quarta-feira, 28 de abril de 2010

O Sporting de luto





Quando uma família ou instituição perde algum dos seus, diz-se que está de luto. E esse é, por certo, o sentimento que perpassa pelo Sporting com a morte de Morais: futebolista que ficará na história do clube e da selecção nacional. Célebre pela marcação cerrada a Pelé no Mundial de 1966 e, mais ainda, para o Sporting, porque da sua inspiração e poder saiu a marcação de um famigerado canto que valeu a conquista de uma Taça Europeia em 1964. Um golo imortal e que Maria José Valério registou em disco.

Por esse tempo, o amor clubístico superava tudo. O ordenado dos jogadores ficava pelos 4.500 escudos ( um pouco menos de 25 euros) e o prémio pela conquista daquela Taça Europeia rendeu 40.000 escudos (200 euros). Bem sei que é preciso relativizar, mas mesmo assim dá para pensar em comparação com a actualidade.

À chegada a Lisboa a equipa teve uma recepção condigna. E devo confessar que, pela primeira vez na vida e última, também participei num evento do género. Uma festa à escala do tempo, esperando num Volkswagen, na encosta junto ao Aeroporto, o momento de nos integrarmos no cortejo...

O triunfo desportivo assumiu uma proporção inimaginável. Salazar recebeu a equipa do Sporting, apreciou a Taça e conversou com os futebolistas. E, pasme-se com a pergunta feita de candura: "E isso é muito importante? " Até podia ser um dito irónico, mas de uma coisa ninguém duvidava. A promiscuidade entre política e futebol já existia, pois se até Salazar se deixava seduzir!..

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