terça-feira, 31 de agosto de 2010

O espelho da nossa imagem


O espelho da nossa imagem faz-se pelos outros. Alguém confessava com certa ironia que assumiu a velhice quando passou a usufruir da deferência dos outros passageiros nos transportes públicos. Uma ideia que me faz sorrir sempre que, no metro em horas de ponta, arrasto sacos de compras sem que ninguém me ofereça um lugarzito. Nada que o meu ar idóneo e cansado não merecesse...

De certo que isto de idades é relativo. Para os mais novos, uma pessoa de trinta anos já passou para o grupo dos "velhos". Relatividades à parte, interessa-me mais a opinião daqueles que pertencem à minha faixa etária. Esta será mais rigorosa e atenta, porque o "tempo" nos uniu indelevelmente nas memórias e espaços. Uma amiga minha costuma dizer que estamos na idade do "estás muito bem", significando com isso "vais envelhecendo bem". Nada mais simples e verdadeiro.

O tempo de férias propicia estas experiências da passagem do tempo. Muitas vezes, um ano desde o último encontro. Aconteceu assim neste Agosto ao reencontrar o A., meu colega de curso que está francamente envelhecido. Magro, rosto enrugado e uma enorme dificuldade em articular as suas habituais expressões de simpatia. A fala lenta e arrastada impressionava-me ao ponto de inquirir da sua tristeza: uma forma de perceber do seu estado de saúde. Evasivo fez recair as culpas no tempo enevoado...
Os olhos dos outros são o espelho da nossa imagem. Hoje constatei o envelhecimento e doença do A., , de mim hão-de opinar os outros...

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Hebron... "e as crianças, Senhor?"


Agosto e Augusto Gil, balada da neve...imagens contraditórias num Verão quente. Que querem, veio-me à cabeça aquela pergunta sobre o sofrimento das crianças: "e as crianças, Senhor, por que lhes dais tanta dor, por que padecem assim?..." Uma associção de ideias "feita" pela actualidade que passou no Telejornal do dia 3 de Agosto. Em sua casa, uma criança palestiniana chora revoltada, porque os soldados prendem o seu pai. E ela, grita e agride aqueles que maltratam o seu heroi...sem que perceba o porquê dessa acção.
Dá para pensar, mesmo em tempo de férias. A coragem e a resistência das crianças por esse mundo...