sábado, 18 de setembro de 2010

Escola Pública, Anos Setenta

Escola Preparatória de Nuno Gonçalves, foto Arquivo Municipal, Internet

Outrora a Avenida General Roçadas era assim, frente à Escola de Nuno Gonçalves. O modelo dos carros, a existência de lugares de estacionamento e a calma no passeio não suscitam grandes dúvidas quanto à data da foto que, com toda a probabilidade, remonta aos finais da década de Cinquenta, inícios de Sessenta.

Escola Técnica Elementar que, depois da chamada reforma de Veiga Simão em 1968, passou a Ciclo Preparatório do Ensino Secundário. A mudança implicou a alteração na frequência que, sendo exclusivamente masculina, passou também a admitir meninas. A novidade traduzia-se num espírito de super protecção às raparigas que usufruíam da liberdade de circular pela "escada dos professores", evitando deste modo choques e atropelos.

A qualidade humana e pedagógica do Director e Subdirector, Drs. Francisco Xavier Roberto e Eduíno de Jesus, sabiam criar um ambiente agradável, onde dava gosto trabalhar. Embora superlotada, a Escola mantinha uma organização exemplar mercê de um esforço conjunto de professores e empregados. Muitos hão-de lembrar ainda esses tempos de disciplina quando o Regulamento ditava o uso de bata branca para professores e alunas. Agora, que um novo ano lectivo começa, recordo essas regras de 1972-73, sorrindo...



"CIVISMO ESCOLAR
(...) Nos corredores anda-se, não se corre nem se patina; fala-se, não se grita e, muito menos, se assobia.
- Atenção às escadarias: trânsito pela direita.
- Nos recreios não não é permitido jogar a bola com o pé, nem outros jogos de que possam resultar danos materiais ou pessoais. (....)
- A Escola é a nossa casa e não nos diminuímos cuidando da sua limpeza.
Os papéis, as cascas de fruta, os caroços, etc., devem ser lançados nos recipientes apropriados. (...)
- É proibida a compra de guloseimas aos vendilhões - proibido e perigoso: pela saúde e pela limpeza e trânsito da Avenida - , bem como a permanência nas casas de negócio.
- Nos caminhos de casa para a Escola e da Escola para casa o aluno é já aluno da Escola com todos os direitos e deveres...


A ESCOLA E A FAMILIA
- Delicado é o problema de educar, e dele não é possível desempenhar-se cabalmente a Escola sem a colaboração da Família dos alunos.
- Comece-se por ter cuidados especiais com a pontualidade e aprumo do educando ao sair de casa: um atraso nas refeições implica o comer depressa, o vir a correr, procedimentos de que podem resultar inconvenientes e perigos.
- A falta de aprumo é tristeza; sobretudo doloroso numa criança. E agrada tanto vê-los penteados, de fatinho limpo! Parece que sobre eles voejaram felizes e atentos os olhos dos Pais.
E não será a falta de aprumo índice de indisciplina, de qualquer espécie de desordem? (...)
- Alguns Encarregados de Educação acham que é indispensável acompanhar os seus educandos à Escola. Mas será, de facto, indispensável? Apareçam sim, na Escola, para saber como se porta o educando: mas não o venham trazer pela mão, nem mandem a avó ou a criada. Os companheiros po-lo-ão a ridículo e far-lhe-ão passar maus bocados. (...)


SERÁS UM BOM ALUNO
...Se fores
pontual,
assíduo às aulas e todas as actividades circum-escolares em que estejas inscrito ou para que a tua presença tenha sido solicitada,
aplicado nos teus estudos,
bem comportado dentro e fora das aulas, dentro e fora da Escola,
exemplar em todas as tuas acções,
solidário com os teus companheiros
leal,
franco,
verdadeiro,
cortês,
asseado. (....)"

Sem comentários: