O rótulo "vias de extinção" aplica-se não só às espécies, mas também aos ofícios tradicionais.
No Global, publicação de distribuição gratuita, conheci um tosquiador. Um dos poucos que ainda existe na região da Guarda. Conta 77 anos de vida, passada entre vários ramos de actividade: pastor, lavrador, sapateiro e emigrante em França.
Actualmente, trabalha só para os amigos. Fala com orgulho do "mérito das suas tesouras" com que retira a lã das ovelhas; uma tarefa que dura de 30 minutos a uma hora, tudo depende do tipo de tosquia. E deleita-se o Ti Zé na perfeição das "ramagens", isto é, nos desenhos pormenorizados com que enfeita o dorso das suas ovelhas.
Embora, apreciadora das coisas bonitas, apetece-me dizer ao velho tosquiador que é tempo de parar com tais enfeites. Já reparou no sofrimento dos pobres animais, atados pelas quatro patas, enquanto esboça e corta as "suas ramagens"?
Da tosquia de outrora, guardo ainda a imagem dessas ovelhas que, sem um ai, olhavam para nós! Por isso, aconselho a simplificação, reduzindo esse trabalho ao essencial!
Nem sempre o progresso é mau!
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