sexta-feira, 27 de março de 2009

Nazaré


Haverá algum português que nunca tenha ouvido falar da Nazaré?
Atrevo-me a dizer que toda a gente "conhece" alguma coisa desta terra piscatória. E, se não, lembre-se o Santuário a Nossa Senhora da Nazaré, cujo imaginário remonta ao Rei-fundador, e o folclore: valores suficientes para inscrever esta terra na lista de lugares a visitar.

Vila piscatória que o tempo transformou em cidade. Progresso que não pode esvaziar o passado ainda persistente nas manifestações populares, na literatura e nas artes.

Raúl Brandão, escritor que alimenta o gosto por lugares e tipos humanos que a tradição manda respeitar, deve ser lido e apreciado. No dizer de Vitorino Nemésio livros como Os Pescadores e As ilhas Desconhecidas "constituem cadernos de viagem e documentários do habitat português em que as notas objectivas, os pormentores de informação, o estilo de vida das populações especializadas no trabalho tornam positivo e convincente o fresco poético e dramático que se sente ser a preocupação dominante do escritor."

Ler Os Pescadores e visitar a Nazaré, um programa para um fim de semana. http://www.vidaslusofonas.pt/raulbrandao.htm

A riqueza etnográfica e musical inspirou artistas de todo o género. Nazaré, composição musical de Frederico de Freitas e coreografia de Francis Graça, interpretada pelo grupo Verde Gaio.
Criado com o patrocínio de António Ferro, Verde Gaio assumia-se como "bailado moderno" à maneira dos Ballets Russes de S. Diaghilev, revelar-se-ia uma espécie de atelier notável a nível técnico e de expressão etnográfica. Aí pontificaram também excelentes pintores e designers. Por tudo isso, apetecia-me rever o bailado Nazaré . E se, por acaso, a RTP me ouvisse?!..

Assim se prova como basta um nome, uma palavra para entrar em divagação. Uma viagem no espaço e no tempo que contem tantas vias e caminhos!

Sem comentários: