sábado, 10 de abril de 2010

Da intuição e da realidade político-social...

Inverno em Trás-os-Montes (Foto da Internet)

Regresso ao Porto, onde hoje termina o 8º Simpósio da Fundação Bial, que abordou o poder da intuição. Capacidade difícil de definir que, funcionando como instinto, conduz e resolve as pequenas e as grandes questões da vida. Em contraponto, actua o raciocínio lógico, analítico e consciente.

Esse "sentimento de saber sem saber porque se sabe" age automaticamente, mas contém perigos e falhas. Daí o alerta para as "decisões intuitivas" que, sendo uma representação marcada pela experiência e pela memória, entra no domínio emocional E as emoções nem sempre são boas conselheiras...

Nada de muito relevante se o artigo sobre O poder da intuição, publicado na Unica de hoje, não viesse corroborar o valor do sexto sentido feminino. "Quanto ao mito da intuição feminina, os estudos de Judith Hall, da Universidade Northeasttern (EUA) confirma: elas superam os homens". Possivelmente reside aí o segredo da coragem de algumas mulheres que denunciam escândalos e injustiças. enquanto a maioria se cala.

E este nosso mundo precisa urgentemente de mais vozes que proclamem as verdades que outros escondem ou recusam ouvir. Pensava nisto ao ler as crónicas de Inês Pedrosa e de Clara Ferreira Alves. A primeira, intitulada "Só há pedófilos entre os padres?" denuncia o facciocismo dos media que esquecem outras religiões e instituições. O artigo contextualiza o tema da pedofilia desde a Antiguidade aos nossos dias, um texto desassombrado de que registo alguns excertos.

"A pedofilia é um, crime que se exerce sobre crianças, ou seja, seres frágeis e totalmente desprotegidaos de poder. É um crime de que a vítima muitas vezes acaba por se sentir cúmplice e que afecta irremediavelmente a sua identidade e a sua vida. A prescrição, em particular neste crime, representa convivência da lei com o criminoso. A mensagem é a de que, passado um tempo, não há sequelas nem razão para se falar de crime. (...)

Mas enquanto se admitir a prescrição deste crime tenebroso, os pedófilos continuarão impunes. E a culpa não é da Igreja - é dos políticos, que fazem leis para proteger , antes de mais os seus correligionários. Não há pedófilos: todos são criminosos. É mais que tempo de sairmos da Grécia Antiga".

A crónica de Clara Ferreira Alves, intitulada "Somos um pequeno e desgraçado país" prossegue as críticas ao poder político que impõe sacrifícios a uns, enquanto alguns enriquecem à custa dos impostos de todos. Diga-se em abono da verdade que o assunto levanta protestos da oposição, e de quase todos os cronistas. De Clara Ferreira Alves segue um apontamento acerca da realidade social e política do País.

"Leio as notícias sobre o extraordinário salário de António Mexia, da EDP, os 3,1 milhões anuais, e penso o que pensa uma pessoa normal: não vale a pena. os velhos morrem de frio no Inverno porque não têm dinheiro para pagar a"a luz" e o senhor energia tem um salário igual ao dos melhores 200 gestores americanos. Numa empresa falsamente privatizada que floresce num regime de monopólio e em que o Estado é o maior accionista. E aquilo é o salário, fora os benefícios e os cartões. Fora as reformas e as pensões. A permanente resignação perante a imoralidade é que nos torna passivos, fracos, assustados, irresolutos e cúmplices da delapidação do nosso dinheiro. E um governo socialista autorizou isto e promoveu isto. E pior do que isto. Não se trata de premiar o mérito, trata-se de premiar a estupidez. porque deixamos isto passar."

Escusadas mais palavras. Só uma nota para recomendar a leitura da página de Miguel Sousa Tavares no Expresso de hoje. Para compreender melhor as razões dos "verdadeiros protestos" de outros, como os de Valença.

1 comentário:

goiaba disse...

Li o Expresso e partilho as suas opiniões e observações.