
Corroborando esta ideia, deixo estas palavras de Sarsfield Cabral:
A última etapa entre Nápoles e Catânia, passando o Estreito de Messina no ferry-boat. Perseguíamos a rota da Magna Grécia, visitando apenas Catânia e Siracusa.
Além dos monumentos característicos da pólis grega, cada uma destas cidades possui a sua especificidade. Pela proximidade do Etna, Catânia mantém o seu destino ligado à história deste vulcão, mas a Cidade requer uma visita mais demorada às construções barrocas e neoclássicas. Destaque para o Teatro da Ópera de Bellini, cujo nome assinala o compositor nascido na cidade (1801). Registe-se também o Palácio Manganelli, onde Visconti filmou O Leopardo, de Tomasi di Lampedusa.
Continuo a pensar que uma afeição perfeita é a que resulta de um processo gradual. Aconteceu assim a minha relação com Timor.
Pouco sabia da Ilha de "sândalo perfumado" e de especiarias finas até ao dia em que conheci um velho padre timorense. Alto e sorridente, o Padre Ximenes frequentava as aulas do curso de História e falava-nos muito da sua terra. Relatos da ocupação japonesa em 1945, da simplicidade do povo e da beleza do pôr do Sol. Então, sob o espectro da guerra colonial, os rapazes da minha geração suspiravam por uma comissão militar em Timor, onde reinava a paz...
Ninguém desconhece os acontecimentos dos últimos trinta anos. De novo, a ocupação, desta vez, pelos indonésios (1975), seguida da opressão e dos anos da resistência que culminaram com o massacre no Cemitério de Santa Cruz. Este despertou a consciência da comunidade internacional, traduzida não só na atribuição do Nobel da Paz a D. Ximenes Belo e Ramos Horta, mas também na decisão do referendo votado pela ONU.
Embora sob pressão dos militares indonésios, os timorenses acorreram maciçamente à votação, refugiando-se, depois na montanha. Em Portugal, todos nós, vivemos intensamente esses difíceis dias dos timorenses. E foi com emoção que içámos panos brancos nas janelas, parámos um minuto pela paz e recebemos, em apoteose, D. Ximenes Belo em Lisboa.
A alegria pela libertação de Xanana Gusmão e pela vitória do "sim" à independência faziam acreditar que era possível a reconciliação e a paz. Puro engano. Os homens continuam a errar e Timor tem a fatalidade de possuir petróleo!
Por isso, o mal estar social e político persistem e os movimentos de contestação surgem. A propósito, transcrevo uma nota da Agência Lusa. Entretanto, já ocorreram graves incidentes no passado dia 8 de Julho, desejamos que não se repitam.
12-06-2008 10:54:38
Uma justificação assente em vários factores. O primeiro, resulta da forma, mais ou menos anónima, deste meio de comunicação. Depois, a desinibição própria da idade. Acreditamos que muitos anos de vida acrescentaram experiência e sabedoria e, a partir daí, acontece uma quase inesgotável soma de assuntos. Falamos de tudo: registos do passado ou da actualidade... sem que nada, nada escape...
E assim, consciente ou inconscientemente, vamos projectando a nossa personalidade nesta espécie de diário. Para aqui carregamos o modo como crescemos e vivemos, deixando também um ou outro registo para "memória futura"!