A Livraria Portugal, que abriu portas em 1941, vive as últimas horas. Estive lá esta tarde e senti a tristeza e desconforto de um espaço, outrora agradável. Por entre prateleiras meio-vazias e obras empilhadas movimentam-se os últimos clientes que folheam e escolhem alguns exemplares a preço de saldo. Sensível ao ambiente, deixei-me contagiar, adquirindo uns títulos de História. No primeiro andar percorri os imensos volumes da colecção Que sais-je, o essencial de qualquer matéria: o conhecimento básico que, nos nossos dias, mudou para a pesquisa na Internet.
A Livraria, enquanto ponto de encontro de escritores e estudiosos, passou. Agora a apresentação de um novo livro assume carácter mundano, onde a formalidade e as vaidades imperam. Razões diversas originaram a decadência das velhas Livrarais da Baixa: Sá da Costa, Bertrand, Lello. "Mudam-se os tempos..." e, como tal, altera-se a feição das cidades. Compreende-se, mas isso não invalida o sentimento de nostalgia que, de certo, perpassa entre os habitués da Portugal. Motivos bastantes para marcar esse lugar privilegiado da Rua do Carmo junto ao Elevador de Santa Justa: aí será sempre a Livraria Portugal !