sábado, 6 de novembro de 2010

Novembro, crisântemos e finados...

A tradição e os clichés persistem no nosso imaginário. É assim Novembro, mês de finados e de crisântemos, o mesmo é dizer culto da família e daqueles que já partiram. Ausência sem regresso que a lembrança aviva, contornando a morte.

Tempo especial para recordar. Ninguém escapa a isso, mesmo os que recusam as manifestações exteriores nos cemitérios. Para traduzir esses sentimentos de perda, escolhi José Luís Peixoto num poema com o qual me identifico. Palavras onde todos nos reconhecemos, apetece-me dizer.


"Na hora de pôr a mesa, éramos cinco:
o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs
e eu. depois, a minha irmã mais velha
casou-se. depois, a minha irmã mais nova
casou-se. depois, o meu pai morreu. hoje,
na hora de pôr a mesa, somos cinco,
menos a minha irmã mais velha que está
na casa dela, menos a minha irmã mais
nova que está na casa dela, menos o meu
pai, menos a minha mãe viúva. cada um
deles é um lugar vazio nesta mesa onde
como sozinho. mas irão estar sempre aqui.
na hora de põr a mesa, seremos sempre cinco.
enquanto um de nós estiver vivo, seremos
sempre cinco. "

(JOSÉ LUÍS PEIXOTO, in "A Criança em Ruínas"/ Edições Quasi

1 comentário:

Teresa disse...

Como me identifico com este seu post e o poema de J.L.Peixoto !
Mais um post de muita qualidade ... como sempre !
Bjinhos