Francisco Gomes de Amorim, auto-retrato Os objectos existem em função do homem. Uma casa, uma peça de mobiliário, um quadro, uma jóia, uma peça decorativa...tantas as coisas a que nos afeiçoamos. E tanto assim que, muitas vezes, algumas pessoas manifestam interesse em candidatar-se à herança de tais bens de estimação.
O tempo encarrega-se de provar que nem sempre é linear o percurso das coisas...
Dos pequenos objectos perde-se o rasto, mas já não assim das peças de mais valor. Qualquer museu esconde um rol de estórias à volta de uma, duas..., de um sem número de peças. Hoje no Museu do Teatro em Lisboa, "conheci" uma cadeira do século XVIII que, tal Nau Catrineta, tem muito que contar. Pertenceu a Almeida Garrett.
Assento majestoso e confortável que o escritor e promotor do teatro não dispensava. Francisco Gomes de Amorim (1827-1891), que compartilhava com ele os ensaios e representações no Conservatório, afeiçoou-se de tal maneira à dita cadeira que, muitas vezes, deixava escapar o desejo de vir a herdá-la. Mas nestas coisas de heranças nem sempre o que parece é. Esquecido no Testamento, Gomes de Amorim não desistiu. Preparava-se para a licitar em leilão, mas quis o destino trocar-lhe, outra vez, as voltas e a cadeira acabou arrematada por D. Fernando II ( 1819-1885).
Dizia alguém que as coisas vão sempre ao encontro de quem as ama. E assim foi quando a segunda esposa de D. Fernando II, Elise Hensler (condessa de Edla), satisfez o desejo que Gomes de Amorim havia perseguido durante anos. Mas já pouco desfrutou a cadeira que depois deixaria em testamento ao Conservatório Nacional. Por sua vez, os responsáveis desta instituição decidiram ofertá-la ao Museu do Teatro, o lugar mais adequado à admiração do grande público. E aqui fica a estória de uma célebre cadeira...
Nota: Para saber mais acerca de Francisco Gomes de Amorim:http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Gomes_de_Amorim