Os funcionários da France Telecom atingiram o limite da capacidade de resistência. Em nome da reestruturação acontecem despedimentos e mobilidade, desfazem-se equipas e exige-se uma rápida adaptação a novos lugares.
Pela rendibilidade da empresa sacrifica-se o bem-estar dos trabalhadores que, perdendo as referências de conviviabilidade laboral e familiar, entram em stress e depressão. O clima de abatimento generalizado assumiu tais proporções que levou à intervenção do Governo.
Para que conste fica o registo noticioso. E, então que mais acrescentar, sendo tão óbvias as conclusões?
PARIS, França — O governo francês decidiu intervir na crise que afeta a gigante das telecomunicações France Telecom depois do suicídio de 23 trabalhadores no último ano e meio, que os sindicatos atribuem ao estresse e à reestruturação interna provocada pela crise financeira.
O ministro francês do Trabalho, Xavier Darcos, convocou o presidente do grupo, Didier Lombard, a quem receberá na terça-feira, e pediu, ao lado da ministra da Economia, Christine Lagarde, que convoque um conselho de administração dedicado ao assunto.
"É uma obrigação, um dever, para a empresa e o governo, que é um acionista importante, abordar este assunto", afirmou o secretário-geral da presidência francesa, Claude Gueant.
O Estado francês é o principal acionista da France Telecom (26%), privatizada em 1997.
Lagarde pediu uma investigação profunda do problema para descobrir se a reestruturação ou as mudanças no sistema de trabalho provocaram os suicídios, depois de considerar que "são 23 histórias individuais, mas são todas na mesma empresa e geralmente são a expressão de uma grande inquietação e de uma grande solidão na empresa".
Lagarde pediu uma investigação profunda do problema para descobrir se a reestruturação ou as mudanças no sistema de trabalho provocaram os suicídios, depois de considerar que "são 23 histórias individuais, mas são todas na mesma empresa e geralmente são a expressão de uma grande inquietação e de uma grande solidão na empresa".
"Não são dramas pessoais", respondeu o secretário-geral da CFDT, um dos principais sindicatos da França, Francois Chereque.
"O suicídio é resultado de determinadas dificuldades pessoais, mas cometê-lo no local de trabalho é um pedido de atenção sobre um problema diretamente vinculado ao lugar em que acontece".
Desde fevereiro de 2008, 23 funcionários da France Telecom se suicidaram e a tragédia mais recente aconteceu na sexta-feira passada, quando uma mulher de 32 anos se jogou pela janela do escritório em Paris.
Os sindicatos atribuem os suicídios aos métodos de gestão no grupo, um gigante mundial das telecomunicações que tem 100.000 funcionários da França.
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