sábado, 25 de setembro de 2010

Jornalistas há muitos...

O alvo, desta vez, são os jornalistas. De outros tempos, segundo Trindade Coelho. Mas quem sabe se não persistem alguns traços nesta caracterização da classe?!...

Da obra citada na anterior mensagem, Grandes Repórteres Portugueses da I República, o texto intitula-se Contraste.

" Em toda a parte do Mundo, fora das horas regulamentares da tarefa, o verdadeiro profissional é um homem de sport, um homem de sociedade um centro de convivência. Ainda há noites, ao penetrar na arena do Coliseu, clara à luz romana de Maio, eu saudei, num ruidoso grupo de senhoras decotadas e de gentlemen evening dress, que alegremente haviam jantado no Excelsior, alguns jornalistas estrangeiros.
Encontro-os em Florença, em Veneza e no Lido; encontro-os nos dancings da moda, nos hotéis de luxo, nas grandes recepções. Têm a alma e a existência em desafogo. Possuem a alegria de viver. Trabalham, viajam, divertem-se - vivem, em suma, integrados num grande meio e num grande século.

Em Portugal, por motivos que seria longo e triste enumerar, o profissional da Imprensa é um homem que só na sua formidável energia interior encontra o estímulo que a sociedade nunca lhe concede.
Falo, é claro, do verdadeiro jornalista. Não me refiro àquele que, falido no seu segundo ano de liceu, habitualmente ingressa nas gazetas, onde logo inicia a crítica e a orientação da Coisa Pública, talvez no exemplo histórico daquela delambida filha de "Madame" que, no tumulto sanguinolento da Fronda, sossegadamente disse um dia:
- Minha mãe,: falemos dos negócios do Estado, hoje que faço cinco anos..."

Conselheiro Acácio e os jornalistas

Conselheiro Acácio, a personagem intemporal de Eça. Conhecemo-lo bem e com ele lidamos diariamente. Desta vez, o registo crítico de Vitorino Nemésio avança com um tipo por demais visto... texto curto e directo que retirei de Grandes Repórteres Portugueses da I República.

"Ouvi dizer outro dia ao conselheiro Acácio:
- Fulano? Ah, bem sei, coitadinho! É um pobre repórter do Século. Costuma vir aqui maçar-me com entrevistas... Esses repórteres, que praga!

O conselheiro Acácio costuma pedir as entrevistas, e até faz as despesas da prosa."

Vitorino Nemésio, Páginas de Memórias in Grandes Repórteres Portugueses da I República

O valor de uma Mulher



Audrey Hepburn, mulher linda e elegante, deixou-nos a receita da verdadeira beleza. Vale a pena experimentar a sabedoria destas palavras. Uma receita válida também para os homens...porque afinal somos todos iguais!

Fado Malhoa

O Fado, José Malhoa





Poucas horas depois de a RTP evocar este fado clássico...a voz de Amália regista-o.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

A minha Aldeia

Porto Covo, foto in Internet


DA MINHA ALDEIA vejo quanto da terra se pode ver no Universo....
Por isso a minha aldeia é grande como outra qualquer
Porque eu sou do tamanho do que vejo
E não do tamanho da minha altura...

Nas cidades a vida é mais pequena
Que aqui na minha casa no cimo deste outeiro.
Na cidade as grandes casas fecham a vista a chave,
Escondem o horizonte, empurram nosso olhar para longe de todo o céu,
Tornam-nos pequenos porque nos tiram o que os nossos olhos nos podem dar,
E tornam-nos pobres porque a única riqueza é ver.

Alberto Caeiro, em "O Guardador de Rebanhos

Josefa de Óbidos

Menino Jesus Salvador do Mundo, 1673, Igreja Matriz, Cascais.

Filha de pai português e de mãe sevilhana, Baltazar Gomes Figueira e D. Catarina d´Ayala e Cabrera, Josefa nasceu na cidade-natal de sua mãe. Cedo veio para Portugal, onde cresceu e exerceu o seu mester. Fixou-se na terra que a posteridade haveria de associar ao seu nome: Josefa de Óbidos (1630-1684) que continua como garante do património da sua localidade de adopção.

A segunda metade do século XVII em Portugal saldou-se por um reduzido número de pintores, facto que mais contribuiu para dar fama a um caso raro de mulher-artista. Óbidos e muitas outras igrejas e museus do País guardam muitas das suas obras de temática religiosa e não só. Bem conhecidas são as naturezas mortas em telas coloridas de expressão naturalista misturadas com grinaldas de flores à maneira barroca. Produção artística multifacetada que, reflectindo a mentalidade de uma época, recebeu também a influência do espaço de vida de Josefa. É o que pode subentender-se das palavras de Vítor Serrão.


"Encafuada nas muralhas medievais da vila de Óbidos, ora meditando ao sopro marinho da Várzea obidense e à calma do planalto da sua Quinta da Capeleira, esta mulher pintora deleitou-se nos efeitos lumínicos e na plasticididade naturalista da observação directa, sem outra escola de base do que a ditada pelos seus talentos multiformes; devia ser pessoa de hábitos solitários e de sincera alma mística, com uma existência pautada por certa banalidade bucólica de usos e costumes - lembremos que designava as suas vacas do Casal da Capeleira por carinhosos epítetos: a Galante, a Cereja, a Formosa -, limitando as suas deslocações ao aro de Peniche, do Bombarral e das Caldas, ou mais excepcionalmente, à zona de Alcobaça, Coimbra e Buçaco, onde trabalhou, e é neste quadro provinciano que encontramos as raízes da sua arte, por vezes enternecedora e saborosa, com todos os defeitos e potencialidades."
Vítor Serrão, O Essencial sobre Josefa de Óbidos

domingo, 19 de setembro de 2010

VIAJAR , Viajantes e Turistas à descoberta de Portugal no tempo da I República

Ainda no Terreiro do Paço não deve perder a Exposição VIAJAR, percurso de rotas e memórias de viagem em Portugal.
Siga a hiperligação e visite os diferentes núcleos devagar, observando as imagens (fotos, filmes e quadros) e textos. Retratos da vida social e política do País que despertava para o Turismo em todas as suas vertentes...

Notei o enfoque patriótico dado aos lugares e monumentos desde os princípios do século XX aos tempos da República. É o mesmo sentido das Maravilhas de Portugal!

Estado, Medicina e Sociedade no Tempo da I República


Centenário da República, eventos e exposições que não deve perder. No Terreiro do Paço, agora renovado, é possível ver, rever e aprender muita coisa acerca do CORPO nos últimos cem anos em Portugal e no Mundo.

A hiperligação revela o essencial dos cinco núcleos que abordam o tema. Mas nada como visitar in locu. Tanta coisa para reflectir acerca da medicina, os avanços da ciência e das mentalidades. E perante aquelas operações cirúrgicas (filmadas em 1906 e 1911), dê graças a Deus por viver no século XXI...

Muito interessante o último núcleo, Corpos Excluídos. Mutilados de guerra e acidentados do trabalho, loucos, prisioneiros e prostitutas. Marginalizados pela sociedade que, pouco a pouco, vão adquirindo direitos. Por exemplo, o uso do capuz exigido a todos os penitenciários até 1913, ano da abolição desse estigma que os coarctava da sua identidade. Um caso para meditar num tempo em que os direitos dos arguidos e dos presos parecem ilimitados!...

sábado, 18 de setembro de 2010

Escola Pública, Anos Setenta

Escola Preparatória de Nuno Gonçalves, foto Arquivo Municipal, Internet

Outrora a Avenida General Roçadas era assim, frente à Escola de Nuno Gonçalves. O modelo dos carros, a existência de lugares de estacionamento e a calma no passeio não suscitam grandes dúvidas quanto à data da foto que, com toda a probabilidade, remonta aos finais da década de Cinquenta, inícios de Sessenta.

Escola Técnica Elementar que, depois da chamada reforma de Veiga Simão em 1968, passou a Ciclo Preparatório do Ensino Secundário. A mudança implicou a alteração na frequência que, sendo exclusivamente masculina, passou também a admitir meninas. A novidade traduzia-se num espírito de super protecção às raparigas que usufruíam da liberdade de circular pela "escada dos professores", evitando deste modo choques e atropelos.

A qualidade humana e pedagógica do Director e Subdirector, Drs. Francisco Xavier Roberto e Eduíno de Jesus, sabiam criar um ambiente agradável, onde dava gosto trabalhar. Embora superlotada, a Escola mantinha uma organização exemplar mercê de um esforço conjunto de professores e empregados. Muitos hão-de lembrar ainda esses tempos de disciplina quando o Regulamento ditava o uso de bata branca para professores e alunas. Agora, que um novo ano lectivo começa, recordo essas regras de 1972-73, sorrindo...



"CIVISMO ESCOLAR
(...) Nos corredores anda-se, não se corre nem se patina; fala-se, não se grita e, muito menos, se assobia.
- Atenção às escadarias: trânsito pela direita.
- Nos recreios não não é permitido jogar a bola com o pé, nem outros jogos de que possam resultar danos materiais ou pessoais. (....)
- A Escola é a nossa casa e não nos diminuímos cuidando da sua limpeza.
Os papéis, as cascas de fruta, os caroços, etc., devem ser lançados nos recipientes apropriados. (...)
- É proibida a compra de guloseimas aos vendilhões - proibido e perigoso: pela saúde e pela limpeza e trânsito da Avenida - , bem como a permanência nas casas de negócio.
- Nos caminhos de casa para a Escola e da Escola para casa o aluno é já aluno da Escola com todos os direitos e deveres...


A ESCOLA E A FAMILIA
- Delicado é o problema de educar, e dele não é possível desempenhar-se cabalmente a Escola sem a colaboração da Família dos alunos.
- Comece-se por ter cuidados especiais com a pontualidade e aprumo do educando ao sair de casa: um atraso nas refeições implica o comer depressa, o vir a correr, procedimentos de que podem resultar inconvenientes e perigos.
- A falta de aprumo é tristeza; sobretudo doloroso numa criança. E agrada tanto vê-los penteados, de fatinho limpo! Parece que sobre eles voejaram felizes e atentos os olhos dos Pais.
E não será a falta de aprumo índice de indisciplina, de qualquer espécie de desordem? (...)
- Alguns Encarregados de Educação acham que é indispensável acompanhar os seus educandos à Escola. Mas será, de facto, indispensável? Apareçam sim, na Escola, para saber como se porta o educando: mas não o venham trazer pela mão, nem mandem a avó ou a criada. Os companheiros po-lo-ão a ridículo e far-lhe-ão passar maus bocados. (...)


SERÁS UM BOM ALUNO
...Se fores
pontual,
assíduo às aulas e todas as actividades circum-escolares em que estejas inscrito ou para que a tua presença tenha sido solicitada,
aplicado nos teus estudos,
bem comportado dentro e fora das aulas, dentro e fora da Escola,
exemplar em todas as tuas acções,
solidário com os teus companheiros
leal,
franco,
verdadeiro,
cortês,
asseado. (....)"

sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Gente feliz com Vacas!

Alentejo visto do Céu, foto in Internet, Olhares.pt

Uma mensagem que serve de contraponto à anterior. Sim, é verdade. Nós, os humanos, também podemos encontrar um pouco de felicidade no contacto com as vacas. Um artigo do Expresso ( 14 de Agosto último ) dá conta de uma experiência na Holanda, onde um casal de empresários acrescentou uma nova vertente à sua produção leiteira. Chamemos-lhe Abraçar as Vacas, uma aposta destinada a combater o stress. Bom remédio para todos, mas particularmente recomendada ao público urbano...

Para conhecer este projecto, que vem ganhando um número crescente de adeptos, transcrevo alguns excertos. E já agora, não haverá por cá empresários interessados neste negócio?


"As pessoas da cidade trazem consigo uma atmosfera diferente, diz a nossa anfitriã. Primeiro, têm de de se sentar algum tempo e sacudir a sua pressa. Em seguida, os grupos, - geralmente famílias comemorando um aniversário ou ou funcionários num dia de teambuilding - começam num estábulo próximo da vacaria, Este é o local onde podem escolher o seu macacão azul. É uma precaução necessária, porque o cheiro das vacas pode infiltrar-se com facilidade em nossas roupas.

Quando chega a altura de visitar as bezerras, Marret Hupkes diz-nos: "A regra mais importante é libertar-se do seu ego. As vacas são animais de manada e querem que você se integre. Se não adoptar a atitude delas, vão-se embora."

Chega, por fim, o momento de abraçar algumas vacas. "Ande devagar, seja discreto", diz a agricultora. "Preste atenção às orelhas e aos olhos. Se as orelhas estiverem para a frente, significa que a vaca está alerta. Se os olhos estiverem semicerrados, significa que a está relaxada."

Quando nos deitamos ao lado de uma vaca , sobre a palha, apercebemos-nos de que ela é muito maior do que parecia de longe. É de meter respeito: não deve ser fácil ter o peso de 500 quilos (...) . "Digo às pessoas para nunca se deitarem em cima da vaca, mas sim ao lado, e encostadas a ela, de contrário não seria agradável para o animal. Caso se sinta completamente relaxado, não se surpreenda se a vaca encostar a cabeça contra si", diz Hupkes. E acrescenta que anseia pelo Verão, quando todos os visitantes se podem deitar na erva e as vacas se vão sentar junto deles, por todo o lado. Como se fossem, de facto, uma manada.

"É raro uma vaca zangar-se.Se o fizer é porque tem boas razões. Lembro-me de uma visitante que queria ministrar às vacas um tratamento reiki. Não sei porquê, já que a vaca estava de perfeita saúde. Pôs as mãos perto da vaca para lhe enviar energia. De súbito o animal deixou-se cair em cima da mulher. Graças a Deus não lhe aconteceu nada. Provavelmente a vaca queria mostrar que-lhe que não estava achar piada nenhuma", diz Hupkes. "Para sua informação, a vaca também saiu ilesa".

Marijke Diel

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Vacas felizes aumentam a produção

Ser feliz corresponde a uma necessidade de todas as espécies animais. Hoje falo de vacas e nos requisitos da sua felicidade, o mesmo é dizer no bem-estar físico e no carinho que lhes dispensamos. Os mais recentes estudos revelam "segredos" inimagináveis do estado dos animais, cujo comportamento não anda muito longe da psicologia humana.

A felicidade das vacas favorece a produção de leite. Exemplo disso reside no tratamento dos animais pelo nome, um facto que os pastores antigos sabiam por experiência própria. Estes dados não escapam à atenção dos empresários que não se poupam a esforços para modernizar as suas explorações. Adoptam melhores condições de higiene, instalam sistemas climatizados e recorrem a sofisticadas aparelhagens sonoras. E os resultados compensam o investimento...

No meio empresarial português contam-se alguns casos de modernidade e sucesso, como prova este artigo publicado em Agosto de 2009: "Produtor estimula vacas com Beethoven, por LUIS MANETA,17 Agosto 2009.

Proprietário de exploração leiteira de Portalegre instala sistema de música para diminuir stress de animais e aumentar a produtividade. Especialistas dizem que pode funcionar
O proprietário de uma exploração leiteira de Portalegre vai começar nos próximos dias a dar música a… 400 vacas. A ideia é "aliviar" o stress dos animais, garantir uma produção dentro de parâmetros elevados e criar um "bom ambiente" em toda a exploração.
"Gosto da música de Beethoven e é essa que se vai ouvir", explica José Ventura Nunes ao DN, esperançado em que o investimento de 1500 euros comece rapidamente a ser compensado com uma produção mais elevada.

O sistema de som está comprado e pronto a funcionar. Só falta que o electricista regresse de férias para concluir a instalação sonora, o que deverá ser em breve.
Segundo o produtor, a música far-se-á ouvir no estábulo e na sala de ordenha. Um "mimo" cuja eficácia testemunhou em visitas a explorações pecuárias da Holanda quando, conjuntamente com o filho, estava a preparar o investimento de 1,5 milhões de euros na Herdade do Vigário Geral, inaugurado no início de 2008 e que hoje atinge uma produção diária de onze mil litros de leite.
Mesmo deitadas em camas de palha e com uma alimentação de "primeira", nem sempre as vacas se mostram "dispostas" a produções elevadas. "Num dia de calor, em que o ar estava muito abafado, recolhemos menos três mil litros de leite", recorda Ventura Nunes que, desde então, decidiu investir num sistema com máquinas de ventilação - uma espécie de "ar condicionado" para bovinos - e em cortinas accionadas por um dispositivo eléctrico para proteger os animais nos dias frescos. A produção nunca mais sofreu uma quebra tão grande. A partir daí não parou de pensar numa forma de aumentar a rentabilidade da exploração. "Está estudado a nível internacional que a música ajuda a manter produções elevadas, desde que seja calma e com sons sucessivamente repetidos", diz.

Em declarações ao DN, o veterinário João de Brito Tavares confirma que a existência de instalações sonoras em explorações pecuárias é uma "solução" já estudada e posta em prática em diversos países, apesar de ser "muito rara" em Portugal.
Reconhecendo que "conhecemos muito mais da influência da música nos humanos do que nos animais", Teresa Leite, presidente da Associação Portuguesa de Musicoterapia, confirma ser possível que "determinados tipos de música produzam efeitos específicos" num processo conhecido como "uso funcional da música".

"Para uma pessoa Beethoven pode ser relaxante e para outra pode ser irritante. No caso dos animais, temos de recorrer a verdades mais universais. Hoje já sabemos dizer, em termos muito gerais, que uma música relaxante tem poucas alterações, um ritmo pouco marcado, poucas mudanças de tonalidade, sem grande intensidade de instrumentos", explica Teresa Leite, considerando que não "é nada escandaloso" que a música ajude as vacas a ficarem "menos stressadas e, consequentemente, a produzirem mais leite".
In Internet

Imagens de San Francisco em 1906!!!



Um Amigo enviou-me este vídeo, um documento histórico que ilustra a passagem do tempo, o ritmo de vida em San Francisco há cem anos...
Para ver e rever, apreciando as mudanças na mobilidade da cidade.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

E assim começou a II Guerra Mundial




A construção do presente faz-se também com as memórias do passado. Um pouco de História neste dia 1 de Setembro quando aconteceu mais um "episódio" do imperialismo alemão. E daí "nasceu" uma Guerra Mundial...

Hino à Vida...




Intitulei "Hino à Vida"...Compreende-se porquê: a força da solidariedade poderá fazer milagres, a começar pelo meio hospitalar.