terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Veni Creator


Dezembro chuvoso faz renascer a vontade de revisitar lugares e Lisboa continua a surpreender-nos. Da Sé ficou a bela fotografia de um espaço propício ao recolhimento e à oração...e por que não ao canto gregoriano?

Sé de Lisboa

Sé de Lisboa, Francisco Mendes (Galeria pública in Olhares)

segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Todos fazemos História

Rui Fonseca, Nascer do Sol

Aprendi que, na vida, todos precisamos de todos, do mais humilde ao herói. É esta expressão solidária que dá sentido à nossa existência como pessoas. Independentemente de ideologias...

Num poema sobejamente conhecido, B. Brecht apela à reflexão acerca da História. Dos homens que "actuam" no palco do tempo e da "escrita" (historiografia) que os observadores fazem! Vale a pena ler...


"Quem construiu Tebas, a cidade das sete portas?
Nos livros estão nomes de reis; os reis carregaram pedras?
E Babilónia, tantas vezes destruída, quem a reconstruía sempre?
Em que casas da dourada Lima viviam aqueles que a edificaram?

No dia em que a Muralha da China ficou pronta,
para onde foram os pedreiros?
A grande Roma está cheia de arcos-do-triunfo:
quem os erigiu? Quem eram
aqueles que foram vencidos pelos césares?

Bizâncio, tão famosa, tinha somente palácios para seus moradores?
Na legendária Atlântida, quando o mar a engoliu, os afogados
continuaram a dar ordens a seus escravos.

O jovem Alexandre conquistou a Índia.
Sozinho?
César ocupou a Gália.
Não estava com ele nem mesmo um cozinheiro?
Filipe de Espanha chorou quando sua frota
naufragou. Foi o único a chorar?

Frederico Segundo venceu a guerra dos sete anos. Quem
partilhou da vitória?

A cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes comemorativos? A cada dez anos
um grande homem.
Quem pagava as despesas?

Tantas informações.
Tantas questões."

Bertold Brecht

sábado, 26 de dezembro de 2009

Sensibilidade e sensibilidades

Maria Helena Vieira da Silva, Biblioteca (1949)

Por este tempo as emoções andam à flor da pele. É assim o Natal, uma época marcada por manifestações de afectividade em relação à família, aos amigos e aos mais desfavorecidos. Trocam-se mensagens e presentes, fazem-se visitas ou oferece-se "tempo" em benefício dos outros. Voluntariado solidário que as imagens televisivas reportam, embora nem todos lhe dêem a devida atenção.

O crescimento das organizações de solidariedade comprova a imensa generosidade dos portugueses que, apesar da crise, não esquecem o próximo. Verificando um aumento da participação dos jovens nestes actos sou levada a concluir que nem tudo está perdido. E isto acontece por efeito de uma educação que começa logo desde os primeiros anos, resultado da preocupação dos pais em educar a sensibilidade da criança que assim desenvolve a inteligência e os afectos em relação aos outros e a tudo o que a rodeia. Começa aí a educação da sensibilidade para uma aprendizagem cognitiva e de valores que a criança pouco a pouco vai interiorizando ao longo do percurso escolar.

Este parece ser o caminho para a formação de homens e mulheres de bem com a vida e que, apesar da pressão da vida profissional, ainda encontram tempo disponível para o voluntariado. Conheço alguns casos, o que me deixa optimista, acreditando num mundo melhor...

quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Invenções que mudaram as nossas vidas...

Trenó
O mau tempo que assolou parte do Oeste não só afectou as infra-estruturas e sectores económicos da região, mas também o dia a dia dos habitantes. Luz, aquecimento, sistema de refrigeração, rede de abastecimento de água... tudo, tudo dependente da electricidade que colapsou neste apagão que tarda a ser resolvido.

Pensava neste domínio avassalador dos efeitos do progresso quando deparei com um artigo na Única, intitulado "50 invenções que mudaram as nossas vidas". Enumeração exaustiva, mais ou menos consensual, que passo a citar.

1. Roda, 8000-6400 A. C. ; 2 Preservativo, 1000 A.C.; 3. Óculos, 1265; 4. Relógio Mecânico, 1280, 5. Livro Impresso, 1455; 6. Automóvel, 1769; 7. Vacina, 1796; 8. Pilha, 1799; 9. Frigorífico, 1805; 10. Câmara Fotográfica, 1826; 11. Telefone, 1876; 12. Lâmpada Eléctrica, 1879; 13. Rádio, 1895; 14.Cinema, 1895; 15. Aspirina, 1899; 16. Avião, 1903; 17. Televisão, 1925; 18. Computador, 1946; 19. Pílula Contraceptiva, 1951; 20. Satélite Artificial, 1957; 21. Laser, 1958; 22. Microchip, 1958; 22. Código de Barras, 1973; 24, Internet, 1983; 25. SMS, 1992.

O citado artigo faz acompanhar estas invenções de uma nota explicativa, seguindo depois a lista restante. Vale a pena referi-los: 26. Papel, 150 a.C; 27. Bússola, 1190; 28. Escova de dentes, 1498; 29. Microscópio, 1590; 30. Telescópio, 1608; 31. Pára-quedas, 1783; 32. Selo, 1837, 33. Motor de Explosão interna, 1859; 34. Bicicleta, 1861; 35. Raios X, 1895; 36. Fecho éclair, 1914; 37. Penso-rápido, 1920; 38. Foguetão espacial, 1926; 39. Penicilina, 1928; 40. Radar, 1935; 41. Forno-micro-ondas, 1946; 42. Pacemaker, 1950; 43. Airbag, 1953; 44. Robot, 1956; 45. Cabo de Fibra óptica, 1966; 46. Caixa Electrónica (Multibanco), 47. E-mail, 1971; 48. Telemóvel, 1973; 49. Computador portátil, 1981; 50. iPod, 2001.

A aceleração do número de inventos é directamente proporcional à passagem do tempo. E isto, porque a História ensina-nos que nenhum progresso seria possível sem assimilar, desenvolver e aplicar conhecimentos anteriores. Considere-se o caso da roda e na multiplicidade de aplicações, o mesmo se dirá de qualquer outra invenção. Encadeado percurso que, por este tempo de Natal, podemos exercitar com as crianças. A título de exemplo, veja-se a importância do fabrico do papel e da imprensa e...o consequente progresso dessas aquisições até aos dias de hoje e aos SMS tão utilizados pelos jovens.. Experimentem, porque este será um tema inesgotável de conversa...

domingo, 20 de dezembro de 2009

Sin pan, sin lumbre


Nesta tarde fria fui transportada à Guerra Civil de Espanha (1936-39) por culpa de um programa da TVE. Memória de um tempo de penúria que, durante as décadas de 1940-50, lançou os espanhóis num quotidiano de miséria ilimitada.
Ao contrário das promessas do regime franquista, vivia-se em condições penosas "sem pão e sem aquecimento". Muitos querem que esse seja um tempo de "olvido", mas já a consciência histórica recusa esquecer. Em nome de um nacionalismo de autarcia sacrificou-se o povo que, em situação sub-humana, inventou meios e recorreu a uma "cozinha criativa" para enganar a fome. O passado desses homens e mulheres cruza-se com o testemunho de alguns portugueses da raia que também colaboraram com nuestros hermanos.

A peça televisiva apresentou as duas faces deste "comércio" na fronteira entre Trás-os-Montes e a Galiza, depoimentos de dois homens que assim souberam lutar e dar a volta à vida. Este é um entre muitos casos de contrabando de que guardo ainda velhas lembranças na década de 1950 quando aparecia um espanhol a vender perfumes...Maderas de Oriente e lenços de seda.
Entretanto, os tempos evoluíram. A guerra fria trouxe a "ajuda" dos Estados Unidos, em troca de acordos militares, e Franco abriu as portas à liberalização da economia. A Espanha desenvolvia-se: os os turistas afluíram em grande número e os portugueses fizeram dessas passagens para o "lado de lá" as suas viagens ao estrangeiro. Os preços e a variedade de produtos compensavam e para mais ainda havia caramelos da V. Solano e coca cola!.

Mas o contrabando haveria de continuar e, por vezes, por ridicularias pagavam-se direitos alfandegários. Outros tempos!

sábado, 28 de novembro de 2009

O Desejado


Tão desejado foi este Príncipe que, desde o século XVI, tanto interesse e curiosidade desperta. E é assim que historiadores, ensaístas e romancistas escrevem e continuam a escrever acerca de D. Sebastião e a sua época e...o público corresponde, lendo sempre...

O tema parece não estar esgotado como concluí da leitura de "O Desejado", de Aydano Roriz. Retrato de uma época de crise sucessória e em que a identidade de Portugal corria perigo até soçobrar na União Dinástica em 1580. Romance que atravessa a conjuntura dos Reinos Ibéricos no espaço europeu e do norte de África: a política e a economia obedecendo a atitudes e comportamentos próprios das mentalidades do tempo.
Interessante o enfoque dado pelo autor aos pormenores do quotidiano e que, de certo, fará as delícias do grande público. Transcrevendo excertos da sinopse de O Desejado, fica o convite à leitura...


"Trata-se do terceiro romance histórico do escritor baiano. Aqui ele se debruça sobre a figura de D. Sebastião de Portugal, rei aos três anos, morto aos 24 na batalha de Alcácer Quibir e que, transformado em mito, séculos mais tarde ainda vive no imaginário popular. (...)
O livro de Roriz além de tentar encontrar a resposta para a rápida decadência da nação lusitana, que por mais de um século foi o país mais rico e poderoso do planeta, apresenta-nos ainda todas as intrigas palacianas e diplomáticas que cercaram o histórico nascimento do filho da princesa D. Juana de Áustria, filha do rei Carlos V de Espanha, imperador do Sacro Império Romano-Germânico e do jovem e frágil príncipe D. João Manuel. Ele ainda nos fala da vida na Europa do século XVI, dos casamentos contratados entre as famílias reais e que visavam apenas a expansão e o domínio econômico das monarquias em detrimento da vontade dos povos dos diversos reinos, da perseguição aos judeus e das relações incestuosas freqüentes nas diversas cortes.
Relata-nos também episódios da vida e da prática médica do famoso mestre-físico português, Amato Lusitano, que, na ficção criada por Roriz, diagnostica uma rara patologia genética com a qual teria nascido o tão ansiado monarca. Aquele que afastaria de uma vez por todas o fantasma de ver-se Portugal incorporado à Espanha, desde que o rei D. João III, o Piedoso, não tinha mais qualquer herdeiro, a não ser seu neto espanhol nascido do casamento entre a princesa Maria Manuela e o outro filho de Carlos V, o futuro rei de Espanha, Filipe II. E assim, entre cenas picantes, práticas sexuais proibidas pela Igreja católica e factos menos conhecidos, como a volta de D. Juana para a Espanha, contando D. Sebastião apenas três meses e o auto exílio do poderoso imperador Carlos V no mosteiro de Yuste na serra de Gredos, o autor vai traçando um curioso e interessante relato de uma História que não se aprende nos livros oficiais."

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Tempo de Natal


Este dia chuvoso de Outono atira-me para a proximidade do Natal que, para mim, é uma época nostálgica por excelência. Disparate dirão alguns, mas que querem?! É sempre com algum esforço que vivo estes dias feitos de música e luz natalícias, onde o marketing alicia para a compra de presentes e mais presentes...

Sentimentos de uma certa tristeza que David Mourão Ferreira soube exprimir de forma admirável.


Ladainha dos póstumos Natais

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que se veja à mesa o meu lugar vazio

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que hão-de me lembrar de modo menos nítido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que só uma voz me evoque a sós consigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que não viva já ninguém meu conhecido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem vivo esteja um verso deste livro

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que terei de novo o Nada a sós comigo

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que nem o Natal terá qualquer sentido

Há-de vir um Natal e será o primeiro
em que o Nada retome a cor do Infinito

David Mourão-Ferreira, in "Cancioneiro de Natal"

domingo, 22 de novembro de 2009

Luís de Freitas Branco




A música de Luís de Freitas Branco e as imagens do Alentejo, uma sugestão para um fim de tarde.

Ser Alguém!

Definiu César toda a figura da ambição quando disse aquelas palavras: "Antes o primeiro na aldeia do que o segundo em Roma!'' Eu não sou nada nem na aldeia nem em Roma nenhuma. Ao menos, o merceeiro da esquina é respeitado na Rua da Assunção até à Rua da Vitória; é o César de um quarteirão. Eu superior a ele? Em quê, se o nada não comporta superioridade, nem inferioridade, nem comparação?

Fernando Pessoa (Bernardo Soares), Livro do Desassossego

sábado, 21 de novembro de 2009

Quitandeira de ontem e de hoje



Angola e Brasil, identidade cultural de um ofício

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Santo António...de Lisboa e de Pádua

Santo António pregando aos peixes, Guimarães (Internet )

Ninguém ignora a universalidade de Santo António. Duas cidades, porém, guardam uma memória especial do Santo: Lisboa e Pádua. Ambas com razões para disputar a sua "posse".

Na Descrição da Cidade de Lisboa não podia Damião de Góis omitir uma referência ao Santo mais popular da cidade que o viu nascer. Aí existia uma capela que, após o Terramoto de 1755, deu lugar à actual Igreja. A dignidade dessa construção adequa-se ao fluxo ininterrupto de devotos e turistas que, por vezes, visitam também o Museu Antoniano anexo.

Da obra de Damião de Góis transcreve-se uma espécie de registo de identificação do lugar-berço do Santo. Vale a pena ler.

"Perto da Sé, um pouco mais abaixo, para o Ocidente, atravessando uma praça, levanta-se a capela de Santo António, que chamam de Pádua. É obra de construção admirável e maravilhosa elegância, e fora outrora moradia dos pais do Santo, onde ele também nasceu e se criou.

Ufana-se a cidade de Lisboa por ser o berço de Santo António, e ufana-se com razão; porque ele, com aplauso do povo fiel, foi incluído no número dos santos, e porque Deus, confirmando, com o selo dos santos, e porque Deus, confirmando, com o selo dos milagres, o parecer unânime dos fiéis cristãos, fez que se tornasse conhecido do mundo inteiro o nome de António e que a sua memória fosse engrandecida e apregoada por toda a parte e por toda a gente.

Sobre a capela está a casa municipal ou cúria urbana, de cuja constituição e regime poderíamos contar muitas coisas notáveis, se isso não fosse alheio ao nosso propósito."

Regras de Vida


De manhã, antes de vestir-se, acenda incenso e medite.
Coma a intervalos regulares e deite-se a uma hora regular.
Coma sempre com moderação e nunca até ficar plenamente satisfeito.
Receba as suas visitas com a mesma atitude que tem quando está só.
E, quando só, mantenha a mesma atitude que tem quando recebe visitas.
Preste atenção ao que diz e, o que quer que diga, pratique-o.
Quando uma oportunidade chegar, não a deixe passar,mas pense sempre duas vezes antes de agir.
Não se deixe perturbar pelo passado. Olhe para o futuro.
A sua atitude deve ser a de um herói sem medo,mas o coração deve ser como o de uma criança, cheio de amor.
Ao retirar-se, ao fim do dia, durma como se tivesse entrado no seu último sono.
E, ao acordar, deixe a cama para trás, instantaneamente, como se tivesse deitado fora um par de sapatos velhos.

Soyen Shaku ( 1859-1919), mestre do Zen-budismo japonês.


Pudéssemos nós viver segundo estas regras de vida e, então, seria a felicidade!...

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Fotografia, boa e má...

Barco na Ria de Aveiro (foto de Manuel Ribeiro)


Olhando ao longe

Fazer uma boa fotografia é para mim uma miragem. Gostar, gosto. Vontade de aprender, tenho. Mas falta-me jeito e a técnica. Quero iniciar-me no digital, mas como se prova os resultados não são animadores. Talvez um dia publique alguma coisa de interesse, quem sabe?...

Enquanto isso, delicio-me com as fotografias de outros. Descobri um site muito bom que partilho convosco:http://www.olhares.com/.

Muro de Berlim

John Kennedy junto ao Muro


Muro de Berlim

Queda do Muro de Berlim, um acontecimento que todos os meios de comunicação assinalam. Uma data que registo, porque o tempo corre veloz e a memória dos homens é curta. Diga-se que o alcance dessa barreira física foi muito para além da divisão da cidade e dos seus moradores, representou um "muro ideológico" mundial.

Por isso, o Muro de Berlim marcou todas as gerações de alemães e não só. Lembre-se o impacto da declaração emocionada de John Kennedy: "Eu sou um berlinense" em 1963 aquando da sua primeira visita à Alemanha. Foi o despertar das consciências para a situação do Mundo em confronto ideológico, desse tempo das superpotências em guerra fria que se afrontavam em conflitos e guerras em pontos estratégicos do Globo...

A hora de mudança soou em 1989. Para trás ficaram muitas mortes, sofrimento e esforço daqueles que nunca desistiram de acreditar. E foram muitos. Daí a alegria desse dia 9 de Novembro em Berlim, derrubando o Muro...num sentimento feito de raiva e de esperança em dias melhores!

Dava (dá ) gosto ver (ou rever) o entusiasmo dos manifestantes naquela noite...

sábado, 7 de novembro de 2009

Tecnologia e Religião


Nada parece escapar à influência das novas tecnologias. A imagem do muezin que, do varandim do minarete, apela à oração é hoje um caso raro. Uma poderosa instalação sonora substitui a tradição e ninguém parece estranhar.

Também os católicos não ficam alheios a esta onda de modernidade. Ouvir o repicar dos sinos nem sempre significa a existência dos mesmos, especialmente nas igrejas mais recentes.
Mas os recursos tecnológicos não param aqui. Um simples toque de telemóvel pode accionar um sino distante como acontece numa aldeia próxima de Teruel em Espanha. À falta de sacristão ou de quem o substitua, o pároco dá um toque no telemóvel e os sinos tocam, chamando para a Missa. E, meia hora depois, o padre chega à igreja, onde os fiéis o esperam...

Timor-Leste

As possessões portuguezas na Oceania (1867)

"Este livro de autoria de Affonso de Castro, um capitão de infantaria do Exército Português que serviu como governador de Timor-Leste (actualmente Timor-Leste) no período de 1859 a 1863, é um dos primeiros estudos históricos desta antiga colónia Portuguesa. A obra é dividida em duas partes. A primeira parte examina a história de Timor Leste desde sua ocupação pelos portugueses no século XVI, e relata a conversão da rainha Mena ao Cristianismo e as disputas com os Holandeses na região. Na segunda parte do estudo, o autor examina as condições económicas, físicas e administrativas da colónia, incluindo a questão da fronteira, que foi resolvida por um tratado entre os Portugueses e os Holandeses em 1860, dividindo a ilha em duas metades."

Espreitar o site da Biblioteca Digital Mundial, satisfaz a nossa curiosidade até aos limites das obras já editadas. Desta vez, Timor-Leste e um pouco da sua História na segunda metade do século XIX.

Na época, conhecida como Regeneração, a política portuguesa confrontava os seus interesses coloniais com outros Estados, uma disputa pela hegemonia em África e no Oriente. Para Timor acordava-se, em 1860, a partilha entre holandeses e portugueses.

Lição de Esgrima

Johann Gottfried Schadow (1764-1850)
"Esta caricatura original, em pena-e-aguarela, mostra um pequenino e saltitante Napoleão lutando com um forte e dominador Gerhard Leberecht von Blücher, enquanto que um marinheiro britânico julga a disputa. Os participantes do duelo são apoiados por torcedores: a facção de Napoleão inclui generais franceses, enquanto que a de von Blücher inclui camponeses alemães e um cossaco russo. A caricatura satiriza as condições políticas da época. Após a retirada de Napoleão da Rússia, os estados germânicos, liderados pela Prússia, retomaram as guerras contra Napoleão. Na época em que a caricatura foi feita, incursões prussianas eram a principal ameaça à França e von Blücher era o marechal-de-campo que pressionou o exército prussiano a entrar na própria França. A obra é do artista prussiano Johann Gottfried Schadow (1764-1850). Embora mais conhecido como escultor, Schadow desenhou muitas caricaturas políticas durante a guerra. A aguarela é da Colecção Militar Anne S.K. Brown, na Biblioteca Universitária Brown, a principal colecção americana dedicada à história e à iconografia de soldados e da vida militar, e uma das maiores colecções mundiais dedicadas ao estudo de uniformes militares e navais."


A caricatura, vista como obra de arte ou apenas como ilustração de uma época, revela bem o sentir de um momento. Sabemos como o humor, parodiando uma figura ou uma situação, alivia tensões e acalma...
E quando o presente nada tem de aliciante, procura-se refúgio no passado. Aqui, a época de Napoleão que tanto sofrimento e destruição espalhou pela Europa.

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Rainha D. Amélia, recortes biográficos




Tomei a decisão de reproduzir este vídeo que me foi enviado por uma amiga. Para que não se apague a memória da Rainha D. Amélia...

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Revisitando a pintura holandesa

Pieter de Hooch

Representação da prosperidade na Holanda, em meados século XVII. Distinção e bom gosto na decoração da casa de uma família abastada que, posando para o retrato, revela os valores da burguesia do tempo. Sentados, os cavalheiros dispõem-se para tomar uma bebida que a anfitriã prepara. Atrás, a criada observa discretamente a cena.

Composição harmonicamente distribuída em planos que obedece com rigor ao "modelo". A preocupação pelo pormenor, a riqueza cromática e bom domínio na utilização da luz explicam o apreço pela pintura holandesa.

El sombrero de tres picos

Diz o povo que as conversas são como as cerejas ...e assim aconteceu hoje. Ainda a propósito do centenário dos Ballets Russes de Serge Diaghilev (1872-1929), ocorre-me uma série de personalidades ligadas à música, ballet, coreografia e pintura...e assim, percorrendo esse mundo das artes, chego até Manuel de Falla(1876-1946). Músico espanhol de uma geração marcada por Diaghilev.


segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Gripe, vacinação e prioridades...



Escolhi como notícia do dia: a prioridade dos funcionários dos partidos políticos na primeira fase de vacinação. Será uma decisão consensual?

domingo, 1 de novembro de 2009

Na Natureza nada se perde...

Na Natureza nada se perde, tudo se transforma... e o engenho humano pode ajudar no processo. Assim acontece com o lixo dos cemitérios quando as flores murchas cedem lugar a ramos floridos e vistosos. A partir da reportagem da RTP, fica-se a saber como é.

Trata-se de um projecto iniciado em 2004 e que envolve já 90 cemitérios do Grande Porto. Em datas-pico, como a de Finados, acumulam-se muitas toneladas de flores que entram na produção de um composto orgânico. Este fertilizante de grande procura é, em parte, canalizado para pomares e para as vinhas da região do Douro. E, ainda como que a a fechar o ciclo da Natureza, muito dele cumpre a sua função em jardinagem...

Por estes dias calcula-se que o principal cemitério de Gondomar produza de 8 a 11 toneladas de resíduos verdes, já devidamente separados. Comprova-se assim que os bons hábitos começam a multiplicar-se. Oxalá o exemplo sirva a outras unidades do País!

Dia de Todos os Santos




"Cuidamos que o céu, onde subiram os santos, está muito longe, e enganamo-nos: o céu não está longe, senão muito perto, e mais ainda que perto, porque está dentro de nós, e dentro do que está mais dentro, que é o coração. E que haja almas, e tantas almas, que tendo o céu dentro de si na vida, fiquem fora do céu na morte, e que podendo tão facilmente purificar o coração e ser santas, só porque não querem o não sejam? Se para amar a Deus e ganhar o céu houvéramos de atravessar os mares tormentosos e contrastar com todos os elementos, pouco era que se fizesse pela bem-aventurança certa do céu o que tantos fazem por tão pequenos interesses da terra; mas, tendo-nos Cristo tão facilitada a bem-aventurança, que entre a mesma bem-aventurança e o coração não haja mais que a condição de ser limpo: Beati mundo corde, e, podendo o mesmo coração alcançar essa limpeza em um instante de tempo e com um ato de amor, e de amor ao sumo bem, que não sejamos todos santos, e não queiramos ser bem-aventurados? "

Padre António Vieira, Sermão de Todos os Santos

Em Dia de Todos os Santos, por que não ouvir Benjamin Britten e o Padre António Vieira? Obras tão diferentes no tempo, mas nunca contrárias em espírito.

sábado, 31 de outubro de 2009

Corrupção é...


Disfarçados de santos ,
são corruptos de qualquer maneira ;
Pecadores e gotejantes e culpa ,
fazem dinheiro do lodo e da sujeira...
Desfilando suas barrigas
em torres de marfim ,
investindo nossas vidas ,
em esquemas sem fim

Sérgio Carvalho


A definição poética de corrupção (retirada da Internet ) aplica-se bem ao novo escândalo, Face Oculta: um "grande polvo" que ameaça estender os tentáculos até muito longe. E ainda mal começou a investigação de um processo que, se calhar como tantos outros, vai arrastar-se por anos...

Muita tinta há-de correr em páginas e páginas de grossos dossiers, mas nada disso chegará para condenar alguém. Deste megaprocesso espero o costume: arquivamento... Não é assim a justiça em Portugal?

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

Museu Nacional do Teatro

Francisco Gomes de Amorim, auto-retrato

Os objectos existem em função do homem. Uma casa, uma peça de mobiliário, um quadro, uma jóia, uma peça decorativa...tantas as coisas a que nos afeiçoamos. E tanto assim que, muitas vezes, algumas pessoas manifestam interesse em candidatar-se à herança de tais bens de estimação.

O tempo encarrega-se de provar que nem sempre é linear o percurso das coisas...

Dos pequenos objectos perde-se o rasto, mas já não assim das peças de mais valor. Qualquer museu esconde um rol de estórias à volta de uma, duas..., de um sem número de peças. Hoje no Museu do Teatro em Lisboa, "conheci" uma cadeira do século XVIII que, tal Nau Catrineta, tem muito que contar. Pertenceu a Almeida Garrett.

Assento majestoso e confortável que o escritor e promotor do teatro não dispensava. Francisco Gomes de Amorim (1827-1891), que compartilhava com ele os ensaios e representações no Conservatório, afeiçoou-se de tal maneira à dita cadeira que, muitas vezes, deixava escapar o desejo de vir a herdá-la. Mas nestas coisas de heranças nem sempre o que parece é. Esquecido no Testamento, Gomes de Amorim não desistiu. Preparava-se para a licitar em leilão, mas quis o destino trocar-lhe, outra vez, as voltas e a cadeira acabou arrematada por D. Fernando II ( 1819-1885).

Dizia alguém que as coisas vão sempre ao encontro de quem as ama. E assim foi quando a segunda esposa de D. Fernando II, Elise Hensler (condessa de Edla), satisfez o desejo que Gomes de Amorim havia perseguido durante anos. Mas já pouco desfrutou a cadeira que depois deixaria em testamento ao Conservatório Nacional. Por sua vez, os responsáveis desta instituição decidiram ofertá-la ao Museu do Teatro, o lugar mais adequado à admiração do grande público. E aqui fica a estória de uma célebre cadeira...

Nota: Para saber mais acerca de Francisco Gomes de Amorim:http://pt.wikipedia.org/wiki/Francisco_Gomes_de_Amorim

Dia mundial da terceira idade


28 de Outubro, Dia Mundial da Terceira Idade. Decisão da ONU que assim pretende chamar a atenção do Mundo para a situação financeira, social e afectiva em que vivem as pessoas desta faixa etária.

Os media debitam números que remetem para os dois primeiros aspectos. E cumprem muito bem a sua função, alertando a sociedade para casos chocantes. Por mim, realço a afectividade e a sua importância para a vida. Dos idosos e não só. O afecto de uma palavra, de um gesto de ternura, de uma mão na mão...

Ainda há espaço para a poesia! De Carlos Drummond de Andrade, "Mãos Dadas".

Mãos dadas

Não serei o poeta de um mundo caduco.
Também não cantarei o mundo futuro.
Estou preso à vida e olho meus companheiros
Estão taciturnos mas nutrem grandes esperanças.
Entre eles, considere a enorme realidade.
O presente é tão grande, não nos afastemos.
Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.
Não serei o cantor de uma mulher, de uma história.
Não direi suspiros ao anoitecer, a paisagem vista na janela.
Não distribuirei entorpecentes ou cartas de suicida.
Não fugirei para ilhas nem serei raptado por serafins.
O tempo é a minha matéria, o tempo presente, os homens presentes,
a vida presente

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Acerca das declarações de Saramago


A forma como Saramago vê a Bíblia gerou um coro de vozes discordantes. À direita e à esquerda, muitas foram as críticas. Sem intenção de alimentar polémicas, anoto uma delas.
Daniel Oliveira, militante do Bloco de Esquerda e comentarista do Expresso, analisa o assunto de forma objectiva e pertinente. Desse artigo, Evangelho de um Primário, publicado no passado sábado, transcrevo um excerto.


"A religião, os seus fundamentos e os seus livros merecem tanto respeito como qualquer outra coisa na terra, nem de menos nem de mais.

Não é, por isso, a falta de respeito que me incomoda nas declarações de Saramago sobre a Bíblia ( e nem os apelos a que renuncie à nacionalidade portuguesa).Muito menos a mim, ateu de pai e mãe razoavelmente anticlerical. É o primarismo. Como reduzir um conjunto de textos tão complexo e contraditório a "absurdos" e "disparates"? Como pode um escritor resumir assim aquela que foi a fonte de inspiração de milhares de textos literários (até os dele), composições musicais ou obras de arte? Como se pode falar de um "manual de maus costumes" quando se fala de textos ( dos tão diferentes Antigo e Novo Testamento ) que contêm em si o melhor e o pior da humanidade, toda a crueldade e generosidade , toda a vingança e perdão? Como pode alguém que escreve sobre a nossa história comum descer ao mais baixo dos anacronismos históricos?

O primarismo está a transformar-se num ar do nosso tempo. É ele que que faz crescer os fundamentalismos religiosos e as leituras literais da Bíblia e do Corão. E o primarismo atrai primarismo. Cria um manto espesso de intolerância e ignorância, de estupidez e incomunicabilidade. No tempo da frase curta, da declaração bombástica, do escândalo sem sentido da história, o primarismo é mais forte do que qualquer ideia. O que é extraordinário é que seja eu, um colunista da espuma dos dias, a dizê-lo a propósito de um escritor, que tem outro tempo para respirar, que pode ir muito além do espectáculo da polémica fácil. "

Pássaro de Fogo




Gosto da terça-feira, o dia de evasão... pela música, bailado, pintura e outros caminhos...
Hoje, a propósito do centenário do Ballet Russo de Serge Diaghilev, lembro O Pássaro de Fogo.


Nota - Se quiser saber mais, clic no título desta mensagem

domingo, 18 de outubro de 2009

RTP faz História...

O Telejornal fez 50 anos, uma página noticiosa que, embora de "cabelos brancos", continua a agradar. E, Deus meu, quanto tempo passou já desde os tempos primitivos do preto e branco, imagem esquecida ou nunca vista por muitos, porque o actual modelo apresenta-se colorido, sofisticado e com modernas tecnologias...

Progresso e mais progresso ao serviço da actualidade que, passo a passo, transformou os dias em anos, décadas ...até perfazer meio-século. Muito tempo na vida de uma pessoa, mas que, em termos históricos, não vai além de uma duração média. Deste confronto entre os acontecimentos e registos da Televisão com o tempo da História emerge um manancial de imagens que guardo desde os tempos da criança.

Pensava nisto esta noite quando "velhos rostos" dos primórdios da televisão colaboraram na apresentação do Telejornal. Um toque de nostalgia neste encontro inter-geracional que foi bom de ver, recordações de acontecimentos, ambiente de trabalho e de camaradagem...

Do cruzamento das instituições com o percurso das nossas vidas se faz e se vive a História. Daí a grande responsabilidade da RTP que guarda um espólio riquíssimo, memória das últimas décadas do Estado Novo, do 25 de Abril e da implantação da Democracia até aos nossos dias... fenómenos e acontecimentos da História de Portugal que se entrelaçam com a História Global!

sábado, 17 de outubro de 2009

Projectos e mais projectos...



Muitas vezes somos levados a pensar na morte e em tudo aquilo que ainda gostaríamos de fazer e de conhecer. Listas inumeráveis de lugares e pessoas interessantes, espectáculos e experiências ainda não vivenciadas, espaços quase intocados pelo homem, a Natureza e a obra humana enquadrada por grandes monumentos e pequenas obras de arte...

Ao relembrar a lista (ou listas ) das "coisas ainda por fazer", concluí que isso varia com as circunstâncias do meu eu: a idade, a nacionalidade, a formação pessoal, os interesses culturais e o momento histórico. Afinal, mais do que um passatempo divertido, tais projectos traduzem o meu instinto de sobrevivência, a ideia de um sentido para a vida.

Tantas coisas ainda por viver... de entre elas, cito apenas um pôr-do-Sol em Ceilão e um espectáculo de teatro ou de música no teatro do Epidauro!..

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Maité Proença, ignorante e...




A Televisão portuguesa passou e todos ficámos a saber como é "culta e educada" esta actriz de telenovela que também quis aventurar-se pelos caminhos da escrita. Pensava nela quando esta tarde visitei o Mosteiro dos Jerónimos...uma maravilha artística que ganha mais beleza em dias luminosos como o de hoje.

Registo o vídeo que testemunha a causa da indignação dos portugueses. E nessa conta de "indignados e ofendidos" também entro, porque não descortino a mínima ponta de graça a tais observações acerca desta "gente esquisita" ( que são os portugueses) e da sua terra. Tantos disparates: "vilazinha" de Sintra, "pátio" ( em vez de claustro) do Mosteiro dos Jerónimos, "pinheiros" (ciprestes ), Salazar e os "vinte anos" de governo... Um modelo de reportagem que atingiu o máximo com uma cuspidela no claustro!

Espanta ver tanta inteligência, cultura e educação concentradas!... Sem mais comentários!!!!

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Cristovão Colombo




12 de Outubro de 1492, Cristóvão Colombo iniciava a abertura aos europeus de um novo e rico continente que, mais tarde, tomaria o nome de América.

Muitas actividades e manifestações marcaram a passagem do 5º centenário da descoberta da América. Por hoje a minha escolha recai em "A Conquista do Paraíso", um filme que vale pela música de Vangelis.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Irving Penn





















De Irving Penn, porque é dele que falamos, regista-se uma amostra da sua obra. Fotografias de famosos: Pablo Picasso, Truman Capote, Brigitte Bardot, Kate Moss, Nicole Kidman.

Lembrando Seurat

Para mim a arte ameniza o quotidiano. Forma de evasão que, tal como a música, me transporta a outros espaços e a outras épocas...

Falando de fotografia digital, esta manhã lembrei-me de Seurat e do pontilhismo: uma técnica inovadora de luz e de cor que associei à nitidez dos pixels de uma foto. Veja-se a imagem que remete para esse ambiente natural que tanto agradava aos impressionistas...

Hoje também é notícia a morte de Irving Penn, aos 92 anos. Fotógrafo brilhante que fez uma carreira ligada à moda e a grandes personalidades do século XX. Nomes da cultura e da política, gente famosa do mundo do espectáculo, das artes e da vida social posaram para este Artista-fotógrafo. Ficou (fica ) o registo...esse é o dom da fotografia, captar o momento!...

terça-feira, 6 de outubro de 2009

O Grande Ditador




Imagens bem datadas (1940) de um filme: retrato de um tempo marcado pela opressão dominadora da máquina e das ideologias. Aqui, Chaplin retoma e desenvolve Tempos Modernos, trabalhando de forma assertiva e plena de humor uma realidade que corresponde às vivências sofridas pelos povos oprimidos que lutam pela liberdade. Tal é o tema de O Grande Ditador.

Por isso digo que é urgente rever este filme, particularmente quando a desumanização parece ter regressado ao mundo empresarial com a anuência das elites políticas. No Discurso Final perpassa o elogio da democracia e dos direitos do homem. tudo motivos bastantes para fazer do filme um caso bem sucedido para o conhecimento do passado e, partindo daí, compreender o presente. Afinal é essa a função da História!

Haydn, Surprise




Surpresas...sempre gostei de surpresas!
E porque a alegria anda de mão dada com a música, fica a lembrança de uma agradável surpresa: Haydn!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Beethoven, a velhice e a China




Apetece-me falar do dia 1 de Outubro como uma data recheada de memórias: efemérides, acontecimentos e personalidades.

Desde 1975 festeja-se o Dia Mundial da Música que assinalo aqui com a Nona Sinfonia de Beethoven. Obra composta em 1824 e que o cinema transpôs para a tela com lindas imagens de amor...

Hoje comemora-se também o Dia Internacional do Idoso. Desconheço o motivo desta opção que, devo dizer, considero uma feliz coincidência. Pois se a música serve como forma de extravasar sentimentos, nada melhor que casar a "música e a velhice".

Finalmente, a data de um acontecimento que marcou o século XX: 60º aniversário da proclamação da República Popular da China. Ausente aqui é o romantismo, como se conhece desta revolução feita de sangue e que, desde 1949, continua a coartar a liberdade de um povo. No entanto, a propaganda criou também imagens poéticas do regime e de Mao, o "grande timoneiro"...

De três comemorações tão diferentes, será possível encontrar pontos comuns? É só tentar um exercício de memória, tomando como fio condutor a música... Experimentem!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

O Elefante Solimão


Da Índia veio o elefante que muito deu que falar. Meses de uma viagem longa para uma curta estada em Lisboa, onde houve por nome Salomão. Logo decidiu el-Rei ofertá-lo a Maximiliano II da Áustria, privando os portugueses desse animal exótico que tanta admiração causava. Nada mais restava a Salomão que preparar-se para mais uma longa jornada, calcorrear montes e vales através de meia-Europa até atingir o seu destino. E assim aconteceu, porque "sempre chegamos ao sítio aonde nos esperam"...

Deste episódio saíu a "história" que José Saramago compôs em A Viagem do Elefante. Criatividade, ironia e capacidade crítica num pequeno livro agradável de ler, mesmo para os mais renitentes em admirar o Autor. A "estória" do elefante Solimão, assim renomeado pelo imperador para simbolizar o domínio sobre os Turcos de Magnífico, recordei-a esta tarde no Museu de Arte Antiga quando visitava a exposição Portugal e o Mundo nos séculos XVI e XVII.

Cerca de dois anos depois de entrar em território imperial, Solimão morreu. Grande pesar causou esta perda. Mas logo o sentido prático dos homens avançou para a "reciclagem", esclarecendo Saramago que as patas serviram para suporte de bengalas e bastões. Antecedendo assim o princípio que deu fama a Lavoisier, seguia-se a regra de tudo transformar. E dele mais ainda se fez um banco com as armas de Maximiliano II. Do Guia da Exposição transcrevo a nota.

" A história deste curioso banco está ilustrada e inscrita no seu próprio assento, uma omoplata de elefante. Numa das pernas do banco figuram os brasões de armas da Áustria e de Espanha, símbolo da aliança matrimonial do sacro imperador romano com Maria, sua prima e filha de Carlos V, e numa outra surge o brasão de Maximiliano, rodeado pelo colar da Ordem do Tosão de Ouro."

Posto isto, restava o marfim. Que caminho levou essa matéria-prima ? Algumas peças expostas seriam oriundas de Solimão?

domingo, 27 de setembro de 2009

Os Segadores



Continuo fã do youtube, onde a escolha se torna difícil!
Vídeo sobre pintura: Julien Dupré que viveu no século XIX. O naturalismo das cenas da vida rural de outrora. Outros tempos!...

Votar, o que é isso?

Não resisti e copiei a foto do dia como o Sapo lhe chama. A menina, cerca de 2-3 anos, olha atenta por debaixo da mesa de voto. Enquanto isso a mãe exerce o seu direito ( e dever ) de votar.

E depois, será que a menina não fez perguntas? Por exemplo, "O que é isso de votar?"
Cresce e, mais tarde, compreenderás!...

O Padrinho


Apetecia-me uma tarde de cinema. Lembrei-me de O Padrinho e daí a repescagem da foto de Marlon Brando e de uma nota informativa sobre a realização do filme. É assim para que não se perca a memória de uma grande obra cinematográfica.

"The Godfather (O Poderoso Chefão), é um filme americano de longa-metragem de realizado em 1972, dirigido pelo cineasta Francis Ford Coppola, baseado em um romance homônimo de Mario Puzo. O roteiro da versão cinematográfica foi elaborado a partir da adaptação do livro pelo próprio Puzo, acompanhado de Coppola. (...)

No fim dos anos 60 a Paramount contratou Mario Puzo para escrever um roteiro. O escritor então resolveu contar a história de uma família de mafiosos. Achando que não obteria êxito em um filme sobre mafiosos naquele momento, a Paramount resolveu não filmar o roteiro. Daí Mario Puzo lançou-o em forma de livro, que, em pouco tempo, se tornou um best-seller. Dia após dia sua popularidade crescia, e cresceu tanto a ponto da Paramouont começar a ter interesse em produzir um filme baseado no romance de Mario Puzo. (...)

No princípio Coppola queria Marlon Brando para o papel de Don Vito Coeleone, mas sua má reputação como ator irresponsável, imaturo e demasiadamente polêmico, dificultavam a aceitação da idéia de Coppola. Se já era difícil colocar um ator conhecido como Marlon no filme, a intenção de Coppola de entregar ao desconhecido Al Pacino o papel de Michael Corleone não foi sequer considerada. Após Brando e Pacino fazererm testes por sua própria conta, foram finalmente aceitos.



Sinopse

O filme inicia no casamento de Constanzia "Connie" Corleone. Durante o casamento, Don Vito Corleone atende velhos conhecidos e amigos, que vêm até ele para pedir favores ou ajuda, já que um italiano não pode recusar algo no dia do casamento de sua filha. Um destes é um velho agente funerário italiano, Amerigo Bonasera, cuja filha foi estuprada, espancada e invalidada. Os rapazes que fizeram isso com a jovem foram capturados e se submeteram a julgamento, mas foram soltos no mesmo dia. Agora ele quer justiça. Após longas conversas, Don Vito sai para apreciar a festa de sua filha e tirar a foto da família, porém se recusa a fazê-lo até a chegada de Michael, o seu filho preferido, e que mais tarde se tornaria o novo chefe.

Agora a família vê a chance de ganhar mais dinheiro do que jamais teve, ingressando no negócio do narcotráfico, proposto por Virgil Sollozzo, ”O Turco”. Porém Don Corleone não acha que seja certo, ético e muito menos fácil entrar nesse negócio. Ele acredita que seus subornados (senadores, agentes policiais e juízes) não iriam aceitar esse negócio com facilidade por ser um negócio arriscado demais, além de extremamente ilegal. Mas o Turco não vai deixar sua oportunidade de fazer milhões de dólares fáceis escapar assim de mão beijada.

O Turco consegue o apoio da Família Tattaglia para seu plano, e para pô-lo em prática decide que não pode haver Don Corleone. Um atentado à vida de Don Corleone é planejado, e ele é atacado enquanto volta para seu carro. Vito abatido, agora está no hospital se recuperando, mas Sollozzo não gostou de saber que ele não está morto e planeja um ataque surpresa. Michael chega ao hospital antes do ataque e muda seu pai de quarto. Michael encontra Enzo, o padeiro, subindo as escadas do hospital, e manda-o descer: eles fingem ser guardas para proteger o Don. Sonny manda homens para proteger o pai, mas pede a Michael que segure a barra até eles chegarem. Michael impede que os policiais entrem mas leva um soco na cara, de um policial cúmplice da família Tattaglia.

Agora que já se sabe do atentado, os Corleone vão tentar atacar os Tattaglia. Michael marca um encontro com o policial e Sollozzo. No local marcado Michael pega uma arma e tira a vida dos dois. Agora começou a guerra das Famílias e Michael se vê obrigado a fugir para a Sicília. Lá conhece e se casa com Apollonia, uma siciliana virgem. Michael vive feliz com ela e até deixa de querer voltar à América. Mas um atentado à vida de Apollonia o faz voltar.

De volta, Michael reencontra Kay, sua antiga namorada, e resolve se casar com ela. Depois assume o controle da Família e põe um fim à guerra, pegando todos os traidores e cúmplices, assassinando-os a sangue frio.


Principais intérpretes
Marlon Brando... Don Vito Corleone
Al Pacino .... Michael Corleone
James Caan .... Santino "Sonny" Corleone
John Cazale .... Fredo Corleone
Talia Shire .... Connie Corleone
Robert Duvall .... Tom Hagen
Andy Garcia....Vicenzo Corleone
Sterling Hayden .... capitão Mark McCluskey
John Marley .... Jack Woltz
Richard Conte .... Emilio Barzini
Al Lettieri .... Virgil Sollozzo
Diane Keaton .... Kay Adams
Richard S. Castellano .... Peter Clemenza
Abe Vigoda .... Salvadore "Sal" Tessio
Gianni Russo .... Carlo Rizzi

Principais prêmios e nomeações
Oscar 1973 (EUA) "


mario.capelluto@terra.com.br
http://www.sabercultural.com

De verde e mar


António Comonian, pintor brasileiro

A velha árvore plantada à beira-mar leva-nos até onde pode a imaginação...Do mar e da sua lonjura navegando sempre até terras nunca vistas...

Imagens do passado e de um futuro que se quer novo, mas enraizado em valores perenes...

Van Gogh




Num sábado quente de Outono (que ainda cheira a Verão), o youtube recomendou-me este vídeo: a pintura de Van Gogh.
Puro deleite ou evasão?! Um indiscutível tributo ao Artista que continua a alegrar os nossos dias...

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Haydn



F. J. Haydn morreu em 1809. Duzentos anos passados e este compositor genial continua a encantar-nos. Homem simples que antepôs o gosto pela música às honras do mundo.
A sua música "ouve-se" a todas as horas, em todos os momentos da nossa vida. Basta saber escolher!

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Umberto D


Esta tarde, ao sair na Baixa-Chiado em direcção à Rua da Vitória, deparei com a projecção de uma sequência de Umberto D, um filme de Vittorio de Sica que marcou o cinema italiano do pós-Guerra.

Para compreender o enquadramento histórico-social do filme basta clicar no título desta mensagem. Por aí se percebe a inclusão de Umberto D na lista das melhores obras do cinema clássico italiano. Clássico, porque intemporal. E hoje, que mudados estão os tempos, persistem os mesmos problemas sociais...

segunda-feira, 21 de setembro de 2009

Maquiavelismo e suspeição

Maquiavelismo, suspeição e falta de ética, assim se caracteriza o actual momento político. E porque o futuro não se vislumbra melhor, os portugueses andam calados e tristes.

Está instalada a desconfiança entre responsáveis políticos e isso obsta ao entendimento e paz social necessários à governação. E falhando a credibilidade naqueles que nos governam, a esperança esfuma-se até atingir o ambiente de crise rumo à depressão colectiva.

Agora que se aproxima a data das eleições, pede-se um período de tréguas. E depois de 27 de Setembro, poder-se-á acreditar que tudo irá ser esclarecido?

Sobre a análise desta crise institucional, transcrevo um excerto do comentário de Ricardo Costa, publicado no Expresso de sábado. Tudo fica claramente dito.

"Caso alguém se tenha esquecido, a história das escutas (ou vigilância), a que o expresso chamou "Sillygate", começou no início de Agosto. Nessa altura, o Presidente e o primeiro-ministro só tinham uma coisa a fazer. Falar aos dois directamente sobre o assunto. , tomar as medidas necessárias, investigar o caso aparte a parte, tirar as respectivas consequências e explicar o caso ao país. Mas não fizeram nada disso.
Cavaco e Sócrates deixaram o cortejo seguir rumo ao precipício. É lá que estamos metidos agora. Para todos o efeitos, uma parte dos portugueses acha que o governo vigia os movimentos do Palácio de Belém. Outra parte acha que a Presidência da República quer queimar José Sócrates a todos o custo. Há quem ache as duas coisas e quem não ache coisa nenhuma. Mas não deve haver uma alma no burgo que ache que isto é normal.
Ou muito me engano ou este caminho não tem recuo. Neste momento José Sócrates já decidiu que vai fazer tudo para apear Cavaco Silva de Belém. E está mais que disposto a engolir Manuel Alegre como candidato conjunto do PS, do Bloco e do PCP, cujo candidato vai desistir na véspera das presidenciais. E Cavaco está decidido em arrumar José Sócrates numa página irrelevante da História. E nós, temos mesmo que assistir a isto?"

domingo, 20 de setembro de 2009

Canto do rouxinol




Que bem que se está no campo, escutando os sons da natureza.
Também em Lisboa é possível ouvir o rouxinol. Experimentem a Quinta das Conchas, de manhã cedinho.

sábado, 19 de setembro de 2009

Portugal ingovernável?

Portugal ingovernável? Optei por um título interrogativo, esperando que a realidade contrarie os prognósticos de comentadores políticos. Infelizmente não é apenas a opinião de experts, mas também do povo comum. Vozes de gente anónima que, fustigada pela vaga de "arruadas" ( palavra tão repetida nestas campanhas), reage com alguma irritação ao apelo dos leaders partidários. Que façam uma coligação para combater a crise, foi a resposta de um cidadão de rosto cansado que, sem receio de "passar" na TV, desafiava os políticos a trabalhar pelos reais interesses do país...

Enquanto isso, prossegue a campanha eleitoral. Campanha que bem poderia ser "alegre"e se transformou numa campanha dura e insultuosa sem respeito pelos outros. Triste espectáculo da democracia e que mau exemplo para os mais novos!...

sexta-feira, 18 de setembro de 2009

Retratos de Mulher




Ao longo de quinhentos anos retrata-se a beleza feminina. É um percurso feito por diferentes artistas e escolas que "viram" a mulher: rostos expressivos (alguns não tanto) que merecem ser admirados.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Sob o espectro do racismo

O racismo existe e nenhum país está isento. Fenómeno em estado latente em certos casos, e noutros, de forma brutal.
No ano em que os Estados Unidos elegeram um presidente "diferente" pela cor da pele, a sociedade americana ainda não se libertou de preconceitos racistas. Longo foi o caminho percorrido até ao dia que permitiu a um jovem mestiço estudar numa boa escola superior. Conquistado o diploma, Barack Obama pôde então sonhar com um um alto cargo político. E o sonho materializou-se quando o senador ascendeu a presidente.

O Mundo rejubilou com a eleição que, no entanto, não correspondia a uma unanimidade interna. Obama sabia e nós também. E, pouco a pouco, os malentendidos vão surgindo. A sensibilidade de Obama manifestou-se há poucos meses a favor de um negro que desrespeitou a polícia e agora a notícia remete para a animosidade de um congressista branco.


"Acho que boa parte da intensa demonstração de animosidade em relação ao presidente Barack Obama é baseada no fato de que ele é negro, é afro-americano", afirmou Carter, 84 anos, ao canal NBC.

"Eu morei no sul e vi o sul cruzar um longo caminho. Mas a tendência ao racismo ainda existe e acho que voltou à superfície por causa da crença de muitos brancos, não apenas no sul, mas como em todo o país, de que afro-americanos não são qualificados para liderar este grande país".
"É uma circunstância abominável, e me entristece e preocupa profundamente", acrescentou Carter.

As declarações de Carter foram feitas uma semana depois de um congressista republicano, Joe Wilson, ter chamado Obama de mentiroso em voz alta para protestar contra sua política relativa à reforma do sistema de saúde.
Na Espanha, onde apresenta seu livro "La Isla bajo el mar", Isabel Allende afirmou que a oposição a Obama revela um racismo oculto do qual não se fala.
"A eleição de Obama foi uma coisa fascinante, mas há muito racismo subliminar, oculto neste momento nos Estados Unidos na oposição a Obama", disse a escritora.
"Nunca se menciona a raça, mas há um elemento racista muito forte, do qual não se fala muito, mas existe, já que há muitas pessoas, principalmente mais velhas, de direita, que foram criadas num país segregado, muito racista, e a ideia de ver uma família como a de Obama na Casa Branca os irrita profundamente", acrescentou.

Allende, de 67 anos, apresentou "La isla bajo el mar", um romance sobre uma escrava negra na Saint Domingue (atual Haiti) do século XVIII.

In Google, Notícias, 16 de Setembro