Primeira observação, gosto de futebol. No entanto. o espaço noticioso dado à Selecção parece desmedido e, talvez, mesmo contraproducente para o resultado que se deseja! Ainda nem começou o Campeonato e a histeria futebolística avança a todo o vapor, esquecendo outros problemas...
Delicio-me com os dribles do mais famoso futebolista da actualidade. Adoro vê-lo jogar e tenho uma enorme simpatia por Cristiano Ronaldo que, há dias, confessava não saber quanto dinheiro tinha!...
Ora, a propósito deste imenso e inebriante poder económico do futebol, Luís de Freitas Lobo, jornalista desportivo, escrevia, no Expresso de sábado, uma crónica que intitulou: Mundos Paralelos. Transcrevo aqui.
Um vendedor de flores, um barbeiro, uma mulher pequena, um homem gordo, um jogador de basquetebol, um cantor de fado. Gosto de olhar o mundo como uma babilónia de personagens. Todas estas podem cruzar-se connosco a qualquer hora do dia. O futebol também é assim na sua democraticidade atlética. Jogam todos. Altos, baixos, lentos, magros ou um pouco gorditos. Mas as babilónias não são perfeitas. Os títulos das primeiras páginas de jornais explicam bem isso. E assustam. Um exemplo da semana: O Real Madrid oferece 82 mil euros por dia a Cristiano Ronaldo. Um título que coexiste ao lado de outro. A mãe de Tânia, a criança atropelada no Porto, vive com 550 euros por mês e não tem dinheiro para comprar os iogurtes indispensáveis na alimentação e evitar nova nova operação da menina. São dois "mundos" que coexistem no mesmo mundo. Pacificamente.
É perturbador. É como cair na "twilight zone". Claro que nem o futebol, nem Ronaldo muito menos, têm culpa desta babilónia absurda em que vivemos. Este futebol vive fora da realidade. Por isso, este simples contacto com ele causa alucinação. Como as cartas humanas que se movem loucamente em "Alice no País das Maravilhas" e o coelho que a quer levar para um poço. Não há forma de fugir deste choque de mundos. Esqueçam a racionalidade. Aqui é apenas o caos.
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