Da Índia veio o elefante que muito deu que falar. Meses de uma viagem longa para uma curta estada em Lisboa, onde houve por nome Salomão. Logo decidiu el-Rei ofertá-lo a Maximiliano II da Áustria, privando os portugueses desse animal exótico que tanta admiração causava. Nada mais restava a Salomão que preparar-se para mais uma longa jornada, calcorrear montes e vales através de meia-Europa até atingir o seu destino. E assim aconteceu, porque "sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam"...
Deste episódio saíu a "história" que José Saramago compôs em A Viagem do Elefante. Criatividade, ironia e capacidade crítica num pequeno livro agradável de ler, mesmo para os mais renitentes em admirar o Autor. A "estória" do elefante Solimão, assim renomeado pelo imperador para simbolizar o domínio sobre os Turcos de Magnífico, recordei-a esta tarde no Museu de Arte Antiga quando visitava a exposição Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII.
Cerca de dois anos depois de entrar em território imperial, Solimão morreu. Grande pesar causou esta perda. Mas logo o sentido prático dos homens avançou para a "reciclagem", esclarecendo Saramago que as patas serviram para suporte de bengalas e bastões. Antecedendo assim o princípio que deu fama a Lavoisier, seguia-se a regra de tudo transformar. E dele mais ainda se fez um banco com as armas de Maximiliano II. Do Guia da Exposição transcrevo a nota.
" A história deste curioso banco está ilustrada e inscrita no seu próprio assento, uma omoplata de elefante. Numa das pernas do banco figuram os brasões de armas da Áustria e de Espanha, símbolo da aliança matrimonial do sacro imperador romano com Maria, sua prima e filha de Carlos V, e numa outra surge o brasão de Maximiliano, rodeado pelo colar da Ordem do Tosão de Ouro."
Posto isto, restava o marfim. Que caminho levou essa matéria-prima ? Algumas peças expostas seriam oriundas de Solimão?
1 comentário:
Também li o livro e gostei. Apetece reler ...
Abraço
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