. Algo que haveria de chegar com muitos dias de atraso!...

Lembrava tudo isto nesta quarta-feira, tendo presente as cartas que, do interior de Angola, António Lobo Antunes escrevia a sua mulher! Mais uma "estória de vida", mas não será da vivência de casos como este que também se faz a História?!


Nota: Não conheço a obra, cujo rosto encabeça esta mensagem, mas, de certo, há-de valer a pena consultar...

domingo, 8 de março de 2009

Efemérides

B. Murillo, S. João de Deus

Este dia 8 de Março chega-nos pleno de efemérides que vale a pena registar!

Ainda esta manhã lembrava o nascimento de um poeta e já remeto para outra personalidade portuguesa. Santo e, por acaso, conhecido pelo mesmo nome. S. João de Deus que, tendo nascido em Montemor-o-Novo neste dia no ano de 1495, cedo trocou a sua terra natal pela vizinha Espanha, onde faleceu também num 8 de Março (1550).

É também o Dia da Mulher, uma comemoração que surgiu na sequência de uma manifestação de operárias têxteis em Nova Iorque (1857). Assinalar este dia significa dizer que persistem as desigualdades entre sexos, uma situação que merecia ser devidamente analisada, debatendo a origem de tais disparidades. Derivam só da força masculina? E que fazemos nós, mulheres, contra isso?

Três efemérides marcadas por um traço comum: o interesse e preocupação pelos mais fracos e indefesos. Duas personalidades: o poeta e pedagogo, o santo e "pastor" e, finalmente, a mulher abnegada e protectora.

Para conhecer um pouco da biografia de S. João de Deus, fica a transcrição da Wikipédia.

João Cidade deixou Montemor-o-Novo aos 8 anos de idade e dirigiu-se a Oropesa onde foi pastor de gado. Alistou-se no exército e tomou parte na conquista de Fuenterabia, então ocupada pela França. Ao abandonar a vida militar, voltou ao ofício de pastor em Oropesa, Sevilha, Ceuta e Granada.

Em Granada ouviu os sermões do Padre José de Ávila e ficou tão impressionado e exaltando o seu espírito religioso, confessou publicamente todos os erros da sua vida passada e para mais clara demonstração do seu arrependimento, andou percorrendo a cidade ferindo o peito com pedras, e manchando o rosto com lama. Devido ao seu estado lastimoso foi dado como louco e internado num hospício, onde permaneceu muitos anos.

Com um espírito mais sereno, para o qual contribuiu o Padre João de Ávila, João Cidade saiu do Hospício, e foi visitar o Mosteiro de Guadalupe, voltando depois para Granada onde fundou em 1539 um Hospital para doenças contagiosas e incuráveis. Daí em diante dedicou-se ao serviço deste Hospital. Fundou assim a ordem dos Irmãos Hospitaleiros, a qual foi confirmada, debaixo da regra de Santo Agostinho, pelo Papa Pio V em 1 de Janeiro de 1571.

João Cidade foi beatificado pelo Papa Urbano VIII em 28 de Outubro de 1630 e canonizado em 16 de Outubro de 1690, pelo Papa Alexandre VIII, sendo no entanto a sua Bula expedida após a sua morte, pelo seu sucessor Papa Inocêncio XII.

São João de Deus é o padroeiro dos hospitais, dos doentes e dos enfermeiros. A sua memória litúrgica é celebrada a 8 de Março.

João de Deus


Neste dia no ano de 1830, em S. Bartolomeu de Messines, nascia João de Deus. Poeta e pedagogo, cujo nome ficará para sempre associado à Cartilha Maternal e ao ensino pré-escolar.

E porque o tempo é de crise, que tal recordar a Cigarra e a Formiga?

Como a cigarra o seu gosto
É levar a temporada
De Junho, Julho e Agosto
Numa cantiga pegada,
De Inverno também se come,
E então rapa frio e fome!
Um Inverno a infeliz
Chega-se à formiga e diz:
- Venho pedir-lhe o favor
De me emprestar mantimento,
Matar-me a necessidade;
Que em chegando a novidade,
Até faço um juramento,
Pago-lhe seja o que for.
Mas pergunta-lhe a formiga:
"Pois que fez durante o Estio?
"- Eu, cantar ao desafio."
Ah cantar? Pois, minha amiga,
Quem leva o Estio a cantar,
Leva o Inverno a dançar

sábado, 7 de março de 2009

Milagre do Magalhães!

Nome de pessoa, por sinal um navegador ilustre do século XVI, o Magalhães entrou definitivamente nas bocas do mundo como pequeno computador portátil. Símbolo das novas tecnologias em que o Governo aposta como instrumento milagroso para os bons resultados escolares...

Não desdenho a importância do progresso, mas sempre desconfiei destes arroubos pelas últimas novidades. Acho totalmente desadequado o uso desta ferramenta por crianças que ainda mal sabem ler, escrever e contar.

As imagens dadas pela TV corroboram esta opinião, uma vez que o Magalhães tem servido mais para jogar do que como instrumento de trabalho. E se tal não bastasse, veja-se o que os media nos dizem a respeito. Passo a transcrever.



ME manda retirar software do «Magalhães» com erros


O Ministério da Educação solicitou a remoção de software associado a uma aplicação de um jogo instalada nos computadores Magalhães após a detecção de graves erros de português, segundo uma nota hoje divulgada.

Os erros mais de 80 erros, entre os quais «gravar-lo», «puxando-las», «acabas-te», «básicamente», «fês», «caêm», fizeram hoje capa no semanário Expresso.

Segundo o jornal, o Ministério da Educação deu sexta-feira ordem para as escolas retirarem dos computadores Magalhães o software de jogos didácticos depois de o Expresso confrontar o Executivo com os erros de ortografia, gramática e sintaxe nas instruções dos jogos incluídos no ambiente de trabalho Linux.

Em nota hoje divulgada, a Direcção-Geral de Inovação e Desenvolvimento Curricular (DGIDC) refere que já solicitou à empresa JP Sá Couto a remoção do software associado a uma aplicação de um jogo instalada nos computadores Magalhães, depois de detectados erros ortográficos que o Ministério da Educação considera «intoleráveis.


In Jornal Digital, 7 de Março


Nota - Afinal, o Magalhães não serviu a aprendizagem, antes confundiu. E já agora mais uma crítica, foi necessário tanto tempo para detectar os erros?!
Por tudo isto, só devem estar felizes as escolas, pais e alunos que ainda não acederam ao famigerado Magalhães!!! Sempre há males que vêm por bem...


Con te partirò




Uma interpretação inesquecível!

sexta-feira, 6 de março de 2009

Ser Mulher


Nem toda a gente gosta de receber mensagens, mas não é o meu caso. Divididas em vários géneros ( lazer e cultura, informação e denúncia... ), todas merecem a mesma atenção, o sinal de um amigo que se lembra de nós!.

A actualidade fornece um manancial temático que a criatividade multiplica em formas e expressões. Para comprovar, refiro as últimas a propósito do Dia da Mulher que se aproxima. Mensagens amáveis e elogiosas, recheadas de lindas palavras e imagens que nos desvanecem e estimulam.

De entre tantas, respiguei duas ideias que falam no "comportamento contraditório" da mulher: chora de felicidade e, estando nervosa, ri. Riso nervoso que, tal como as lágrimas, significa sentir-se feliz.

Permitam-me discordar desta apreciação. Trata-se, afinal, de um registo de emoções que todos nós, mulheres e homens, sentimos e exprimimos. Manifestações de sensibilidade que, não sendo exclusivo da mulher, parecem resultar mais da diversidade das pessoas do que da distinção de sexo!..

quarta-feira, 4 de março de 2009

Como Ulisses...


Como Ulisses te busco e desespero

Como Ulisses te busco e desespero
como Ulisses confio e desconfio
e como para o mar se vai um rio
para ti vou. Só não me canta Homero.

Mas como Ulisses passo mil perigos
escuto a sereia e a custo me sustenho
e embora tenha tudo nada tenho
que em te não tendo tudo são castigos

Só não me canta Homero.Mas como Ulisses
vou com meu canto como um barco
ou vindo o teu chamar - Pátria Sereia
Penélope que não te rendes - tu

que esperas a tecer um tempo ideia
que de novo o teu povo empunhe o arco
como Ulisses por ti nesta Odisseia.

Manuel Alegre