terça-feira, 2 de dezembro de 2008

Carta a um homem inteligente...,

A actualidade bancária não pára de surpreender e, eu se eu fosse dada a grandes reflexões, poderia dizer muita coisa. Assim, opto pela escrita de outros, supostamente bem informados e que expõem com clareza os problemas.

Tudo isto para registar o comentário de Nicolau Santos. Passo à transcrição de alguns extractos.


"Carta a um homem inteligente, meticuloso e cuidadoso

Manuel Dias Loureiro é, indiscutivelmente, um homem inteligente, trabalhador e competente. Por isso se tornoui um dos mais importantes militantes do PSD, chegando a secretário-geral dos sociais-democratas. Por iso se tornou um dos pilares do chamado cavaquismo,, exercendo bem os cargos político-ministeriais que ocupou. Por isso, após ter abandonado a política, se tornou num importante homem de negócios de sucesso. Rico no dizer de alguns. Com uma vida confortável, segundo o próprio.

Ninguém consegue uma carreira assim sem ser meticuloso e cuidadoso: no primeiro caso tomando nota de todos os factos que possam vir a ser relevantes para esclarecer o passado ou iluminar o futuro; no segundo escolhendo as companhias que permitam chegar ao topo da montanha.

No caso do Banco Português de Negócios, Dias Loureiro diz certamente a verdade - a sua verdade. Mas há factos que, pelo menos, a contraditam. Vejamos.

(segue-se o desenvolvimento de quatro contradições) (...)

Ora, um homem inteligente, meticuloso e cuidadoso não se dá com pessoas como o senhor Hoyos; muito menos propõe negócios com tais pessoas; e ainda menos em operações através de de zonas "offshore". Dias Loureiro tem, pois, de se esforçar um pouco mais nas explicações para nos provar que merece continuar a ocupar o alto cargo de conselheiro do Estado da República Portuguesa. Ou que passou a ter uma vida confortável, nas suas palavras, exclusivamente como resultado do seu enorme talento e do seu inusitado esforço. Porque como escreveu Pacheco Pereira na "Sábado", "ficar milionário do nada, tornar-se um grande capitão de negócios "ex-nihilo", um superadvogado de grandes negócios, um dono de empresas valendo milhões, isso é impossível com um salário de deputado ou ministro".

Expresso, Caderno de Economia, 29 Novembro 2008


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