quinta-feira, 22 de maio de 2008

Crise

Crise, eis um tema habitual de conversa. Atrevo-me quase a dizer que este é o tema preferido dos portugueses. Em tudo vêem motivo de lamuria: economia, teatro, educação e....um nunca mais acabar de questões!
A economia impõe-se na ordem do dia. Ricos, pobres ou remediados, todos sem excepção, gostam de falar dos seus problemas e da carestia de vida, fazendo valer queixas e argumentos próprios do seu estado social. No entanto, a crise penaliza de forma e em grau diferentes e, por isso, tanto queixume soa mal e chega mesmo a ser objecto de chacota.

Foi o caso de um rico proprietário agrícola que costumava queixar-se de dificuldades económicas. Conhecia toda a gente na vila, gostava de passear pelas ruas, comprar o jornal e trocar dois dedos de conversa. Personalidade simpática e popular, de todos respeitado, mas isso não evitava que, à socapa, muitos rissem das suas lamurias. E um dia recebeu a resposta adequada. Repetindo as suas razões: subiam os combustíveis, os salários aumentavam exageradamente, enquanto os produtos mantinham os preços. "Onde é que isto vai parar? Quem podia aguentar tal estado de coisas?" E assim continuava, prevendo já a falência de muitos lavradores. O interlocutor, homem da classe média, ouviu tudo e, fingindo-se muito condoído, não se conteve:
- Oh, senhor D..., veja lá!...Não tenho muito, mas sempre se há-de arranjar qualquer coisa...De quanto precisa?
- Pelo amor de Deus, homem! A vida está difícil, mas sempre vai chegando...
Então, teria percebido como tudo é relativo!

1 comentário:

Mar Lis Goiaba disse...

Ando muito entusiasmada com esta partilha de experiências de vida.
Todos os dias visito alguns conhecidos e amigos e tenho sempre muito para aprender.
Obrigado pela partilha!
Abraço LIS