sexta-feira, 25 de novembro de 2011

"A minha palavra favorita"



"A minha palavra favorita", título de um livrinho que encontrei um destes dias num alfarrabista. Ideia curiosa a que se submeteram personalidades diversas que, posteriormente, viram publicado o resultado. Vale a pena apreciar estas palavras que, sendo escolhidas em plena liberdade, divergem no modo como se expressaram. De entre todas, retirei uma: amor. Pela simples razão de respeitar a todos, porque de amor nascemos e vivemos...desse sentimento imenso como o espaço.




" Amor começa com a letra a, a primeira letra do alfabeto. Por isso, o amor está no princípio de tudo, no caos original, quando Deus ainda não tinha inventado o primeiro dia nem Eva descobrira a maçã do desejo.
A segunda letra é um m, de madrigal, de mãe, de morte, porque o amor é sempre uma maneira de afastar a mãe, de adiar a morte.
O o não falará de ódio, nem de olvido - é um o de orgulho, de odisseia, é uma praia quando a maré está cheia e a areia diminui envergonhada e frágil.
O r é o que resta quando o amor acaba - quantas vezes remorso, raiva, rebeldia e a memória longínqua do primeiro dia da primeira palavra, do primeiro beijo.

Escrevo esta palavra e acorrem outras que dizem quase o mesmo. A palavra irmão. A palavra Abril. E o teu nome flutuando ao vento, inteiro e limpo, encostado à brancura da cal, dormindo entre lençóis de puro linho."


Manuel Alberto Valente, Amor in A minha palavra favorita, Centro Atlântico.pt

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