segunda-feira, 29 de junho de 2009

Ruth Madoff

Ruth Madoff

Os media falam agora na condenação de Madoff: 150 anos de prisão para um "senhor" que, durante dezenas de anos, burlou personalidades e gente anónima. A notícia refere expressões como abuso de confiança, burla e traição para definir o comportamento do banqueiro que a todos ludibriou, incluindo a família próxima. Situações dramáticas de investidores que tudo perderam e igualmente penoso e confrangedor para a própria família Madoff. Traço comum a todos, a traição: esposa e filhos humilhados e feridos na sua dignidade. Acresce ainda uma atitude de desconfiança total: filhos entre si e destes em relação ao pai e à mãe. É o desmoronar de uma família aparentemente feliz, onde jamais haverá lugar ao orgulho de um apelido.

Casos destes já passaram por nós. Pessoas que "apagaram" apelidos de família ou fazem uso apenas do nome do familiar que mais convém. "Só posso amar alguém por quem sinta admiração". Depois de perdido o amor, compreende-se o estado de alma de Ruth Madoff...

«Estou envergonhada. Como todo o mundo, sinto-me traída e confusa», afirmou Rute Madoff, de 68 anos, em comunicado emitido minutos depois de o juiz federal Denny Chin ter condenado o marido a 150 anos de prisão, a pena máxima pelos onze crimes de que Bernard Madoff estava acusado.

Rute Madoff, que disse ter decidido falar antes dos que a acusavam de «indiferença e falta de compaixão» perante as vítimas das fraudes do marido, explicou que «o homem que cometeu este crime terrível não é o homem que tinha conhecido durante todos estes anos».

«O meu marido era aquele que respeitávamos e a quem confiávamos as nossas vidas e os nossos bens mas também existe outro homem, aquele que nos atordoou com a sua confissão e que é responsável pela terrível situação que tantas pessoas enfrentam agora», afirmou.

A esposa do burlão afirmou que, assim que soube das fraudes que o seu marido tinha cometido, percebeu que a sua vida «com o homem que tinha conhecido durante 50 anos tinha acabado».

Rute Madoff recordou ainda que muitos dos clientes do marido eram «amigos íntimos e familiares.

TSF, in Internet, 29/06/09.

Arrempra-se...

Diz-se que a crise é sempre enriquecedora. Para superar as dificuldades exige-se um esforço de imaginação capaz de corrigir erros, de inovar e de criar novos meios e soluções. A História comprova-o, uma vez que as grandes mudanças vêm quase sempre associadas às grandes necessidades ditadas pelas crises. Assim, a série de inovações técnicas, de alterações sociais e de mentalidades...

Ponto assente: a ilimitada capacidade do engenho humano. Tome-se como exemplo a crise imobiliária (uma das primeiras manifestações da crise actual) e pasme-se com os instrumentos praticados. Leiloam-se casas, promovem-se saldos de apartamentos e publicita-se o arrendamento com opção de compra dos mesmos. Aqui está um método inovador que a publicidade (também ela criativa) alicia. Espera-se que conquiste muitos e muitos adeptos...

A conclusão retiro-a do caderno Espaços e Casas do Expresso que apresenta um rubrica Arrempra-se. Um neologismo nascido com a crise. Um desses anúncios começa assim: "E se pudesse arrendar agora e comprar só depois do seu carro conhecer todos os caminhos para casa?"... A mensagem é clara, basta aceitar a oferta... Fácil, não é?

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Sentimento de amizade

Lago Como (foto de Internet)

Chegou o Verão, tempo de férias. Amigos que ficam, outros que partem. É sobretudo oportunidade de reencontro com muitos outros. Demonstrando que nem sempre a ausência significa esquecimento, fica o Recado aos Amigos Distantes de Cecília Meireles. Distantes no espaço e no tempo, mas todos "amigos para sempre"...



Recado aos Amigos Distantes
Meus companheiros amados,
não vos espero nem chamo:
porque vou para outros lados.
Mas é certo que vos amo.

Nem sempre os que estão mais perto
fazem melhor companhia.
Mesmo com sol encoberto,
todos sabem quando é dia.

Pelo vosso campo imenso,
vou cortando meus atalhos.
Por vosso amor é que penso
e me dou tantos trabalhos.

Não condeneis, por enquanto,
minha rebelde maneira.
Para libertar-me tanto,
fico vossa prisioneira.

Por mais que longe pareça,
ides na minha lembrança,
ides na minha cabeça,
valeis a minha Esperança.

Cecília Meireles, in 'Poemas (1951)'


quarta-feira, 24 de junho de 2009

A Escola e os exames


Exames, um assunto sobre o qual todos opinam. Sem entrar na discussão da natureza das provas (corre por aí que pecam pelo facilitismo ), refiro-me apenas aos exames como meio de avaliação. Ineficazes, dizem alguns. Afronta a quem trabalha é o ponto de vista de outros que consideram suficiente a avaliação contínua para testar conhecimentos e aptidões.

Sem contestar a importância da avaliação contínua, devo confessar que sou a favor dos exames. E lembre-se que actualmente nenhum aluno médio corre o risco de reprovar, dado o peso diminuto destas provas no resultado final. Ora, sendo a ponderação da avaliação contínua superior ao resultado da nota da prova de exame, então, o sistema não prejudica ninguém. Dizia um velho professor que os exames não matam e, dada a experiência dos anos, concluí pela pertinência da afirmação.
Vantagens dos exames? A síntese da matéria do ciclo ou de um ano lectivo exige ao aluno uma capacidade de concentração que lhe permite identificar os itens essenciais, estabelecendo conexões entre eles. E dessa revisão final sedimentam-se conhecimentos que a memória regista para toda a vida. Que o digam as gerações mais velhas!...

Decididamente, julgo que os "prós" superam os "contras". O exame testa ainda a capacidade de resistência ao stress face ao desconhecido, obrigando a "descobrir" soluções ou alternativas. Falo por experiência pessoal, lembrada que estou de algumas situações que muito contribuíram para aumentar a minha auto-estima!

sábado, 20 de junho de 2009

Uma horta na cidade

Palácio de Buckingham

Sempre fui uma observadora atenta aos sinais do campo na cidade. Explico o facto pela minha condição de provinciana transplantada para Lisboa, ao tempo em que a ruralidade se fundia com o espaço urbano, relevando a importância das quintas e hortas na economia local. Era assim até ao início da década de 1970, especialmente nas áreas periféricas da cidade: Campo Grande, Lumiar, Carnide, Benfica, Olivais, Marvila. Por aí adquiria-se directamente no produtor os produtos frescos e criação, legumes, fruta e leite.

O progresso extinguiu este hábito que ainda pude encontrar, em 1984, na Rússia, nos arredores de S. Petersburgo (Leninegrado na época). Um russo carregava uma melancia e um outro segurava uma velha vasilha de alumínio de leite igual àquela que conheci na infância.

Se já pouco resta das velhas quintas de Lisboa (algumas apenas no registo toponímico), outros casos de ruralidade teimam em resistir na malha urbana. Basta chegar ao Bairro de Alvalade para ver crescer limoeiros, nespereiras, alfaces e couves galegas nos pátios e quintais. Gosto antigo que hoje se fez moda!

Lisboa e as grandes cidades europeias preconizam a importância destes espaços hortícolas, uma necessidade que, além dos benefícios do consumo de produtos biológicos, traz uma enorme vantagem ao orçamento de muitas famílias. Cumpre-se assim o desejo do arquitecto Gonçalo Ribeiro Teles que, desde há muito, advogava o retorno às hortas em Lisboa...

Na Casa Branca, a nova primeira dama criou uma horta: um exemplo para o povo americano e para o mundo. É assim o efeito avassalador dos media. A este propósito, a Única de hoje, regista nos Ditos e Feitos uma pequena nota, Horta Real, que transcrevo:
"A Rainha Isabel II decidiu criar uma horta nos jardins do Palácio de Buckingham, para consumo da Família."

sexta-feira, 19 de junho de 2009

O Sino do Czar

Sino do Czar
Conhecido como o maior sino do Mundo, pesa 216 toneladas e mede 6,14 m. Fabricado entre 1733-35, expõe-se aos olhares dos visitantes no Kremlin

Basta uma imagem ou uma palavra para revisitar um lugar. Desta vez, um mail da M.S.P. levou-me até Moscovo e ao Kremlin. Quando visitei Moscovo e Leninegrado em 1984 ninguém podia adivinhar a proximidade do colapso do sistema. As marcas do regime configuravam-se no controlo da documentação no Aeroporto, na distribuição dos quartos dos elementos do grupo (instalados em alas diferentes do imenso "Hotel Rossia") e na imprevisibilidade do cumprimento do programa de viagem...

Ambiente de ordem e controlo coexistiam com sinais de laxismo e corrupção. O turista ficava obrigado a cambiar 10 dólares à taxa oficial, embora com a permissão tácita de aquisição ilimitada de rublos no mercado negro. Negócio seguro e à vista de toda a gente nas salas de jantar ou em lugares públicos. Permitida era também a venda de peças de vestuário (calças, collants...) ou esferográficas Bic. E por este processo consegui uma semana barata que, em termos cambiais, não ultrapassou os 10 dólares obrigatórios!

O saco de plástico completava a indumentário de todo o cidadão russo que, desse modo, estava sempre pronto para comprar o que necessitava. Mas infelizmente a decoração das montras nem sempre correspondia à mercadoria existente, uma situação frustrante para quem tinha esperado longo tempo na fila...que também eu experimentei na Avenida Gorki...

Os russos caminhavam apressados e silenciosos, sem um sorriso, menos ainda um riso aberto. Apenas ouvi rir à gargalhada em duas ocasiões. Na Praça Vermelha: camponesas do Sul da URSS davam um ar da sua graça nesse lugar solene e impróprio para tais manifestações. Uma outra vez, aconteceu nos GUM. Quando curiosa me aproximei das duas raparigas morenas que assim riam ... constatei que eram argentinas!

Povo triste de uma cidade que se pautava pela limpeza das ruas e pela segurança. Breves notas dessa estada em Moscovo, onde todas as noites assistíamos ao render da guarda na Praça Vermelha, recordando Gilbert Bécaud numa célebre canção...

terça-feira, 16 de junho de 2009

Benjamin Britten



Só a música pode exprimir os mais profundos e verdadeiros sentimentos. Hoje recorro a Benjamin Britten, talentoso compositor inglês contemporâneo. E eis o mundo maravilhoso dos sons numa composição perfeita entre muitos instrumentos. Não vão arrepender-se!...

segunda-feira, 15 de junho de 2009

A identidade de um País


Pelo calendário passou mais um feriado nacional, o 10 de Junho. Morte do grande Poeta épico que só há pouco mais de um século a vontade dos homens quis assinalar. E quando a oposição à Monarquia ganhava foros de realidade, em 1880, nasceu a imagem de Camões republicano.

A memória do passado serviu e continua a servir objectivos políticos determinados e outros menos confessáveis. António Barreto, orador oficial nas cerimónias que tiveram Santarém como palco, discorreu sobre o significado deste Dia que tantos nomes já conheceu até ao actual: Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, um rótulo que guarda o "bem e o mal" de um País que se identifica com gente distinta e o povo anónimo. Virtudes e pecados da gente do meu país que sente os valores da terra pátria, a sua língua e costumes.

Ainda que, reconhecendo as limitações de juízos gerais e tão abstractos, vale a pena ouvir e sentir o eco da portugalidade por esse mundo além. Portugueses de várias gerações, incluindo aqueles que, apesar do tempo e das mudanças políticas, continuam a falar a língua de Camões, a venerar as tradições e os vestígios materiais da presença portuguesa...

Por coincidência ou não, o 10 de Junho deste ano de crise foi rico em eventos do género, a começar pelas "7 Maravilhas de origem Portuguesa no Mundo", monumentos em espaços que cativam a nossa sensibilidade. Retenho especialmente as imagens da Índia e daqueles homens e mulheres que, desde 1961, permanecem ligados a este país por laços de ternura que, entretanto, vão transferindo para os filhos e netos... Como o caso daquela menina que confessa falar três línguas: inglês na escola e português e concani em casa!

É em momentos destes que o orgulho de ser português reaparece, deixando falar claramente os valores da nossa identidade!
Nota: Se quiser saber mais sobre as Maravilhas de Portugal no Mundo, clic no título desta mensagem.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Conquista do Paraíso




O calendário marca 10 de Junho. Para assinalar o Dia de Camões fica a música de Vangelis acompanhada de belas imagens do mar!...

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Banco de Tempo

Quinta das Conchas, Lumiar
Jardim, sugestão de momentos de pausa e de paz. Momentos de comunhão com a Natureza, desfrutando a companhia de gente de todas idades que passeia, joga e descansa. Neste oásis, que é a Quinta das Conchas no Lumiar, todos os moradores e seus visitantes podem usufruir deste prazer saudável. Se não conhecem, venham visitar-nos!

Escusado é dizer que a Quinta dispõe de bancos de madeira que convidam ao repouso em pontos estratégicos. Mas existe no Lumiar um outro Banco que pouca gente utiliza, o Banco de Tempo. Nasceu pela iniciativa de um grupo de voluntários que mantém activa esta troca de serviços tão ou mais necessária que o pagamento em dinheiro. Deixo o conselho, consultem o blogue e visitem o Espaço de Cultura, onde poderão dar e receber algum do vosso tempo disponível!

terça-feira, 2 de junho de 2009

Destino ou milagre?


Fatum, moira. Destino, fado. Palavras que significam o sentido da vida. Motivos explicáveis ou insondáveis marcam o curso dos nossos dias. É isto que apetece dizer na sequência do acidente aéreo da Air France que fez do Atlântico cemitério de centenas de pessoas.
Como sempre nestas ocasiões, os media publicam relatos de passageiros que, tendo falhado o embarque, respiram agora de alívio. À conta de um pormenor salva-se uma vida!

Finais diferentes de histórias de vida: destino, acaso, milagre? Não discuto a interpretação. A verdade é que o curso dos dias mudou. Se uns podem sorrir agradecidos, já a morte altera o futuro de outros, arrastando mudanças nas famílias e instituições.

Afinal, a vida, sendo tão simples, continua um mistério. Por que razão nascemos saudáveis? Por que escapamos a acidentes? Por que continuamos vivos, enquanto outros já partiram? Tantas perguntas que fazem pensar... Que missão nos reserva a vida?

segunda-feira, 1 de junho de 2009

Portugal além-mar...

Alguns dias mais e aí está o resultado do concurso "7 Maravilhas" portuguesas no Mundo. Presumo ter havido uma votação maciça e eu, que tanto gosto de jogar, só lastimo o número, ainda que reconheça o carisma do "7"...

Optando pelas "maravilhas", que muito desejo conhecer e são muito mais de sete, penso acertar em mais de cinquenta por cento. Não, não desvendo a minha escolha, porque o voto é secreto...mas, se a excepção confirma a regra, lá vai, Congonhas do Campo!

Até à publicação do resultado nada mais digo. Depois, depois darei conta do meu palpite...