Começou hoje na RTP a segunda série documental de A Guerra que, tal como a anterior, espero seguir com regularidade. Trata-se de um trabalho que visa a compreensão de fenómenos e acontecimentos de ordem política e militar de uma época que a minha geração viveu intensamente.
Julgo que ninguém fica indiferente a este passado recente que acompanha o conflito nas duas frentes desta Guerra (1961-1974). Um título simples, A Guerra, ou determinado à sua escolha: Guerra Colonial, Guerra de África...tanto faz! O certo mesmo é que, por ali, vemos e recordamos personalidades e gente anónima, ouvimos comentários de militares e civis, políticos e historiadores... uns ainda vivos e outros que já não...
Cada episódio pode ser visto à luz da "grande política"ou do pormenor da petite histoire que, nós os velhos, temos o dever de contar aos mais novos. Apetecia-me fazê-lo, tomando como exemplo a dificuldade da rede de comunicação desse tempo... O correio que, à distância de muitos dias ou até um mês, chegava ao interior de Angola, da Guiné ou de Moçambique. E, então, era ver a ânsia com que o feliz contemplado lia a sua carta ou aerograma! Confessava um destes combatentes que, na tentativa de animar o colega a quem falhara a correspondência, lia em voz alta a sua carta acabada de receber !
Repito, apetecia-me contar estas coisas aos mais novos e logo, eles que não passam sem telemóvel nas aulas! E, se me fosse permitido, havia de recordar a angústia do militar distante que ansiava por saber notícias do familiar doente ou do nascimento do seu primeiro filho. Algo que haveria de chegar com muitos dias de atraso!...
Lembrava tudo isto nesta quarta-feira, tendo presente as cartas que, do interior de Angola, António Lobo Antunes escrevia a sua mulher! Mais uma "estória de vida", mas não será da vivência de casos como este que também se faz a História?!
Nota: Não conheço a obra, cujo rosto encabeça esta mensagem, mas, de certo, há-de valer a pena consultar...
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