Nasci durante a II Guerra Mundial quando os Aliados procuravam uma solução para a paz, mas o conflito teimava em prolongar-se.
Cresci a ouvir falar em guerra e, só mais tarde, percebi que já era outra, a Guerra da Coreia (1950-53). Por isso, não posso lembrar-me das filas para o racionamento e dos carros a gasogénio...
Em todo o caso, os efeitos da guerra que causara morte e destruição, sofrimento e fome fizeram sentir-se na minha geração. E assim, fomos educados a respeitar os "meninos austríacos" que, ouvindo um barulho mais forte ou um avião, se escondiam. E fomos também habituados a comer tudo quanto nos era servido, porque havia meninos com fome! Já na escola primária, continuámos a manter a mesma atitude. Se porventura, deixássemos cair um pedacinho de pão, havia que dar sempre um beijinho e só depois lançá-lo no caixote.
Lembro-me que, em casa dos meus Avós, bebíamos tudo adoçado com mel ( o meu Avô era apicultor), mas a minha Avó armazenava pacotes de açúcar numa arca, comprados no mercado negro. Cada quilo custava a módica quantia de 20.00! E logo ela, que era tão poupada, dava-se àquele luxo, porque podiam vir tempos mais difíceis...
Memórias de outrora e que, talvez, devessem ser repensadas. Quando circunstâncias várias se conjugam para lançar, de novo, a ameaça de fome no mundo, como respondem os areópagos internacionais, como reagem à especulação?
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