segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Do marron glacé e da poesia


Nada como um marron glacé para adoçar os dias frios. Dar uma dentada e outra, sempre devagarinho para não perder nada dessa feliz combinação doce. Eis um desejo adiado para outra vez, numa qualquer tarde invernosa quando a ideia de dieta for esquecida.

Andando nestas cogitações do "não pode ser hoje", decidi investigar se os poetas também podem ser gulosos por marron glacé e descobri um, Chico Buarque de Holanda. Dessa agradável surpresa poética que mistura paixão com outros prazeres de coisas e lugares fica o registo. A isto costuma dizer o povo que "quem feio ama, bonito lhe parece". Um ditado bem aplicado, veja-se como.

"Canção de Pedroca

Quando nos apaixonamos
Poça d'água é chafariz
Ao olhar o céu de Ramos
Vê-se as luzes de Paris

No verão é uma delícia
A brisa fresca de Bangu
Mesmo um cabo de polícia
Só nos diz merci beaucoup

Eu ouço um samba de breque
Com Maurice Chevalier
Bebo com Toulouse Lautrec
No bar do Caxinguelê

Daí ninguém mais estranha
O Louvre na Praça Mauá
E o borbulhar de champanha
Num gole de guaraná

Cascadura é Rive Gauche
O Mangue é Champs Elisées
Até mesmo um bate-coxa
Faz lembrar um pas-de-deux
Purê de batata roxa
Parece marron glacé

Chico Buarque "

1 comentário:

Unknown disse...

Eu não sou poeta, mas adoro as castanhas "marron glacé"!
Uma delícia. Que mensagem tão original e engraçada!
Muito doce.
Beijinhos.