terça-feira, 10 de junho de 2008

Morrer de Alzheimer


A doença de Alzheimer é um dos meus grandes medos. Doença degenerativa que, lenta e progressivamente, vai destruindo as células do cérebro, os neurónios que não têm a capacidade regenerativa, como noutros casos. Uma vez destruídos, não há substituição. Numa palavra, é uma doença incurável.
Manifesta-se pela perda de memória de factos recentes, dificudade na execução de actividades domésticas e manuais, desorientação e, em geral, na dificuldade de fazer cálculos. Verifica-se uma progressiva perda de capacidade de raciocínio e da fala, às quais se junta uma série de alterações de comportamento. Apatia, alucinações, delírios e crises de agitação repetem-se. E como consequência, o doente desenvolve uma relação de conflitualidade com os familiares e prestadores de cuidados médicos.
Não existem certezas quanto às causas da doença. Há quem fale numa tendência hereditária, mas ainda sem provas concludentes.
A doença evolui por surtos. A perda de capacidade cognitiva surge associada à perda de peso que, levando a um estado de debilidade extrema, diminui o sistema imunitário. E muitas vezes, o paciente acaba por morrer de uma qualquer patologia infecciosa.
Muito tem evoluído a medicina e hoje já se prescrevem medicamentos para retardar a doença. Fala-se também nos efeitos preventivos da aspirina e sugere-se ainda uma alimentação adequada. Por enquanto, mais hipóteses do que certezas.
Muitos associam a depressão à doença de Alzheimer. Depressão vivida antes dos 60 anos e, mais penalizadora ainda, se acontece depois dos 65 anos. E eu que, não tenho qualquer base científica, considero este factor determinante. Assim é em todos os casos de Alzheimer que conheço.
Ontem foi a enterrar uma amiga minha vítima de Alzheimer. Conheci-a no dia 1 de Outubro de 1972, criámos laços de grande amizade pessoal e um óptimo relacionamento a nível de trabalho. Muito inteligente e perspicaz, foi uma profissional brilhante que deixa saudades em todos os que com ela privaram. Até há pouco mais de ano e meio, nunca soubemos interpretar os sinais da doença. Então, era tarde demais! Hei-de recordar a sua imagem no passado e nunca a pessoa dos últimos tempos. Visitei-a, pela última vez, no dia 22 de Maio. Muito magra, parecia, no entanto, bastante lúcida. Vou sentir muito a sua falta!

2 comentários:

Mar Lis Goiaba disse...

Sei muito bem como é essa doença,acompanhei o caso de uma grande amiga que morreu com 58 anos.Tinha comportamento estranho e só quando se perdeu no tempo e nas palavras a internámos.Viveu num lar 4 anos, perdeu a fala,o reconhecimento dos mais intimos,ficou magra e acamada.
Era uma pessoa muito culta e inteligente,com uma memória fabulosa. Parece incrivel!
Lis

goiaba disse...

Li há dias que podem ser bactérias as causadoras - migram para o sangue e afectam zonas cerebrais.
Também se diz que é preciso não deixar de ter uma actividade intelectual regular ...