domingo, 18 de maio de 2008

Alarme


Longe vão os tempos em que o alarme se resumia a sinais de fogo ou ao rufar de tambores.
Hoje, o alarme está em toda a parte e aceitamos a sua omnipresença como uma fatalidade. É esse o preço da crescente necessidade da segurança de pessoas e bens, mas não só. Entendo que a aceleração tecnológica das últimas décadas veio mergulhar a nossa vida na dependência do poder absoluto da electrónica. Aplica-se a tudo: alarmes, máquinas de qualquer tipo e função e , claro, às novas tecnologias da informação e comunicação. Como resistir, então, aos apelos do marketing que rapidamente sabe transformar um objecto de moda ou último modelo num produto de consumo?!.

De facto, um qualquer alarme avisa-nos todo o dia, a qualquer hora. Começa pela manhã o despertador ( e quantas novas formas de despertar existem, meu Deus!) e tudo o que segue. A campainha do micro-ondas, o clique da torradeira e o apito ou sinal luminoso de outros electrodomésticos. O trim-trim clássico do telefone ou uma qualquer música da nossa preferência que pode sempre alertar-nos num simpático tom crescendo... E que dizer do telemóvel? Tantos modelos e tantos operadores e há quem possua já dois (ou mesmo três telemóveis ) com diversas funcionalidades de alarme. Pois, este é o mais divulgado aparelho de consumo que já ninguém dispensa. Chama por várias formas, mas pode sempre recusar-se o contacto. Então, não é não para isso que servem os números e toques memorizados? Grava mensagens, avisa a existência de sms e lembram-nos ainda uma data "imperdoável" de esquecer ou assunto agendado e, tudo isso, através de toques diferenciados... Bendito telemóvel! Mas que tanta confusão pode também gerar com tantos sinais, tantas músicas e tantos códigos!

Alarme, uma listagem infindável. Campainha da porta, alarme de casa, alarme do carro e a diversidade de toques com que deparamos no local de trabalho e espaços públicos. E porque são tantos, cria-se o hábito e deixam já de ser ouvidos. É, pelo menos, isso o que dizem os alunos nas escolas ou os vizinhos de uma casa assaltada!....

Como seria bom voltar ao tempo de "poucos alarmes", quando quase tudo podia resumir-se aos sinos da torre da igreja ou à sirene dos bombeiros, dos farois ou das bases militares. Daí partia o chamamento "às armas" que é, afinal, o significado de alarme! Mas, infelizmente, os perigos multiplicaram-se. Assim, alarme, sempre!

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