sábado, 22 de janeiro de 2011

Se eu pudesse

Serra da Lousã, foto in Internet

Aceitar os limites e contradições do homem, compreender que na vida não somos o que queremos. Do caminho da Natureza e da sua diversidade aprende-se a lição. Espécie de segredo que o Poeta captou e aceitou...

"Se Eu Pudesse

Se eu pudesse trincar a terra toda
E sentir-lhe um paladar,
Seria mais feliz um momento ...
Mas eu nem sempre quero ser feliz.
É preciso ser de vez em quando infeliz
Para se poder ser natural...
Nem tudo é dias de sol,
E a chuva, quando falta muito, pede-se.
Por isso tomo a infelicidade com a felicidade
Naturalmente, como quem não estranha
Que haja montanhas e planícies
E que haja rochedos e erva ...

O que é preciso é ser-se natural e calmo
Na felicidade ou na infelicidade,
Sentir como quem olha,
Pensar como quem anda,
E quando se vai morrer, lembrar-se de que o dia morre,
que o poente é belo e

é bela a noite que fica...
Assim é e assim seja ..."

Alberto Caeiro (heterónimo de Fernando Pessoa)

Sem comentários: