sábado, 24 de abril de 2010

A poesia da Aldeia

Quando chega a Primavera, o campo assume um encanto renovado. Alegra-se a Natureza num colorido variado e o Sol, brilhando com mais intensidade, desafia-nos a dar longos passeios. Montes e vales, que escondem aldeias e vidas, gente simples como simples é o seu viver quotidiano.

Cada aldeia mantém a sua especificidade. Isto, porém, não nega a existência de um carácter comum ao meio rural, qualquer que seja a localização. Desta verdade do senhor de La Palisse, deixo uma imagem da aldeia: uma fotografia de Portugal e uma poesia do Brasil, de Olav Bilac (jornalista e poeta, 1865-1918).

Meio-Dia

Meio-dia. Sol a pino.
Corre de manso o regato.
Na igreja repica o sino;
Cheiram as ervas do mato.

Na árvore canta a cigarra;
Há recreio nas escolas:
Tira-se numa algazarra,
A merenda das sacolas.

O lavrador pousa a enxada
No chão, descansa um momento,
E enxuga a fronte suada,
Contemplando o firmamento.

Nas casas ferve a panela
Sobre o fogão, nas cozinhas;
A mulher chega à janela,
Atira milho às galinhas.

Meio-dia! O sol escalda,
E brilha, em toda a pureza,
Nos campos cor de esmeralda,
E no céu cor de turquesa...

E a voz do sino, ecoando
Longe, de atalho em atalho,
Vai pelos campos, cantando
A Vida, a Luz, o Trabalho!

2 comentários:

goiaba disse...

Que delícia de laguinho! Há dias, na Gulbenkian, o laguinho também estava lindo, cheio de patos, patas e patinhos.

Anónimo disse...

Lindo o recanto, poesia expressiva... que feliz alusão aquela paz e tranquilidade do campo: parabéns!