sábado, 21 de abril de 2012

Angelica Catalani em Portugal















Gosto da terça-feira, o dia da aula de História da Música. Desta vez, recuámos a Marcos Portugal, o mais famoso compositor luso-brasileiro de todos os tempos.
Nascido em Lisboa, em 1762, onde fez a sua formação musical na "escola da Patriarcal". Viveu depois oito anos em Itália, de onde regressou, em 1800, com o reconhecimento internacional de "Grande Marcos" que, em terras transalpinas, se distinguira pela originalidade e capacidade de trabalho.
Aos grandes compositores associam-se os nomes de grandes intérpretes. Daquele tempo registo dois afamados italianos:  Angelica Catalani, a soprano, e  Girolamo Crescentini,  mezzo soprano de excelência entre os castrati.  
Angelica, nascida no dia 10 de Maio de 1780 em Senigalia ( Ancona) era um pouco mais nova que Girolamo,  que nasceu em 1762. Os dotes de ambos puderam ser apreciados em Lisboa que, deixou marcas indeléveis em Angélica. A sua estreia no S. Carlos ( então recém-inaugurado) aconteceu no dia 18 de Setembro  de 1801 com  Cleopatra de Nosolini e em Dezembro seguinte interpretava Semiramide de Marcos Portugal.  Em Lisboa conheceu um oficial francês, adido na embaixada do seu país, com o qual casou em 1804, permanecendo em Portugal durante mais dois anos. 
Pelo contrário, em  termos pessoais,  Girolamo não deixou gratas recordações. Entrando em conflito com Angelica, extorquiu a partitura de Semiramide  que, entretanto, a polícia consegue recuperar a bordo do navio que havia de o levar a Itália.
Angelica viveu entre aplausos. Cantou três vezes para Napoleão, mas recusou as suas honras. Trocou a França pelo Reino-Unido, onde permaneceu até 1813. Com a restauração da  monarquia, regressa à  França  de Luís XVIII. Os posteriores anos de paz permitiram-lhe actuar na Alemanha, Itália, Polónia e Rússia. Em 1828 retirou-se da vida artística e instalou-se em Florença, onde criou uma escola gratuita para  formação de jovens cantoras. A sua morte ocorre em 1849, em Paris, quando fugia de uma implacável epidemia de cólera. Três anos antes tinha morrido Girolamo.
 Marcos de Portugal,  que só em 1811 chegou ao Rio de Janeiro para "servir a Corte", havia de permanecer no Brasil até à sua morte.  Ele que sempre fora leal a a D. Maria I e a D. João VI, adquiriu a nacionalidade brasileira em 1824 e nessa condição viveu os derradeiros anos ao serviço do Imperador. Compôs um Hino da Independência do Brasil que, durante muitos anos, seria  cantado nas cerimónias do 7 de Setembro. Morreu no dia 17 de Fevereiro de 1830. 

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