sexta-feira, 27 de março de 2009

Sino da minha Aldeia

Escaroupim, aldeia piscatória (margem esquerda do Tejo).

No Dia do Teatro registo uma voz que, apesar do tempo, continua viva na nossa memória. João Villaret declama Fernando Pessoa: actor e autor numa simbiose perfeita!

A imagem escolhida transporta-nos até uma aldeia, onde o sino sobressai por entre o casario branco. E ainda o espelho de água a querer impôr-se às palavras ditas e lidas, esse outro símbolo da terra-natal: o "rio da nossa aldeia", um grande rio ou um escasso fio de água...


Oh! Sino da minha Aldeia

Oh! sino da minha aldeia,
Dolente na tarde calma,
Cada tua badalada
Soa dentro de minha alma.

E é tão lento o teu soar,
Tão como triste da vida,
Que já a primeira pancada
Tem o som de repetida.

Por mais que me tanjas perto
Quando passo, sempre errante,
És para mim como um sonho.
Soas-me na alma distante.

A cada pancada tua,
Vibrante no céu aberto,
Sinto mais longe o passado,
Sinto a saudade mais perto.


Fernando Pessoa




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