Imagem de Rio de Onor, repescada na Internet, para avivar a memória de uma viagem realizada em Agosto de 1981. Então, porque o tempo era de economias, não fizemos férias no estrangeiro e daí a decisão de conhecer Portugal.
O grupo, distribuído por dois carros, andou por Trás-os-Montes e pelo Minho, visitou cidades e calcorreou caminhos...um espaço de culturas que guardarei para sempre. E ao ver o Jornal da Tarde, de hoje, apeteceu-me espreitar a caminhada que um jornalista, Nuno Ferreira , iniciou há dois anos: "Portugal a pé"...O testemunho dessa experiência regista-se no seu Blog, com a última paragem em Rio de Onor. Por aqui se justifica este meu regresso ao passado...
Lembro-me bem dessa tarde em Rio de Onor. Conversámos com os velhos da aldeia que recordaram episódios mirabolantes do tempo da Guerra Civil de Espanha e outras coisas triviais. Nesse rincão, onde mais se sente o "fim do mundo", as gentes estreitam mais os laços de vizinhança: a entre-ajuda nos trabalhos e a partilha das alegrias e dos desgostos. O isolamento gerou uma comunidade endogâmica e, curiosamente, uma rapariga de Rio de Onor de Cima confessou-nos que passava os dias do lado de cá, porque lá não havia rapazes casadoiros!!!
A linha de fronteira demarcava uma separação política que culturalmente não tinha razão de ser. As circunstâncias propiciavam a vida comunitária que mantinha uma identidade própria, a começar pela língua. Alguns filhos da terra demandavam já melhores condições nos grandes centros ou no estrangeiro, o que não impedia o grande o sentimento de apego ao torrão-natal e às tradições.
Hoje, as coisa mudaram. É, pelo menos, esse o registo do citado jornalista (consulte-se o seu Blog, clicando no título desta mensagem). Compreendem-se as circunstâncias, a extinção do ruralismo é irreversível, mas entristece-me o desaparecimento do quadro de vida comunitária que Jorge Dias admiravelmente descreveu. Restam as memórias...
1 comentário:
Vou ao blog de Nuno Ferreira já a seguir. Há tempo vi uma reportagem sobre a comunidade de Rio de Onor, de um e outro lado da fronteira.Achei muito interessante e fiquei cheia de vontade de lá ir.
Qualquer dia ... só de rolote para levar o gato!
Abraço
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