Warrren E. Buffett será, de certo, o americano mais badalado nestes tempos de crise. Pela coragem que assumiu ao criticar o favorecimento dado aos ricos: em carta pública explica a injustiça da tributação nos Estados Unidos...
"Os nossos dirigentes pediram "sacrifícios partilhados". Mas eu fui poupado a esse pedido. Falei com os meus amigos megarricos, para saber quais as aflições de que estavam à espera . Também eles tinham escapado.
Enquanto os pobres e a classe média combatem por nós no Afeganistão, e enquanto a maior parte dos americanos sofre tormentos para esticar o dinheiro, nós, os megarricos, continuamos a beneficiar de extraordinárias reduções de impostos. Alguns de nós somos gestorres de investimentos e ganhamos milhares de de milhões graças ao nosso esforço diário mas é-nos permitido classificar os nossos rendimentos com "comissões de desempenho"(carried interest, participação nos lucros a título de compensação pela gestão9 e conseguimos assim uma taxa de imposto de 15% - uma verdadeira pechincha. Outros adquirem contratos de futuro sobre índices de acções durante dez minutos e vêem 60% dos seus ganhos tributados a 15% como se fossem investidores a longo prazo.
Os legisladores de Washington derramam estas e outras benesses sobre nós. Parecem sentir-se na obrigação de nos proteger, como se fossemos mochos da floresta ou qualquer outra espécie ameaçada. É bom ter amigos em cargos importantes.
No ano passado, a conta dos meus impostos federais foi de 6.938.744 dólares (4.800 milhões de euros) - o imposto sobre o rendimento que paguei, bem como o imposto sobre o salário que paguei ou foram pagos em meu nome. Parece muito dinheiro mas a verdade é que representa apenas 17,4% do meu rendimento colectável - uma percentagem inferior à que foi paga por qualquer outra das 20 pessoas que trabalham nos nossos escritórios. A carga fiscal dessas pessoas oscilou entre os 33% e os 41%, o que dá uma média de 36%.
Quem ganha dinheiro com o dinheiro como fazem alguns dos meus amigos super-ricos, pode ter uma taxa um pouco mais baixa do que a minha. Mas quem ganha dinheiro porque tem um emprego pagará sem dúvida uma taxa superior à minha - muito provavelmente muito superior.(...)
Os meus amigos e eu já fomos suficientemente mimados por um Congresso que favorece os multimilionários. Chegou a altura de o Governo levar a sério a partilha dos sacrifícios."
In Expresso, 20 de Agosto de 2011.
1 comentário:
O meu comentário, Peonia, desta vez limita-se a reproduzir aquele que todos fazemos quando ainda somos confrontados com pessoas lúcidas e generosas como este senhor: fossem todos assim e o mundo seria muito melhor!
Parabéns, pela divulgação de algo positivo e exemplar.O mundo não é assim tão mau...
Beijos.
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