quarta-feira, 2 de setembro de 2009

Sequestro e violência doméstica

"Não se cale" à violência doméstica é a leitura da imagem que retirei da Internet. Também eu não posso nem quero calar o crime hediondo de sequestro de uma pobre mulher e do seu filho deficiente profundo. Não, não aconteceu num país subdesenvolvido. Foi em Portugal, cerca de 70 Kms. de Lisboa, concelho de Coruche. Crime público que demorou a ser resolvido, porque nem sempre existe coragem para denunciar. Para que conste, transcrevo do Jornal de Notícias o registo do caso.


"Por causa do dinheiro das reformas e por darem "trabalho", uma mulher, de 66 anos, e o seu filho deficiente, de 40, foram mantidos em cativeiro durante 14 meses por outro filho e pela esposa. Foram libertados após denúncia à GNR.

Garantem alguns vizinhos que o caso era do conhecimento das autoridades e que "nunca ninguém fez nada". A verdade é que Jacinta e o filho há quase dois anos que não eram vistos pelas ruas de Fajarda de Cima, no concelho de Coruche.

"As técnicas da Segurança Social vinham aí e eram logo postas fora pela família", assegura um dos vizinhos explicando que Jacinta antes de ter sido obrigada a permanecer num anexo da sua habitação chegou a pedir comida. "Ela veio aqui umas duas ou três vezes pedir comida porque a família não lhe dava nada" conta uma das vizinhas assegurando que a idosa contava que o outro filho e a nora "lhes batiam".

As vítimas começaram por viver sozinhos na moradia, que foi reconstruída com a ajuda da Segurança Social, segundo vizinhos confidenciaram ao JN. Foi só quanto o outro filho, de 42 anos, canalizador da Câmara de Coruche, se mudou-se com a mulher e quatro filhos para a casa que o inferno começou. Terá sido a partir desta altura que a mãe e o irmão, deficiente mental profundo foram obrigados a mudar-se para um pequeno anexo da casa e aí mantidos em condições desumanas.

O casal foi detido pela Unidade Nacional Contra o Terrorismo (UNCT) da Polícia Judiciária (PJ), na tarde de anteontem, e serão presentes hoje de manhã ao juiz de instrução do Tribunal de Coruche para aplicação das medidas de coacção. São suspeitos da prática dos crimes de rapto, extorsão e violência doméstica.

A idosa encontra-se internada no Hospital Distrital de Santarém devido ao estado de "profunda subnutrição". O filho está já numa instituição de solidariedade social do distrito.

Irmão denunciou

Há alguns dias que o irmão de Jacinta não a conseguia visitar nem ver o sobrinho. Desconfiado de que alguma coisa estivesse a acontecer, decidiu passar pelo Posto da GNR e contar as suas desconfianças. Os militares foram tentar perceber o que se passava na habitação. A recepção não foi das melhores e, perante a suspeita de um crime de rapto, o caso foi comunicado à PJ.

É difícil descrever o ambiente em que estas pessoas viveram durante 14 meses. Luís Neves, director da UNCT, assegura que mãe e filho foram encontrados manietados num espaço sem possibilidade de se deslocarem para o exterior. As portas estavam fechadas com grades e correntes. As vítimas foram sujeitas "a constantes maus tratos físicos e psíquicos e mantidos em estado de carência absoluta de cuidados higiénicos ou médicos e de profunda subnutrição".
"Não sabíamos ser possível encontrar pessoas nestas condições", frisou o responsável.


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